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Inabalável, Djokovic doma Del Potro e conquista o tricampeonato no US Open

Alexandre Cossenza

09/09/2018 20h38

Por mais de três horas, Juan Martín del Potro, #3 do mundo, desafiou a consistência e a capacidade defensiva de Novak Djokovic. Por vezes, trocando seguidas bolas com sua esquerda cruzada. Por vezes, disparando uma direita violenta. E subindo à rede. E sacando mais e mais forte. Pois o sérvio encontrou respostas para todas as perguntas. Uma rocha no fundo de quadra, Djokovic mostrou seu melhor tênis no momento mais importante, aplicou 6/3, 7/6(4) e 6/3 e conquistou, neste domingo, o tri do US Open.

Campeão do torneio também em 2011 e 2015, Djokovic agora soma no currículo 14 títulos em torneios do Grand Slam, o conjunto dos quatro maiores eventos do circuito mundial. Ele se iguala a Pete Sampras em terceiro lugar na lista dos maiores campeões da história (Federer tem 20, e Nadal soma 17). O sérvio, atual #6 do mundo, também é o atual campeão de Wimbledon e agora chega a 14 jogos vencidos de fora consecutiva nesse tipo de competição. Nole, vale lembrar, é o único tenista em atividade que já venceu os quatro slams (Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open) em sequência.

Como veio o tri

O set inicial foi quase como aqueles rounds de boxe em que os lutadores passam se "estudando" antes de partirem para uma troca de golpes aguda. Longas trocas de bola, poucos riscos e margem quase nenhuma para erros. A única chance de quebra veio no oitavo game, quando Del potro sacava em 3/4 e 40/15. Depois de errar duas direitas, recebeu uma devolução no pé e, pouco depois, cometeu novo erro não forçado, cedendo o break point. No rali seguinte, o argentino mandou uma direita na rede e perdeu o serviço.

Djokovic seguia se defendendo bem quando necessário, mas passava a maior parte do tempo trocando esquerdas cruzadas. Mantendo a profundidade e o peso de suas bolas, o sérvio segurava Del Potro preso no fundo de quadra e sem conseguir usar a direita, seu melhor golpe. Foi assim que o ex-número 1 manteve a liderança e fez 6/3 no primeiro set.

Estádio empurra Del Potro

Del Potro tentava slices na troca de esquerdas cruzadas, mas nem sempre tinha sucesso. Foi num rali assim, no primeiro game da segunda parcial, com o argentino subindo à rede com um slice cruzado, que o sérvio encaixou uma passada e chegou a outro break point. Desta vez, cometeu um erro não forçado e não converteu. Dois pontos depois, porém, a direita de Del Potro falhou. Primeiro, numa bola longa. Depois, numa madeirada. Djokovic quebrou outra vez e abriu 2/1.

O momento mais complicado para o sérvio, contudo, ainda estava por vir. Del Potro devolveu a quebra e acordou o estádio, incendiado também por um grupo de amigos argentinos que estão em Nova York lhe apoiando. No oitavo game, Djokovic precisou salvar três break points (dois erros de Del Potro e uma boa subida à rede de Nole) e resistir à pressão por 20 minutos antes de confirmar o serviço. O set só foi decidido no tie-break, quando a solidez do sérvio levou a melhor outra vez. O game de desempate foi parelho até o 4/4. Depois disso, Del Potro errou duas direitas, e Djokovic fechou o set forçando mais uma falha do argentino.

A investida final

O golpe final parecia ter vindo no começo da terceira parcial, em um rali com Del Potro atacando furiosamente e jogando Djokovic para os dois extremos da quadra. O sérvio se defendeu de tudo – inclusive de um smash – fazendo o argentino voltar para o fundo de quadra e errar uma direita. No ponto seguinte, outro rali, e outro erro de Delpo. Djokovic chegou à quebra, abriu 3/1. O argentino, entretanto, estava longe de morto. Seguiu lutando e se aproveitou de dois lances incomuns do sérvio. Um saque-e-voleio e, depois, uma curtinha ruim com break point contra. Delpo alcançou a curtinha e, com um voleio, devolveu a quebra para, pouco depois, fazer 3/3.

Foi, contudo, a última barreira. No oitavo game, uma incrível devolução de Djokovic abriu vantagem. Quando Del Potro fez uma dupla falta e cedeu dois break points, Nole converteu na primeira chance, apostando em um rali longo do fundo de quadra até o argentino mandar uma esquerda para fora. Pouco depois, Djokovic já estava comemorando seu tri em Nova York.

O que muda no ranking

Com o título, Djokovic pula da sexta para se tornar o #3 do mundo. Nesta segunda-feira, quando a ATP divulgar seu ranking atualizado, o sérvio terá 6.445 pontos, à frente do argentino, que cairá de terceiro para o quarto lugar, com 5.980 pontos. A liderança segue com Rafael Nadal, com 8.760, e Roger Federer continua em segundo, com 6.900

O top 10 fica completo com Alexander Zverev (4.890), Marin Cilic (4.715), Grigor Dimitrov (3.755), Dominic Thiem (3.665), Kevin Anderson (3.595) e John Isner (3.470). Vale lembrar que Rafael Nadal, Roger Federer e Novak Djokovic já estão classificados para o ATP Finals, evento de fim de ano que reúne os oito melhores tenistas da temporada.

Coisas que eu acho que acho

– Djokovic teve problemas com o calor e a umidade de Nova York, especialmente no jogo de estreia, contra Marton Fucsovics. E, no fim das contas, o clima foi mesmo quem esteve mais perto de derrotar o sérvio.

– Quatro meses atrás, o mundo do tênis imaginava se Djokovic voltaria ao nível de tênis que apresentava antes da lesão no cotovelo. Daqui a dois meses, o sérvio pode voltar a ser número 1 do mundo. Dá para ver o quão rápido as coisas mudam no tênis, não?

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.


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