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Wozniacki, finalmente uma número-1-com-slam

Alexandre Cossenza

27/01/2018 14h31

De fevereiro de 2011 a janeiro de 2012, Caroline Wozniacki reinou na WTA. Ficou 49 semanas como número 1 do mundo, mas nunca teve o mesmo reconhecimento de alguns nomes que ficaram muito menos tempo na posição. Venus Williams (11 semanas), Kim Clijsters (20) e Maria Sharapova (21) são três belos exemplos, e o motivo é simples: a dinamarquesa não tinha um título de slam no currículo.

Isso foi seis anos atrás, justamente quando Serena Williams passou mais de um ano sem jogar um torneio oficial. Há um ano, a americana se afastou do circuito outra vez para ter uma filha, deixando o trono vago. Angelique Kerber, Karolina Pliskova e Garbiñe Muguruza se alternaram na posição até que Simona Halep, outra número-1-sem-slam, assumiu o post em outubro de 2017.

E aí veio o Australian Open de 2018. A Wozniacki de hoje é muito superior àquela de 2011-12. Saca melhor, agride mais e consegue ser tão consistente quanto. Com a chave que se apresentou no início do torneio, a chance se apresentou, e a dinamarquesa aproveitou. Wozniacki passou por Buzarnescu, Fett, Bertens, Rybarikova, Suárez Navarro e Mertens antes da final. Não encarou nenhuma top 10 e chegou à decisão depois de salvar dois match points na segunda rodada – sua única atuação ruim no torneio.

Caroline Wozniacki é a grande campeã do Australian Open! Seu primeiro título de Grand Slam com direito a voltar para a liderança do ranking! #AustralianOpenNaESPN pic.twitter.com/FKO3Y4bliY

— Marcela Linhares (@ma__lin) January 27, 2018

A final era para ser um jogaço. Número 1 contra número 2 do mundo. A campeã conquistaria seu primeiro slam. E foi uma bela partida no primeiro set. Wozniacki agrediu com seu backhand, Halep esteve bem do fundo de quadra, e a dinamarquesa foi melhor no tie-break. Só que a romena fisicamente já estava um caco na metade da segunda parcial. Trazendo o desgaste acumulado da duríssima semifinal contra Kerber (9/7 no terceiro set) e também do jogo de oitavas (15/13 no terceiro set contra Lauren Davis), a número 1 sofreu com a umidade altíssima da decisão e teve cãibras.

O jogo ficou nervoso e caiu de nível. Wozniacki teve sete break points (em dois games diferentes) e não aproveitou nenhum na parcial. Halep teve uma chance – no oitavo game – e agarrou. De algum modo, a romena empurrou o jogo para a terceira parcial. Ainda assim, parecia difícil que a número 1 resistisse fisicamente contra alguém tão consistente quanto a dinamarquesa.

#AusOpen | ¡EL MEJOR PUNTO DEL TORNEO! Con este largo e intenso intercambio, Wozniacki obtuvo bola de Grand Slam frente a Halep. pic.twitter.com/AJikPRUrrc

— Alberto Puente (@albertocronista) January 27, 2018

A parcial decisiva foi uma montanha russa. Wozniacki abriu 3/1. Jogo decidido, certo? Errado. Cada vez que parecia ter controle da partida, a dinamarquesa parecia voltar no tempo para seu jogo passivo de 2012. Halep devolveu a quebra, virou o placar e abriu 4/3, com uma quebra de frente. Wozniacki, então, pediu tempo médico, e aí tudo mudou. Caroline quebrou o momento favorável de Halep, quebrou de volta o saque, confirmou o seu serviço e, quando ficou a dois pontos do título, no saque de Halep, ganhou um ponto que não poderia ser mais típico de seu tênis. Velocidade, defesas e um contra-ataque mortal com o backhand. Veja no vídeo acima.

Pouco depois, estava no chão, festejando e chorando. Game, set, match, Wozniacki: 7/6(2), 3/6 e 6/4. Número 1 e, finalmente, campeã de um slam.

Coisas que eu acho que acho:

– Há sempre quem vá dizer que Wozniacki chegou aí porque pegou uma chave fácil. Sim, pegou, mas faz parte do processo. Num slam, você estreia conta Kuznetsova, em outro pega um caminho menos complicado. Cabe ao tenista aproveitar. Svitolina tinha uma seção bem acessível também, mas parou nas quartas. Além disso, Wozniacki encontrou a #1 do mundo na final.

– Dá para dizer que Jana Fett amarelou incrivelmente na segunda rodada, quando teve 5/1, 40/15 e saque para eliminar Wozniacki (e vejam no vídeo abaixo quão pouco faltou). Também dá para dizer que, com ou sem amarelada, não é qualquer um que consegue sair de um buraco dessa profundidade, e a dinamarquesa, que fazia uma péssima partida até ali, encontrou um jeito de sobreviver.

Henüz 2. turda final setinde 5-1 gerideyken iki maç puanı çevirdi ve sonrasında #AusOpen şampiyonluğu geldi!

Caroline Wozniacki'nin "2018 Avustralya Açık" hikayesindeki o en kritik an. pic.twitter.com/ayKcJHNx70

— sportstv (@sportstvcomtr) January 27, 2018

– É preciso dizer o quanto Halep fez um torneio bonito de ver. Se o tênis não foi excelente o tempo todo, não faltou raça. Num cenário ideal, ela teria chegado em melhores condições na final, mas, de novo, Wozniacki fez o seu. Não vale tirar o mérito da nova-velha-número-1 porque ela passou menos tempo em quadra do que sua adversária deste sábado.

– Daria para escrever muita coisa sobre muita gente neste Australian Open feminino, que teve tantas partidas emocionantes. Prefiro terminar o post lembrando do belo torneio de Angelique Kerber, que eliminou Sharapova, Hsieh e Keys antes de sucumbir, esgotada, diante de Halep. A alemã "voltou" forte para 2018. Olho nela.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.


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