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Saque e Voleio

Afiados na hora de somar

Alexandre Cossenza

11/01/2014 06h58

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Duas semanas, três finais e um título. No primeiro torneio da temporada 2014, Bruno Soares e Alexander Peya foram vice-campeões do ATP 250 de Doha, superados apenas por um inspirado Tomas Berdych e seu parceiro, Jan Hajek.

Agora, no ATP 250 de Auckland, Marcelo Melo, eliminado no Catar por Soares e Peya, conquistou o título ao lado do austríaco Julian Knowle – e derrotando logo o conterrâneo e seu companheiro na decisão.

É justo – e um tanto óbvio – dizer que Marcelo Melo e Bruno Soares saíram da pré-temporada (leia mais sobre a preparação de ambos aqui e aqui) afiados. Ambos chegarão com status de fortes candidatos ao título do Australian Open.

E chegar a Melbourne em boa forma é essencial para ambos. Sim, é um Grand Slam, logo beira a redundância falar sobre a importância de um torneio assim. A questão que faz o Australian Open diferente brasileiros é a chance de entrar em quadra sem muitos pontos a defender.

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Em 2013, Soares e Peya fizeram semifinal em Roland Garros (720 pontos), oitavas em Wimbledon (180) e final no US Open (1.200). Em Melbourne, contudo, foi surpreendido na segunda rodada por Thomaz Bellucci e Benoit Paire. Logo, tem apenas 90 pontos a defender. Para Marcelo, o cenário é melhor ainda. No ano passado, ele e Ivan Dodig caíram na primeira rodada, diante de Daniele Bracciali e Lukas Dlouhy. Tudo que vier em 2014 será lucro.

Em Melbourne, Soares e Peya serão cabeças de chave 2. Melo e Dodig serão a dupla número 3. Difícil imaginar, com tantos pontos a defender ao longo do ano, melhor chance para as duas parcerias nesta temporada.

Coisas que eu acho que acho:

– Registro aqui os parabéns à equipe do Fox Sports, que comprou os direitos dos jogos de duplas e exibiu tanto a semifinal de Bruno Soares e Alexander Peya quanto a decisão entre brasileiros e austríacos. Ainda há quem prefira não comprar os direitos de duplas, sob a desculpa de que a modalidade não dá audiência. É um caso típico de ciclo vicioso. Se você não mostra nunca, o público não conhece o produto. E se o público não conhece o produto e seus atrativos, vai ver por quê?

– Ainda sobre o tema, vejam a quadra lotada em Auckland para a final de duplas. É necessário fazer algumas observações. 1) Não foi o único jogo de duplas com bom público por lá. 2) O torneio neozelandês tem o hábito de escalar duplas para a quadra central (não é tão difícil assim, viu, Brasil Open?). 3) A final de duplas não era imediatamente antes da decisão de simples, então nem há o argumento de que todos estavam lá esperando o jogo entre John Isner e Yen-Hsun Lu, que valia o troféu (além disso, os lugares são numerados). 4) Há lojas, comidas, bebidas e telões no complexo. Quem chegou cedo nem precisava ficar na quadra. Logo, quem estava lá queria ver duplas mesmo.

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Sem ir na toalha (para ler em até 20 segundos):

– Thomaz Bellucci, depois três match points salvos em uma dramática segunda rodada contra Martin Fischer, furou o qualifying após bater o japonês Taro Daniel e conseguiu um lugar na chave principal. O paulista estreará contra o alemão Julian Reister e, é bom que se diga, jogará diante de um jejum nada agradável: há dois anos, não vence um jogo de chave principal em um Grand Slam.

– Nestes dois anos, Thomaz Bellucci sofreu derrotas para Gael Monfils, Viktor Troicki, Rafael Nadal, Pablo Andujar, Blaz Kavcic e Roberto Bautista Agut. Nos seis reveses, venceu apenas três sets. Sua última vitória, recordemos, foi no Australian Open de 2012, sobre o israelense Dudi Sela.

– Não custa lembrar: o melhor resultado da carreira de Bellucci em um Major veio em Roland Garros/2010, quando derrotou Michael Llodra, Pablo Andujar e Ivan Ljubicic, alcançou as oitavas de final e parou diante de Rafael Nadal.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.