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O que muda com a eliminação de Djokovic no US Open

Alexandre Cossenza

02/09/2019 04h00

O ombro esquerdo de Novak Djokovic, lesionado há algumas semanas, foi duramente testado pelos backhands de Stan Wawrinka e não resistiu. Perdendo por 6/4, 7/5 e 2/1, o sérvio abandonou o US Open logo depois de ter o saque quebrado no começo do terceiro set. Atual campeão do Australian Open, de Wimbledon e do US Open, o número 1 do mundo era o favorito ao título. Sem ele, o cenário muda radicalmente na chave masculina.

Mais chances para Nadal e Federer

Rafael Nadal fez um Australian Open belíssimo e mal ameaçou Djokovic na final em Melbourne. Roger Federer jogou uma final de Wimbledon quase perfeita, teve dois match points com seu saque e, ainda assim, foi derrubado pelo sérvio. Não por acaso, Stan Wawrinka deveria ter a maior torcida de sua carreira na noite deste domingo, em Nova York. Com a queda de Nole, o favoritismo passa automaticamente para Rafa e Roger.

As casas de apostas colocam o espanhol como o mais cotado ao título. Talvez isso se explique pelo recente conquista em Montreal e pelo retrospecto melhor em Nova York nos últimos anos. No entanto, pelo que Federer exibiu nos últimos dois jogos deste US Open, perdendo apenas nove games somados diante de Dan Evans e David Goffin, além do retrospecto recente contra Rafa (seis vitórias em sete jogos desde 2017), não seria nada estranho se o suíço encabeçasse as listas das cotações.

Além disso, vale lembrar que Federer e Nadal podem finalmente fazer seu primeiro duelo em Nova York – após quatro no Australian Open, outros quatro em Wimbledon e mais seis em Roland Garros. No US Open, os dois estiveram a um jogo de se enfrentar em seis oportunidades, mas um dos dois sempre ficou pelo caminho. Aconteceu em 2008 (Nadal perdeu a semi), 2009 (Nadal perdeu a semi), 2010 (Federer perdeu a semi), 2011 (Federer perdeu a semi), 2013 (Federer perdeu nas oitavas) e 2017 (Federer perdeu nas quartas).

Freguês na semifinal para Federer

Federer é o beneficiado mais óbvio com a queda de Djokovic. Em vez de fazer a semifinal contra Nole, seu algoz nos últimos cinco encontros em torneios do Grand Slam, o suíço vai encontrar um freguês se chegar lá. Caso passe por Dimitrov (7-0 no H2H, outro freguês!) nas quartas, Roger vai encontrar Daniil Medvedev (3-0 no H2H) ou Stan Wawrinka (23-3 no H2H).

Nadal como #1 do ano

Nadal é o atual #2 do mundo, com 3.740 pontos a menos do que Djokovic. Porém, no ranking que conta só os pontos da temporada, Rafa chegou a Nova York como líder. Nole tinha a chance de ultrapassá-lo no US Open, mas deu adeus a essa oportunidade com sua eliminação nas oitavas de final. O espanhol terá a chance de abrir vantagem nesse ranking. Além disso, poderá terminar o US Open a apenas 640 pontos do líder no ranking da ATP – que conta as últimas 52 semanas.

Semifinal à vista para Stan

Stan Wawrinka não joga uma semifinal de slam desde Roland Garros/2017, quando alcançou a final e foi derrotado por Nadal. Desde então, o veterano, hoje com 34 anos, passou por uma cirurgia de joelho e vem, aos poucos, se recuperando. Seu primeiro bom slam após o retorno foi em Paris, este ano. Chegou às quartas e perdeu para Federer. Caso passe por Medvedev na próxima rodada, fará sua primeira semi neste nível dede 2017. Não é nada impossível.

Semifinal inédita na mira de Medvedev

Resistindo a duras penas ao desgaste físico e mental da sequência de torneios que decidiu encarar, Medvedev (que foi vice em Washington e Montreal e campeão em Cincinnati) está a uma vitória de sua primeira semifinal de slam. E, em vez do esperado duelo com o número 1 do mundo, o russo terá Wawrinka do outro lado da rede. Não que seja fácil lidar com o backhand mortal do suíço, mas não é o pior dos cenários. Os dois só se enfrentaram uma vez, em Wimbledon/2017, e Daniil venceu por 3 sets a 1.

Torcida unilateral na sexta-feira

Considerando o mau comportamento e as provocações de Medvedev ao público americano e somando isso ao carisma e ao tênis cativante de Roger Federer, vai dar para contar nos dedos o número de torcedores do russo caso esse duelo aconteça na próxima sexta-feira.

Coisas que eu acho que acho:

– Discordo radicalmente das vaias ao fim do jogo. Djokovic estava claramente lesionado, mas entrou em quadra e tentou competir. Depois de perder dois sets, ciente de que seu ombro não aguentaria por mais três sets, abandonou a partida. A desistência não reduz mérito de Wawrinka. Apenas mostra que Djokovic topou entrar em quadra sentindo dor.

– Seria muito diferente se Djokovic abandonasse a partida perdendo o terceiro set por 5/0. Ele jogou dois sets e desistiu quando foi quebrado na terceira parcial. Entrou, tentou, não conseguiu. Não dá para pedir mais do que isso.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.


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