Topo

Sem Federer, tênis masculino terá grande teste de popularidade

Alexandre Cossenza

26/07/2016 19h05

Milos Raonic, Tomas Berdych, Dominic Thiem, Richard Gasquet… Até aí, tudo bem. A gente podia fingir que a lista de ausências, fossem por zika, lesão ou outros intere$$es, era insignificante. No fundo, não era. São nomes com potencial. Na pior das hipóteses, deixariam as quartas de final mais animadas. Mas tudo bem, os quatro grandes ainda estavam confirmados nos Jogos Olímpicos Rio 2016. E aí veio a bomba: Roger Federer está fora. Com um só golpe, os Jogos do Rio levaram três socos no estômago. Sem Federer. Sem Federer/Hingis. Sem Federer/Wawrinka.

Em sua página no Facebook, o suíço avisou que só voltará às quadras em 2017. Ainda precisa tratar o joelho operado em fevereiro. Segundo os médicos, ele precisa dar tempo para que o joelho e o corpo se recuperem. Só assim vai conseguir jogam sem dor por mais alguns anos.

É um grande baque para o tênis, que não verá o suíço no US Open nem no ATP Finals. Federer sairá do top 10 pela primeira vez desde julho de 2002. O nome que mais atrai público no mundo (não por acaso, tem o maior cachê) não venderá ingressos até o fim do ano. O tênis masculino, que tem um Novak Djokovic dominante, um Andy Murray vitorioso mas pouco carismático, e um Rafael Nadal ainda brigando com lesões, viverá seu primeiro grande teste de popularidade desde que a rivalidade entre suíço e espanhol levou a modalidade às alturas.

É também uma ótima chance a mais para a ATP promover sua onipresente hashtag #NextGen, usada para rotular nomes talentosos da nova geração como Dominic Thiem e Alexander Zverev. Não que não haja riscos. Com metade do eterno Big Four baqueada pela maior parte de 2016, vai chegando o momento em que os Kyrgios e Corics da vida precisam mostrar serviço e capacidade de ir ainda mais longe e sustentar o valor de mercado do produto. Será que há bala na agulha?

Os Jogos do Rio

É uma ausência gigante, mas não acho que seja um desastre. Londres 2012 foi um ótimo torneio sem Rafael Nadal, e Rio 2016 pode ser igualmente interessante. Histórias não vão faltar. Meu torneio olímpico preferido continua sendo Atenas 2004, com Nicolás Massú e Fernando González avançando em simples e duplas, com partidas longas e conquistando duas medalhas cada.

Sobre Federer

A parte copo-meio-cheio de seu anúncio é que fala na vontade de voltar a jogar por alguns anos. Ou seja, não parece – pelo menos por enquanto – um prenúncio de aposentadoria, ainda que fique mais claro a cada dia que Federer entra na reta final de sua carreira. O lado copo-meio-vazio é que o tempo de inatividade pode fazer o suíço e sua família apreciarem um pouco mais o período em casa. Não é nada impossível que, com o passar do tempo, Federer decida que o esforço não vale a pena e que será melhor encerrar de vez a carreira.

De qualquer modo, tudo fica no reino da especulação por enquanto. Do mesmo jeito que Federer evitou falar no problema no joelho desde que voltou às competições, não seria do seu feitio chegar agora e admitir estar considerando uma aposentadoria. Só aumentaria a especulação, algo que o ex-número 1 do mundo sempre tenta evitar.

Federer comemoraria seu 35º aniversário no Rio de Janeiro e terá 38 anos durante os Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Com lesões mais frequentes, não parece muito provável hoje em dia que o suíço vá ter mais uma chance para conquistar a medalha de ouro em simples, única lacuna em seu currículo. Mas é bom ter em mente: Federer já realizou tantos improváveis na carreira que não convém duvidar…

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Sem Federer, tênis masculino terá grande teste de popularidade - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.


Saque e Voleio