Um eterno insatisfeito: Nadal perde apenas cinco games e pede para treinar
Alexandre Cossenza
21/04/2018 11h14
Você não vai ver cenas assim com muita frequência por aí – nem mesmo entre os grandes. Rafael Nadal venceu Grigor Dimitrov neste sábado por 6/4 e 6/1 e conquistou uma vaga na final do Masters 1.000 de Monte Carlo. Até aí, tudo normal. O curioso mesmo é que ainda antes de cumprimentar o adversário junto à rede, Nadal já gesticulava para sua equipe: queria treinar mais.
A primeira comunicação, aparentemente, não foi compreendida por Carlos Moyá, seu técnico. Nadal logo pegou o celular e mandou uma mensagem de texto. A cena foi inteligentemente acompanhada pela transmissão, que também mostrou Moyá olhando seu celular. E, por último, os microfones ainda captaram o número 1 do mundo dizendo que queria treinar uns drives (forehand) o mais rápido possível. Veja a sequência no vídeo abaixo.
De fato, Nadal não esteve tão calibrado neste sábado quanto nas duas partidas anteriores. Depois de um belo começo, abrindo 3/0, começou a errar mais do que o normal e permitiu que Dimitrov empatasse e equilibrasse o set inicial. O búlgaro, porém, cometeu duas duplas faltas e um erro não forçado quando sacava em 4/5.
No segundo set, Dimitrov ofereceu menos resistência, o que não é surpresa nenhuma. Com Nadal em um dia não tão inspirado, a primeira parcial já havia sido dura demais para o búlgaro. Seria preciso um pequeno milagre para virar o jogo, e Dimitrov não parecia saber como alcançar o tal milagre.
Coisas que eu acho que acho:
– Para não perder de vista: Nadal jogou bem abaixo do que pode e, ainda assim, cedeu apenas cinco games para o número 5 do mundo. Precisa mais para ilustrar o quanto o espanhol sobra no saibro no momento?
– Com o resultado deste sábado, Nadal chega a 34 sets vencidos de forma consecutiva no saibro. Ele não perde uma parcial desde Roma, no ano passado, quando foi eliminado por Dominic Thiem. Antes de Monte Carlo, o espanhol foi campeão de Roland Garros/2017 sem perder sets e ganhou dois jogos pela Copa Davis/2018 contra a Alemanha. Igualmente impressionante: nessas 34 parciais, nenhum oponente venceu mais do que quatro games.
Sobre o autor
Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org
Sobre o blog
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