Após incêndio na sede, fotógrafo tenta reeguer projeto social premiado
Alexandre Cossenza
13/04/2018 14h48
Era por volta de meio-dia, as crianças estavam no meio do almoço, e o fotógrafo Marcelo Ruschel estava ao telefone, tentando convencer um empresário a ser conselheiro fiscal de sua ONG, o projeto social WimBelemDon. Foi aí que Ruschel percebeu a fumaça. Alex, um dos funcionários, carregava um extintor tentando apagar o fogo no vestiário feminino. O fotógrafo desligou o telefone, retirou do local as crianças atendidas pelo projeto, e correu para ajudar. As labaredas fizeram estrago rapidamente, e os seis extintores da sede não deram conta. Só com a ajuda dos bombeiros é que o fogo foi controlado e, finalmente, apagado.
Depois do desespero, a constatação: o incêndio afetou uma área de cerca de 50 metros quadrados, incluindo os vestiários feminino e masculino, além do depósito, localizado acima dos banheiros, e a central de alarme. O estrago foi grande. De mais grave, a impossibilidade de continuar atendendo as crianças em situação de risco e/ou vulnerabilidade social do bairro Belém Novo, em Porto Alegre, enquanto os vestiários não foram refeitos. Mas não foi só isso. O WimBelemDon perdeu raquetes, guarda-sóis, tubos de bola e outras doações – inclusive algumas guardadas para o "bazar" de fim de ano, quando as crianças escolhem seus presentes de Natal.
Para quem não conhece, é bom que se diga: o WimBelemDon está longe de ser um projeto social comum. Já foi votado como o melhor do Brasil voltado para o tênis . A ONG também tem reconhecimento internacional e recebeu o prêmio Aces For Charity da ATP em 2014. Fernando Meligeni, Bruno Soares e Thomaz Koch são seus embaixadores.
O incêndio é mais um golpe que a vida prega na ONG, que correu risco de fechar nos últimos anos. Em 2016, havia perigo de perder o terreno, mas uma campanha de crowdfunding chamada Fixando Raízes conseguiu a verba necessária para a compra do espaço, que até então era cedido. Em 2017, uma doação grande feita no fim do ano manteve o WimBelemDon em funcionamento. Ruschel conta que 2018 seria um ano para fazer o projeto crescer.
Quer e pode ajudar?
Agora, no entanto, o projeto precisa de mais ajuda. Será necessário lixar as paredes, trocar o forro e o telhado, além de fazer uma nova instalação elétrica pra os vestiários. Além disso, como foi possível salvar uniformes e as raquetes usadas pelos meninos, Ruschel enfatiza que a prioridade no momento é buscar doações em dinheiro.
"Como as fotos dessas raquetes queimadas são impactantes, gente do Brasil inteiro quer doar raquetes e bolas. Queremos e vamos precisar, mas como era um dia de aula, as raquetes e bolinhas de aula sobreviveram. A gente tem material [esportivo]. O que não temos é onde estocar material. Nossa prioridade é ter dinheiro para construir rápido. A gente tem que voltar a atender as crianças o mais rápido possível. O WimBelemDon é um espaço de proteção da criança e do adolescente. Todos os pais estão naquela 'vulnerabilidade social' e quase todos trabalham. Só que essas crianças não podem ficar na rua durante a semana, no contraturno da escola!"
As doações podem ser feitas pelo site doe.wimbelemdon.com.br. A página também fala sobre a origem do WimBelemDon, suas ações e seu impacto sobre a comunidade. Quem preferir entrar em contato por telefone, pode ligar para (51) 3242-5637.
Sobre o autor
Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org
Sobre o blog
Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.