Djokovic domina Nadal, vence 3º slam seguido e conquista o hepta na Austrália
Alexandre Cossenza
27/01/2019 08h50
Foi mais uma atuação soberba de Novak Djokovic, e Rafael Nadal sequer conseguiu equilibrar a partida. Preciso do começo ao fim, o número 1 do mundo teve respostas para tudo que o rival tentou e fez da final deste domingo uma partida quase rotineira, muito menos parelha do que o mundo do tênis esperava. Por 6/3, 6/2 e 6/3, Djokovic se tornou o primeiro heptacampeão do Australian Open e venceu seu terceiro título de slam consecutivo.
No ano passado, Nole venceu Wimbledon e o US Open. Daqui a alguns meses, em Roland Garros, ele terá a chance de completar pela segunda vez na carreira o chamado "Djoko Slam" – ser o campeão dos quatro slams, mas com títulos em temporadas diferentes. O sérvio já conseguiu o feito em 2015/16.
A vitória deste domingo também aumenta a vantagem de Djokovic no ranking mundial. Quando a ATP atualizar sua lista, na segunda-feira, o sérvio terá 10.955 pontos, enquanto Rafael Nadal somará 8.320. A grande mudança no top 10 será a queda de Roger Federer, que tomba do terceiro para o sexto post após não conseguir defender seu título em Melbourne.
Como aconteceu
O primeiro set foi um massacre. Enquanto Nadal entrou em quadra tentando jogar mais perto da linha e cometendo mais erros do que de costume, Djokovic mostrava precisão e distribuia o jogo sem deixar o oponente à vontade. O sérvio venceu 12 dos 13 primeiros pontos da partida, anotando uma quebra de saque e rapidamente abrindo 3/0. Aos poucos, Nadal foi entrando nos ralis e confirmando seus saques, mas não fez nada no serviço do sérvio. Nole só perdeu um ponto no serviço em todo o set e fez 6/3, somando 12 winners e três erros não forçados, enquanto Nadal acumulava seis e 11, respectivamente.
A segunda parcial não foi tão diferente. Rafael Nadal seguia errando mais do que de costume e ameaçando pouco os games de serviço do número 1. O máximo que o espanhol conseguiu foi levar o sexto game a "iguais", mas sem break point. A essa altura, Nole, que já liderava o set por 3/2, não só confirmou o saque como conseguiu outra quebra na sequência para abrir 5/2. Com três aces no oitavo game, Djokovic fechou a porta e fez 6/2.
Nadal, que nunca havia perdido uma final de slam por 3 sets a 0, seguia lutando, mas continuava errando mais do que o normal. Quando o espanhol conseguia ganhar ralis e pontos importantes, Djokovic respondia em seguida. Foi assim, sufocando o adversário com uma bola funda e uma curtinha, que o número 1 anotou mais uma quebra de saque no terceiro game do terceiro set. O espanhol ainda conseguiu uma única chance de quebra, mas, como sempre, teve a janela fechada na cara quando cometeu um erro em um rali. E foi só. Com mais uma quebra, esta no nono game, Djokovic garantiu seu sétimo título em Melbourne.
Os números da partida refletem o domínio de Djokovic. O sérvio somou 34 winners e cometeu apenas nove erros não forçados, enquanto Nadal acumulou mais falhas (28) do que bolas vencedoras (21). Além disso, o espanhol venceu somente 13 pontos de devolução em toda a partida. No total de pontos, o número 1 venceu com folga por 89 a 53.
Coisas que eu acho que acho:
– Dizer que Nadal errou mais do que o normal não é tirar mérito de Djokovic, é constatar o que aconteceu em quadra. E não é simplesmente que o espanhol errou mais. Rafa errou mais do que o seu normal-contra-Djokovic. É óbvio que a margem de segurança para ele (ou qualquer outro) contra o sérvio é muito menor e há erros provocados pelo rival, mas Nadal deixou muito a desejar.
– É bom deixar bem claro: Djokovic mostrou que podia mais e foi superior inclusive nos poucos momentos em que Nadal esteve perto de seu melhor nível. Fosse mais exigido, é bem provável que Nole tivesse outras respostas e elevasse ainda mais seu tênis. O break point salvo no sexto game do terceiro set ilustra o argumento.
– Para quem gosta dessa corrida: Djokovic agora soma 15 títulos de slam na carreira. Fica cinco atrás de Federer e apenas dois atrás de Nadal.
Sobre o autor
Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org
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