Fedal 40: 5 motivos para acreditar que Nadal vai derrotar Federer na semifinal de Wimbledon
Alexandre Cossenza
11/07/2019 12h54
A sexta-feira de Wimbledon terá o 40º encontro entre Rafael Nadal e Roger Federer. Um duelo que não acontece em Wimbledon desde 2008, quando eles fizeram a final que é considerada por muitos como a melhor partida da história do tênis. Muita coisa mudou desde então. Na época, Rafa fazia sua arrancada para destronar Roger, que dominava o circuito desde 2004. Os dois também duelaram na final de Roland Garros, e o espanhol aplicou um pneu. A vantagem mental era de Nadal, mas Federer vinha em uma sequência de 65 vitórias na grama. No ano anterior, o suíço venceu a final de Wimbledon em uma decisão apertadíssima de cinco sets sobre o espanhol. Havia muito em jogo, e a expectativa era de uma decisão equilibrada.
Hoje, quem domina o circuito é Djokovic. Federer, 37 anos, e Nadal, 33, ainda são rivais, mas a animosidade entre eles diminuiu. Nos últimos 11 anos, os dois já disputaram exibições para seus projetos sociais, já formaram dupla na Laver Cup e hoje em dia apreciam o que a rivalidade trouxe de bom para suas carreiras. O encontro desta sexta-feira não tem tanto em jogo. Não vale o número 1 e é "apenas" uma semifinal, assim como o duelo de Roland Garros, cerca de um mês atrás. O favorito ao título ainda é Djokovic, campeão do torneio em três das últimas cinco edições (também levantou o troféu em 2011). Em comum, apenas o fato de que ambos vêm praticando um belo tênis e a expectativa de equilíbrio mais uma vez.
Dado o histórico recente entre Federer e Nadal fora do saibro, há quem acredite que Roger é o favorito desta vez – afinal, venceu todos quatro encontros em quadras duras desde 2017, quando voltou de uma lesão no joelho. Há também quem pense que a excelente forma mostrada no torneio por Rafa vai prevalecer. As casas de apostas, aliás, colocam Nadal como favorito. Dependendo da perspectiva adotada, dá para apostar na vitória de qualquer um dos dois. Por isso, você vai ler este texto em dois formatos hoje. Já listei os motivos para acreditar que Roger Federer vai avançar. Neste texto aqui, enumero os motivos para acreditar em um triunfo de Rafael Nadal.
1. Devoluções
Se Federer tem o saque mais eficiente do torneio, Nadal foi quem mais fez nos games de devolução. Encarou três "sacadores" (Kyrgios, Tsonga e Querrey) e dominou dois deles. Leu bem os serviços, colocou bolas em jogo e, depois, se impôs nas trocas de bola. Dá para acreditar que Rafa vai conseguir colocar em jogo um número de saques de Federer que será o suficiente para conquistar as quebras necessárias nesta sexta-feira.
2. Saque
Nadal só perde para Federer na porcentagem de games de saque confirmados. O espanhol tem 95% nessa estatística – um número mais alto do que sua média. Isso indica não só que Rafa vem sacando bem, mas que também vem mostrando uma concentração invejável. Ele sabe que não ganha tantos pontos de graça com o serviço, por isso vem disputando cada ponto super focado e dando poucas chances aos rivais. Considerando que Roger não tem a mais agressiva das devoluções, Nadal pode colocar bem a primeira bola em jogo e comandar os pontos a partir disso.
3. Concentração+Consistência
Nos 39 duelos anteriores, algo que ficou bem claro é que Nadal oscila mentalmente muito menos do que Federer. Na grama, em um jogo com margens tão pequenas para vacilos, o espanhol leva vantagem nesse quesito. Com Rafa confirmando o saque como vem fazendo nesta edição de Wimbledon, qualquer bobeira de Roger tende a custar muito caro para o suíço. Se Federer entrar em quadra errático como fez contra Nishikori – por exemplo – terá jogado um set fora.
4. Velocidade das condições
Um dos assuntos de Wimbledon este ano foi a velocidade das condições de jogo. Há quem diga que a grama está mais lenta, há quem acredite que a bola mais pesada causa essa impressão. Qualquer que seja o motivo, os resultados fortalecem a impressão. Sacadores caíram mais cedo, Halep e Svitolina fizeram uma das semifinais femininas, e Roberto Bautista Agut está nas semifinais masculinas. E se o jogo fica mais lento do que o normal em Wimbledon, mesmo que ainda esteja longe de ser tênis no saibro, prejudica o saque de Federer e ajuda Nadal.
5. Ritmo de jogo
Federer jogou um belo tênis, principalmente nas duas últimas rodadas, contra Berrettini e Nishikori, mas não foi realmente testado em Wimbledon até agora. Nadal, por outro lado, encarou três adversários perigosos e agressivos. Venceu dois tie-breaks tensos contra Kyrgios, dominou um errático Tsonga e anulou as bombas de Querrey. Também foi muito superior ao consistente Sousa. Esse ritmo de jogo, contra adversários que não dão margem para erro, não pode ser menosprezado. A verdade é que Nadal chega para a semifinal mais "quente" e isso faz diferença.
NA TV: Federer e Nadal fazem a segunda partida da Quadra Central nesta sexta-feira. Antes, a partir das 9h (de Brasília), Novak Djokovic e Roberto Bautista Agut duelam pela primeira vaga na final. O Fedal 40 começa logo em seguida. O SporTV transmite ao vivo.
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Sobre o autor
Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org
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