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Saque e Voleio

Bruno Soares e o incrível lob vencedor: 'Mais sorte do que juízo'

Alexandre Cossenza

20/01/2019 00h06

Era a segunda rodada da chave de duplas masculinas, e Bruno Soares e seu parceiro, Jamie Murray, faziam um jogo duríssimo contra os britânicos Luke Bambridge e Jonny O'Mara. Os adversários sacavam no 11º game do terceiro set, e era a última chance para que o time do brasileiro conseguisse uma quebra de saque antes do match tie-break.

Os britânicos encararam três break points naquele game e escaparam de todos. No quarto, finalmente, veio a quebra. E veio com estilo, com um lob top spin do brasileiro, de dentro para fora e que, para todos efeitos, decidiu o jogo. No game seguinte, Soares e Murray selaram a vitória por 3/6, 6/2 e 7/5. Veja o lance no vídeo abaixo:

O mais interessante desse lob, pelo menos para mim, é que foi executado completamente fora do que manda "o livro". Bruno Soares mal dobra os joelhos e não vira o corpo para a direita a fim de executar o golpe na posição ideal. Ainda assim, executa o golpe com uma precisão absurda e da maneira mais banal possível. Como pode?

Para matar a curiosidade (eu raramente escrevo sobre porque não é minha área de especialidade, mas sempre me interesso e pergunto por mecânica de golpes), mandei uma mensagem de áudio para o próprio Bruno. Ele riu e deu uma resposta que pode ser resumida em "mais sorte do que juízo". Leiam!

"Isso aí sabe o que é? Momento de tensão, o cara está todo cagado, faz tudo errado e dá certo, entendeu? (risos). Não tem muita explicação, não. Eu não sou dos caras que jogam mais agachados, não. Eu estou um pouquinho mais em pé ali. Não sei falar porque eu estava em pé. Provavelmente um pouquinho de tensão. Quando eu devolvo bem, às vezes estou esperando o cara fazer um voleio pior, e ele faz um voleio bom. Mas… (risos)… Não tem explicação boa, não. O importante é mostrar pra todo mundo que bater daquele jeito está errado, viu? Tem que agachar, bonitinho, do jeito que você falou. Aquilo ali foi sorte. Mais sorte que juízo…"

Coisas que eu acho que acho:

– Já que falei em mecânica, deixo aqui meu eterno muito obrigado a Sylvio Bastos, técnico e comentarista do Fox Sports, que é sempre minha referência. É ele que tira minhas muitas dúvidas sobre técnica de golpes, e eu nunca escrevo nada sobre isso sem consultá-lo antes.

– Aproveitando o embalo, recomendo o texto do Sylvio Bastos chamado "Grand Slam é para poucos", no qual ele fala sobre o que separa os slams do resto do circuito e a dificuldade que jogadores mais jovens têm de se entender em um torneio de duas semanas com jogos em melhor-de-cinco. Seu texto vai bastante ao encontro do que penso e escrevi sobre os cinco sets no post de ontem.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.