Topo

Saque e Voleio

Sólido do início ao fim, Djokovic bate Nishikori e vai à final do US Open com Del Potro

Alexandre Cossenza

07/09/2018 21h55

Direita, esquerda, cruzada, paralela, direita de novo, outra esquerda… até o adversário, o japonês Kei Nishikori, errar ou arriscar para matar o ponto. Novak Djokovic foi irritantemente – para o rival, claro – sólido do início ao fim e apostou em ralis longos e séries de bolas profundas nesta sexta-feira, na segunda semifinal do US Open. A estratégia, executada gloriosamente, deu certo e resultou numa vitória confortável por 6/3, 6/4 e 6/2 que coloca Novak Djokovic em mais uma final no torneio nova-iorquino.

Bicampeão do evento (2011 e 2015), o sérvio duelará pelo troféu no domingo com o argentino Juan Martín del Potro, #3 do mundo e campeão do US Open em 2009. Mais cedo, também nesta sexta, Delpo avançou ao superar Rafael Nadal, que abandonou a partida por causa de dores no joelho direito. No momento da desistência, o argentino vencia por 7/6(3) e 6/2.

Como veio a vitória

Djokovic apostou em uma postura conservadora no primeiro set e se deu bem. Conseguindo manter a profundidade da bola e mover o rival sem correr muitos riscos, o atual campeão de Wimbledon quebrou o saque do japonês já no segundo game da partida, depois de Nishikori salvar quatro break points. Depois disso, foi só manter o serviço até fazer 6/3. Nole encerrou a parcial com apenas quatro bolas vencedoras (duas delas vieram só no último game) e sete erros não forçados, contra seis e 13 de Nishikori, respectivamente.

O japonês, ex-número 4 e atual 19º do ranking, até fazia uma boa apresentação, mas não conseguia desequilibrar Djokovic nas trocas de bola com a frequência necessária para mudar o jogo. O sérvio continuava à vontade no fundo de quadra, aceitando pontos longos e errando menos que Nishikori. O japonês salvou cinco break points no segundo game da segunda parcial, mas, novamente, não resistiu por muito tempo. Nole chegou à quebra no quinto game e abriu 4/2 na sequência. Pouco depois, o placar mostrava 6/4.

A história se repetiu no início do terceiro set. Com seguidos erros de Nishikori, que a essa altura acumulava 37 falhas não forçadas (contra 25 de Djokovic), o atual #6 do ranking voltou a obter uma quebra de vantagem. O japonês seguiu tentando agredir, mas sem conseguir mudar a dinâmica do jogo. Com um backhand longo, Nishikori perdeu o saque outra vez no sétimo game. Restou a Djokovic confirmar o seu serviço e fechar a conta.

Onde ver a final

A decisão será no domingo e está marcada para começar às 17h (de Brasília) e será exibida no Brasil pelo SporTV3 e pela ESPN. No histórico de confrontos diretos, Djokovic leva vantagem, com 14 vitórias, contra quatro do argentino. O sérvio venceu os três últimos encontros: nas quadras duras de Acapulco/2017 e Indian Wells/2017 e no saibro de Roma/2017. O último triunfo do argentino aconteceu nos Jogos Olímpicos Rio 2016, também em quadra dura.

Coisas que eu acho que acho:

– Difícil prever o campeão aqui. Djokovic leva grande vantagem nos confrontos diretos, mas Del Potro venceu dois dos mais importantes duelos: um em Londres 2012 e outro nos Jogos Rio 2016. Como o próprio Nole disse, o argentino é um jogador de partidas grandes.

– Com toda consistência do mundo, Djokovic tende a começar partidas importantes de maneira cautelosa, esperando o rival agredir primeiro. Foi assim que ele sofreu derrotas para, por exemplo, Stan Wawrinka. Uma delas foi final de US Open. Usar do mesmo plano de jogo contra Del Potro é um tanto arriscado. Será que Nole muda?

– Sim, Djokovic acabou com sorte na chave do US Open. Chega à final escapando de possíveis confrontos com Federer e Zverev/Cilic. Acontece. Não adianta hater reclamar (problema de quem jogou mal e ficou precocemente pelo caminho). O sérvio ganhou de quem apareceu na sua frente – e ganhou com certa folga. A final será mesmo seu grande teste.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.