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Saque e Voleio

Rafter: a classe voltou

Alexandre Cossenza

15/01/2014 08h17

Durou pouco mais de uma hora. Uma hora mágica. Por 73 minutos, Patrick Rafter esteve de volta ao tênis profissional. Ele, seus voleios precisos, seus saques cheios de top spin, sua postura exemplar. Rafter e seu compatriota Lleyton Hewitt jogaram juntos a chave de duplas do Australian Open e por pouco não venceram. O sul-africano Raven Klaasen e o americano Eric Butorac, duplistas de ofício e no ritmo do circuito, levaram a melhor por 6/4 e 7/5.

E daí? Por 73 minutos, eu tive Pat Rafter de volta na minha TV. E ter Pat Rafter em atividade, ainda que por tão pouco tempo, significa ser lembrado de todas as qualidades do tênis. Honestidade, esportividade, combatividade, agressividade e … classe! Mais do que tudo, o ex-número 1 do mundo tem classe. Na forma de jogar, no jeito de agir, ganhando ou perdendo.

Durou pouco, eu sei. Também sei que já escrevi isto na primeira frase do texto. Mas era Patrick Rafter, pô. Como não passar uma horinha vendo o homem jogar e não voltar ao fim da década de 90? Nada a ver com a Coopers Pale que eu tinha na mão na hora, mas como vê-lo em quadra sem imaginar como seria se Rafter disputasse ao menos uma meia dúzia de torneios de duplas por ano? E não me digam que ele joga torneio de veterano. Não conta. É outro ritmo, outra intensidade.

Nesta quarta, Rafter mostrou que conseguiria jogar no circuito de hoje. Até porque nem é, aos 41 anos, o tenista mais velho da chave do Australian Open. Mas o homem tem família, sua vida é outra agora. Não dá para exigir um retorno. Dá, no entanto, para imaginar como que seria, lembrar como foi… O que não dá é para negar que, com a pouquíssima variação do circuito hoje em dia e a classe de Rafter em extinção, o jogo de hoje durou pouco. Muito pouco. No bom sentido.

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Vitória na volta

Outro jogo marcante desta quarta-feira teve em quadra o britânico Ross Hutchins, que foi diagnosticado com um câncer no sistema linfático em dezembro de 2012. Depois de submeter-se a tratamento com quimioterapia, Hutchins disputa seu primeiro Grand Slam desde o US Open de 2012.

Ele e seu parceiro, Colin Fleming, derrotaram Marinko Matosevic e Michal Przysiezny por 4/6, 6/4 e 6/0. Foi sua primeira vitória no circuito desde o retorno. Até a estreia em Melbourne, a parceria britânica somava derrotas nas primeiras rodadas dos ATPs 250 de Brisbane e Aukland.

A quarta-feira também foi boa para Bruno Soares. Ele e Alexander Peya, cabeças de chave número 2, aplicaram duplo 6/4 em cima de André Sá e Feliciano López. Na próxima rodada, Soares e Peya vão encarar Mahesh Bhupathi e Rajeev Ram.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.