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Federer e os 57 erros: cedo para soar o alarme

Alexandre Cossenza

28/08/2019 04h00

Em sua estreia no US Open, Roger Federer cometeu 57 erros não forçados (19 só na primeira parcial) e até perdeu um set para o indiano Sumit Nagal, número 190 do mundo. Definitivamente, não foi a estreia dos sonhos do suíço e de seus fãs. Há quem acredite que Federer ainda não superou os dois match points e a derrota em Wimbledon para Novak Djokovic. Há quem pense que será mais um ano decepcionante do suíço no US Open (ele caiu nas quartas em 2017 e nas oitavas no ano passado). Não vejo, porém, motivo para correr às ruas e gritar que o apocalipse bate à porta.

A primeira atuação de Federer neste US Open não parece indício algum do fim dos tempos, e há até um exemplo recente que acalma os corações dos muitos admiradores do ex-número 1 do mundo. Em Wimbledon, na primeira rodada, Roger também perdeu seu primeiro set no torneio. O adversário, na ocasião, era o igualmente desconhecido Lloyd George Harris, 86º do mundo na época.

O que há de comum entre as duas partidas? A postura de Federer, e isso não é exatamente ruim. Com tanta experiência, o suíço sabe muito bem sua posição no circuito, a margem de folga que tem para cada adversário, e o que precisa fazer durante as duas semanas de um slam para chegar jogando seu melhor tênis nas fases mais importantes. Isso tudo faz parte da fórmula.

Assim como em Wimbledon, Federer entrou no Estádio Arthur Ashe disposto a soltar o braço e entrar na pancadaria. Usou poucas variações, arriscou um pouco mais no segundo saque, subiu à rede em segundos serviços e depois de algumas bolas não tão bem executadas assim. Acertou muito (61 winners), mas também errou muito (57 erros).

Roger pode jogar assim porque sabe que vai ganhar assim. Sabe que num jogo em melhor de cinco sets, há tempo de sobra para mudar a história da partida se algo der errado no início. E sabe também – melhor do que ninguém – que não vai continuar dessa maneira o resto do torneio. Foi assim em Wimbledon. Quando a ocasião se apresentou, o suíço recorreu ao gigante cinto de utilidades e adaptou-se às necessidades.

Tudo leva a crer que será assim também neste US Open. Nesta quarta, quando voltar ao Ashe para encarar o bósnio Damir Dzumhur por volta das 15h (de Brasília), Federer não deve ser o mesmo dos 57 erros não forçados. No cenário mais provável, vamos ver um suíço ainda jogando solto, só que mais preciso, não tão disposto a ficar muito tempo em quadra sob o sol de Nova York. Por enquanto, ainda é cedo para soar o alarme.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

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