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Nadal manda recado alto e claro ao atropelar Thiem

Alexandre Cossenza

20/04/2018 11h40

Agora, olhando o placar de 6/0 e 6/2, obtido em 1h07min por Rafael Nadal sobre Dominic Thiem, é fácil fazer uma piadinha com o austríaco e acreditar que ele não representa perigo para o domínio do espanhol no saibro europeu. Mas que ninguém se engane: menosprezar Thiem foi a última coisa que passou pela cabeça do número 1 do mundo antes do confronto desta sexta-feira, válido pelas quartas de final do Masters 1.000 de Monte Carlo.

Nadal sabia melhor do que ninguém o tamanho do obstáculo do outro lado da rede. Enfrentou Thiem quatro vezes na terra batida em 2017 e teve dificuldades para vencer tanto em Barcelona quanto em Madri. Perdeu em Roma. Ganhou fácil em Roland Garros. Vencer nesta sexta era crucial. Um revés, além de lhe tirar da liderança do ranking, daria ao jovem de 24 anos, atual #7 do mundo, uma confiança que poderia não ser tão fácil de abalar nas semanas seguintes.

O Nadal que entrou em quadra hoje foi um Nadal dos melhores. Já no primeiro ponto, ganhou um rali que sufocou o tênis de Thiem. Obviamente, não foi só isso. O espanhol não deixou sua intensidade diminuir, não abriu a janela para o adversário. Sabia que era preciso se impor e o fez gloriosamente. O garotão, que não viveu seus melhores dias (tanto por méritos de Nadal quanto por falhas exclusivamente suas), foi técnica e mentalmente destruído. Quando perdeu o saque logo no início do segundo set, via-se que ele não encontraria uma maneira de reagir. Não contra Nadal. Não no saibro.

Mais do que uma vitória e uma classificação às semifinais de um torneio que já venceu dez vezes, Rafael Nadal mandou um recado nesta sexta-feira. Foi uma daquelas atuações do tipo "estou aqui e não vai ser fácil me derrubar". Dominic Thiem, que foi seu maior adversário no saibro em 2017 e parece ser o segundo melhor tenista no piso atualmente (sim, acredito nisso apesar do placar de hoje), estava ali do lado e ouviu. O resto do circuito, que esperava um jogão, também viu. Nunca foi fácil bater Nadal no saibro. Não vai ser diferente em 2018.

Coisas que eu acho que acho:

– Quando Nadal massacra alguém assim, é fácil subestimar alguns números. Hoje, por exemplo, o espanhol acertou 71% de primeiros serviços e ganhou 84% dos pontos com o fundamento. Não foi só o aproveitamento. O número 1 não usou só aquele primeiro serviço de segurança, com spin, colocando a bola em jogo. Nadal variou, sacou forte no meio, sacou angulado, sacou forte aberto. Variou e acertou de todos os jeitos, complicando a vida de Thiem.

– O austríaco, por sua vez, teve apenas 41% de aproveitamento de primeiro serviço. Um número baixíssimo para seus padrões – e vários de seus números ficaram abaixo do normal nesta sexta-feira. Eu não ouso esperar outro massacre se os dois se encontrarem em Barcelona, Madri, Roma ou Roland Garros.

– Vale registrar: Djokovic ganhou convite para o ATP 500 de Barcelona, semana que vem. Ele entra numa chave duríssima, que já tem Nadal, Thiem, Dimitrov, Goffin, etc. (vejam a lista acima). A boa notícia mesmo é que Marian Vajda continuará como seu técnico pelo menos até o fim de Roland Garros.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.


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