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Volta ao circuito se mostra desafio maior do que o esperado para Serena

Alexandre Cossenza

22/03/2018 13h55

Para quem se acostumou a ver Serena Williams dominar o circuito feminino pela maior parte dos últimos dez anos, o retorno da americana às quadras após a gravidez trouxe resultados incomuns. Nos quatro primeiros jogos, duas vitórias e duas derrotas. Atuações inconstantes, dificultadas pela forma física longe do ideal, e reveses diante da irmã Venus e da campeã de Indian Wells, Naomi Osaka.

Não que seja justo cobrar da Serena de 36 anos, casada e mãe, o mesmo desempenho que ela teve alguns anos atrás, quando ficou perto de fechar o Grand Slam, vencendo os quatro majors na mesma temporada. Maaas suas atuações já mostram que este retorno vai ser um desafio muito maior do que o esperado por muita gente – e, possivelmente, pela própria Serena.

Alexis Olympia Ohanian, a filha da tenista com Alexis Ohanian (sim, ela tem o mesmo nome do pai), co-fundador do site Reddit, nasceu no dia 1º de setembro. Hoje, quase seis meses depois, Serena ainda está longe da (sua) forma física ideal para competir com jogadoras mais jovens e mais rápidas – e nem o traje todo preto consegue esconder isso. A ex-número 1 do mundo nunca foi a mais veloz das atletas, mas precisa se sustentar em pontos mais longos, contra boas defensoras.

A partida contra Naomi Osaka, em Miami, foi um ótimo exemplo. A japonesa não tem nenhum golpe espetacular, mas não tem buracos óbvios em seu jogo. Movimenta-se bem, tem bons golpes do fundo, saca bem e, num dia bom, vai dar trabalho a qualquer adversária. Vindo de um título em Indian Wells, então, era de se esperar mesmo que Serena encontrasse dificuldades. Mesmo assim, ficou óbvio que a americana atacou mais cedo, tentando encurtar pontos, e correu mais riscos do que correria se estivesse em boa forma. Serena também precisou usar mais slices do que de costume, o que inevitavelmente facilitou a vida da rival.

É aí que reside o grande desafio da Serena no momento: uma pessoa que já ganhou tanto (em trouféus e dólares!), com um filha recém-nascida e curtindo o casamento, precisará encontrar motivação e tempo para ralar e entrar em forma. Talento e tempo de bola não serão problema, mas será que a maior vencedora da Era Aberta voltará a dominar o circuito? Será?

Coisa que eu acho que acho:

– Pelo menos publicamente, Serena garante que vai chegar lá. Seu último post no Instagram diz: "Quatro meses atrás, eu não conseguia andar até a caixa de correio… mas vou continuar seguindo em frente e chegarei lá."

– Não é questão de julgar Serena. Qualquer decisão que ela tome será perfeitamente compreensível. O post é apenas para constatar que o caminho para a volta ao topo, desta vez, não é tão simples assim.

– Já li algumas comparações entre este retorno de Serena e a volta triunfal de Federer no ano passado. Não vejo sentido. O suíço, afinal, teve uma lesão em um joelho. Não passou nove meses (e, na prática, são mais do que nove meses!) por uma enorme transformação no corpo, desenvolvendo uma pessoinha dentro dele.

– Uma comparação que eu acho válida, no entanto, é no aspecto de "ícone" e exemplo de uma modalidade. Serena, após perder para Osaka, se recusou a aparecer para a entrevista coletiva. Em vez disso, soltou um pequeno comunicado que não dizia nada. Alguém lembra de Federer ou Nadal fazendo isso? Parece pouco, mas faz diferença.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.


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