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WTA em Wimbledon: separadas, Serena, Kvitova e Muguruza dividem favoritismo

Alexandre Cossenza

01/07/2018 11h11

Considerando que as três poderiam ter sido sorteadas para o mesmo quadrante, a definição da chave feminina de Wimbledon foi ótima para as favoritas: Serena Williams, Petra Kvitova e Garbiñe Muguruza. Campeãs de oito das últimas nove edições do torneio (Marion Bartoli, em 2013, se intrometeu), americana, tcheca e espanhola ficaram separadas e farão caminhos diferentes nas próximas duas semanas.

Mas o quão favoritas realmente são as três? É isto que tento avaliar no post de hoje, o tradicional "guiazão" do Saque e Voleio, que fala também de quem corre por fora, de quem mandou bem na temporada de grama, dos melhores jogos da primeira rodada e de onde você pode vê-los. Role a página, confira tudinho e fique por dentro. Os próximos 15 dias, com Copa do Mundo rolando ao mesmo tempo, serão um tanto agitados.

As favoritas

Serena Williams, atual #181 do mundo, é favorita porque… Serena. Parece bobagem, mas seu currículo diz tudo. Seus sete títulos em Wimbledon foram alcançados com um saque dominante, golpes do fundo poderosos e subidas à rede fulminantes. Seria redundante citar todas as qualidades do tênis da americana, então dou um número curioso: ela venceu seus últimos 14 jogos no All England Club e não perde lá desde 2014 (Alizé Cornet, terceira rodada).

A pergunta que se precisa fazer, porém, é: o currículo deveria ser o bastante para colocar Serena como favorita? Talvez não, mas nem me parece o caso. O pouco que mostrou quando calibrou seus golpes em Roland Garros foi animador. Logo, é de se esperar que na grama a americana chegue dominante, mesmo que não tenha disputado um torneio no piso antes de Wimbledon. Existe, sim, um ponto de interrogação sobre sua movimentação, mas é algo que ela pode conseguir contornar dominando pontos com saque e devolução. Quando estes fundamentos estão calibrados, tudo é mais fácil para Serena.

De qualquer modo, ajuda ela estar numa seção da chave onde a maior cabeça é Caroline Wozniacki, que não tem as melhores armas do mundo para a grama – ainda que tenha conquistado Eastbourne neste domingo. Serena pode, no entanto, encarar Svitolina na terceira rodada e Rybarikova ou Keys nas oitavas. Será nessas rodadas que ficará mais claro até onde a ex-número 1 pode ir.

Entre as três, quem mostrou mais tênis recentemente foi Petra Kvitova, campeã de Wimbledon em 2011 e 2014. A tcheca foi campeã na grama de Birmingham antes de abandonar o WTA de Eastbourne para se poupar após sentir dores no músculo posterior da coxa.

A qualidade de seu tênis é indiscutível. Kvitova tem potência e toque. Saca bem, agride bastante e voleia com habilidade. Só não é um modelo de regularidade, ou seja, um dia mais ou menos pode destruir seu torneio, como aconteceu em 2015, contra Jankovic.

A chave também joga contra, colocando a tcheca em um caminho que não é dos mais fáceis. Petra pode duelar com Sharapova já nas oitavas. Elas estão no quadrante de Simona Halep, a #1 do mundo, e na mesma metade de Muguruza e Kerber. No fim das contas, Kvitova é a favorita para chegar à final, mas ela não terá tanta margem assim para jornadas abaixo de seu melhor.

O trio de favoritas termina com Garbiñe Muguruza, atual campeã e vice do torneio em 2015. É bem verdade que seu pré-Wimbledon deixou a desejar. Limitou-se a uma derrota na segunda rodada em Birmingham (para Strycova). Porém, não foi tão diferente assim em 2015 ou 2017. O fato é que a espanhola cresce nos maiores torneios como fez em Roland Garros, algumas semanas atrás. Perdeu apenas para Halep, a campeã, na semifinal.

Assim como Kvitova, Muguruza tem as armas certas e briga contra uma inconsistência recorrente. Sua chave não parece tão complicada – não para a grama – apesar de ter Angelique Kerber como possível adversária de quartas de final, mas deixo para tratar da alemã no item seguinte deste post.

Correndo por fora

Nada mais justo do que começar este item por uma campeã: Maria Sharapova, que levantou o prato de campeã no longínquo ano de 2004. Não que a russa não tenha passado perto do título em outras oportunidades. Foi vice em 2011 e fez semi em 2015. Este ano, não disputou torneios na grama. Fez duas partidas de exibição em Hurlingham e ganhou uma. Nada que empolgasse além da conta. Só que Sharapova é Sharapova e não convém descartá-la. Ainda que soe como clichê, é uma grande verdade. E se ela chegar às quartas, deixando Ostapenko e Kvitova para trás, quem sabe, né?

A número 1 do mundo também precisa estar na lista de candidatas a qualquer título, mesmo que a grama não seja o melhor piso para seu estilo de jogo. Simona Halep tem a consistência a seu favor, e as últimas campanhas em Wimbledon mostram isso. Semi em 2014, quartas em 2016, quartas de novo em 2017. Numa chave sem grandes sacadoras, é bem possível que a romena fique entre as oito melhores de novo. Mas se pegar Sharapova ou Kvitova nas quartas, voltará ao papel do azarão.

Quem também joga na base da regularidade é Angelique Kerber, que esteve a um ponto da final de Eastbourne na última semana, mas levou a virada de Wozniacki. De qualquer modo, sua ótima movimentação é algo que conta muito a favor em Wimbledon. Se seu saque ajudar – mas não contemos demais com isso – ela pode ir longe. Não por acaso, foi vice-campeã em 2016 (melhor momento de seu serviço na carreira).

Também não dá para descartar totalmente Karolina Pliskova, dona de um dos melhores saques do circuito e de golpes de fundo mais do que respeitáveis. A ex-número 1 não vem fazendo um 2018 brilhante – para seus padrões – e tem uma chave dura, com Azarenka possivelmente na segunda rodada e, quem sabe, Sabalenka – sua algoz em Eastbourne – na terceira. Se chegar às oitavas e deixar Venus para trás, aí a coisa muda de figura. Por enquanto, Pliskova ainda galopa no fim do pelotão.

Caroline Wozniacki entra aqui pelo título de Eastbourne, onde salvou um match point diante de Kerber e virou dois sets na final contra Sabalenka. Suas chances, porém, vão depender do que ela vai conseguir fazer em uma chave menos simples do que parece. A dinamarquesa pode encarar Makarova na segunda rodada e Safarova (ou Radwanska, que está de volta) na terceira. E o saque de Coco Vandeweghe nas oitavas. E Serena nas quartas. Por enquanto, é justo dizer que Wozniacki corre muito por fora.

A briga pelo número 1

Simona Halep, campeã de Roland Garros e atual número 1 do mundo, só depende dela mesma para manter a posição em Wimbledon. No entanto, Caroline Wozniacki e Sloane Stephens têm chance de deixar o All England Club no topo da lista da WTA.

Wozniacki precisa pelo menos alcançar a final para tomar a liderança de Halep. Porém, se a romena chegar às semifinais, Wozniacki terá que conquistar o título para chegar ao número 1 do mundo.

As chances de Sloane são ainda menores. A americana precisa ser campeã, com Halep perdendo na primeira rodada e Wozniacki caindo antes da final. Ou seja, se a atual número 1 vencer uma partida, Stephens já estará fora da briga – por enquanto.

Os melhores jogos nos primeiros dias

Minha lista de jogos preferidos começa com Vera Zvonareva, de volta à chave principal de um slam pela primeira vez desde o Australian Open de 2015. Na ocasião, tombou diante de Serena na segunda rodada. Agora, tem uma ingrata estreia contra Kerber.

Outro jogo com potencial é Caroline Garcia x Belinda Bencic, com a suíça tentando voltar a subir no ranking (a ex-top 10 esteve fora do top 300 em setembro do ano passado).

Também vale ficar de olho em Buzarnescu, cabeça 29, contra Aryna Sabalenka, que foi vice em Eastbourne. Até porque a bielorrussa pode aprontar e, como já mencionei, reencontrar Karolina Pliskova na terceira rodada. Também vale acompanhar Goerges x Puig e Strycova x Kuznetsova.

E se o leitor é fã hardcore de WTA, aí tem muito mais coisa legal pra ver. Tipo Sevastova x Giorgi, Vandeweghe x Siniakova, Rybarikova x Cirstea, Zhang x Petkovic, Barthel x Wickmayer, Osaka x Niculescu, Bouchard x Taylor, Cornet x Cibulkova, etc. Tem muita história legal pra surgir nesses confrontos.

As tenistas mais perigosas que ninguém está olhando

O ano de 2018 não tem sido nada bom para Venus Williams. A Americana soma, até agora, apenas dez vitórias e sete derrotas. Perdeu três dos últimos quatro jogos e venceu apenas uma partida no saibro. Não competiu na grama até agora e, por isso, está meio esquecida. No entanto, se existe um lugar em que Venus pode pensar grande, é Wimbledon. Sua chave até permite isso, já que prevê para as oitavas um duelo com uma Karolina Pliskova que vem oscilando mais do que o habitual. Talvez seja o tipo de vitória grande que Venus precisa para ganhar moral e ir longe outra vez. E que ninguém esqueça: ela é a atual vice-campeã do torneio.

Aryna Sabalenka, 20 anos, #45 do mundo, ganhou holofotes quando alcançou a final em Eastbourne. Sacou em 5/4 nos dois sets contra Wozniacki, mas acabou perdendo a decisão. É uma jovem que já vinha em ascensão dede a temporada de saibro, onde furou o quali em Madri e Roma. Seu caminho em Wimbledon é complicado, mas é justamente por isso que ela pode se tornar uma zebra enorme. Terá de derrubar Buzarnescu na estreia e, provavelmente, Karolina Pliskova na terceira fase.

Não podemos deixar de fora a "dupla" americana de Sloane Stephens e Madison Keys, que fizeram a final do US Open e uma das semifinais de Roland Garros. Em Paris, ninguém levava tanta fé nas duas, mas Kvitova e Wozniacki caíram, deixando o caminho aberto para Stephens, enquanto Keys avançou na seção que ficou esburacada com as quedas precoces de Ostapenko e Svitolina. Agora, em Londres, vale ficar de olho em Stephens porque ela está no quadrante de Pliskova – para mim, o mais sujeito a surpresas. Keys, por sua vez, tem uma tarefa mais complicada: caiu na seção que tem Rybarikova, Svitolina e Serena.

Onde ver

Os direitos de transmissão são exclusivos do SporTV, que vai exibir o torneio no SporTV3 desde segunda-feira, a partir dar 7h15min de Brasília.

A ESPN, que até o ano passado também mostrava Wimbledon, continuará com o programa diário Pelas Quadras, começando sempre às 20h30min e com duração de meia hora.

Nas casas de apostas

Sem surpresas, Petra Kvitova, Serena Williams e Garbiñe Muguruza lideram a lista de mais cotadas nas casas de apostas. Tudo tem muito a ver com a grama, piso onde costuma ter mais sucesso quem é alto, bate forte na bola e voleia bem. Chega até a surpreender o nome de Kerber como a quarta mais cotada, mas a alemã pode ir longe quando não enfrenta ninguém com as características acima. Aconteceu em 2012, quando ela alcançou a semi, e em 2016, quando a alemã bateu Venus na semi e perdeu a final para Serena.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.


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