Igor Marcondes é flagrado em antidoping com mesma substância de Bellucci
A Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês) comunicou hoje que o brasileiro Igor Marcondes, de 20 anos e atual número 772 no ranking mundial, está suspenso provisoriamente após ter sido flagrado em um exame antidoping realizado no dia 8 de março, durante um torneio da série Future na cidade de Loulé, em Portugal.
A substância encontrada pelo laboratório de Montreal foi a hidroclorotiazida, que faz parte da seção de diuréticos e agentes mascarantes na lista da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês). A hidroclorotiazida também foi a substância responsável pelo doping de Thomaz Bellucci, que foi suspenso por cinco meses.
A suspensão provisória – e voluntária – de Marcondes começa a contar do dia 21 de maio de 2018, e o período será creditado da punição definitiva se, ao fim do julgamento, Marcondes for punido definitivamente.
Entrei em contato com Marcondes, que preferiu não falar sobre a questão. Em vez disso, mandou uma declaração pronta por meio de sua assessoria de imprensa, dizendo que recebeu o comunicado da ITF no dia dia 21 de maio. "Tão logo recebi a notificação da ITF, parei de tomar o suplemento que havia adquirido pela farmácia manipuladora, com prescrição médica, e me dispus a colaborar com as investigações da ITF e voluntariamente a parar de jogar até que as mesmas sejam concluídas."
Outra frase de Marcondes no comunicado diz que "certamente, foi uma contaminação cruzada da farmácia manipuladora e no momento já enviamos minha defesa em conjunto com meu advogado para tão logo resolver esse caso para que eu possa voltar a jogar o quanto antes." Fica claro que o tenista de Caraguatatuba vai usar a mesma defesa de Bellucci.
O release também traz uma frase de Bruno Vasconcellos, advogado responsável pela defesa de Marcondes. Ele diz que Marcondes "apresentou defesa no ultimo dia 29 de maio, negando o uso de substância proibida. A defesa se baseia substancialmente no fato de que o exame da ITF encontrou apenas 20 nano partículas de hidroclorotiazida, quantidade esta indicativa de contaminação cruzada por ser demasiada baixa."
Ainda segundo o comunicado, Marcondes enviou no dia 29 de maio as cápsulas para análise em laboratório indicado pela ITF.
O caso Bellucci
Thomaz Bellucci foi flagrado no ATP de Bastad, em julho do ano passado, e condenado a cinco meses de suspensão. A defesa apresentada pelo paulista alegou contaminação cruzada em um multivitamínico. A equipe do brasileiro enviou frascos do produto (alguns abertos, segundo o relatório da ITF, e um lacrado, segundo a assessoria do tenista) para análise em um laboratório nos EUA e até mesmo ao laboratório de Montreal, Canadá, credenciado pela Wada. Segundo a assessoria de imprensa do tenista, ambos comprovaram a contaminação em diversos frascos.
Bellucci também se submeteu a exames de urina e cabelo fora do Brasil para provar que não usou nenhuma substância proibida para melhora de performance ou drogas sociais. Os resultados foram negativos, e a entidade aceitou a alegação de que o consumo foi não intencional e não houve melhora de performance. Por isso, a punição branda de apenas cinco meses fora do circuito.
Coisas que eu acho que acho:
– É uma pena que Marcondes não tenha topado falar sobre o assunto. Num caso de doping, esconder-se atrás de assessores de imprensa e advogados não ajuda a imagem de ninguém. Afinal, se ele se considera inocente, o que o impede de falar abertamente sobre o assunto? Ou será que ele não tem resposta para as perguntas que podem ser feitas?
– Em uma entrevista recente, Marcondes me disse que admirava muito Thomaz Bellucci. Pois seu ídolo, diante da mesma situação, convocou coletiva e deu a cara a bater. Contou sua história aos jornalistas e respondeu, uma a uma, as perguntas que lhe foram feitas.
– Eu sempre escrevo (ou aqui ou no Twitter): profissionalismo é mais do que entrar numa quadra e jogar tênis por prêmio em dinheiro. É tratar o esporte como profissão, seja atendendo fãs, dando entrevistas ou cuidando da alimentação. Ser esportista profissional, acima de tudo, é saber que sua atividade é pública e gera interesse público. Quem chega ao circuito – ITF ou ATP – sem consciência disso precisa ser mais bem orientado.
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