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Wimbledon 2016: o guia (versão masculina)

Alexandre Cossenza

24/06/2016 13h57

O terceiro Slam do ano se aproxima, e enquanto o Reino Unido discutia (e discutirá por muito tempo) as causas e consequências de sua saída da União Europeia, Wimbledon sorteou as chaves na manhã desta sexta-feira. Será que Novak Djokovic dará mais um passo ao Grand Slam de fato e conquistará seu quinto Slam seguido? Ou Andy Murray voltará a reinar em casa? E Roger Federer, já encontrou ou vai encontrar sua habitual forma espetacular na grama do All England Club?

Este guia da chave masculina fala um pouco disso tudo, avaliando os resultados recentes, a composição das chaves e o que pode acontecer nas próximas duas semanas, no torneio que é o mais tradicional e mais cobiçado desde sempre.

Os favoritos / Quem se deu bem

Campeão em Roland Garros e agora dono do Career Slam, Djokovic optou por não fazer torneios de preparação na grama, como já faz há algum tempo. Jogou apenas o Boodles, um evento de exibição que serve para ajustes finais, embora não dê aos fãs e à imprensa uma boa referência sobre a forma do número 1 do mundo. Mesmo assim, parece justo esperar que o sérvio mostre a mesma forma de sempre. Seu histórico recente aponta para isso. Logo, ele entra como favorito indiscutível, do mesmo modo que seria o mais cotado se a ATP decidisse organizar um campeonato de tiro ao prato ou de caça a codornas.

O sorteio não foi dos melhores para o sérvio, ainda que não tenha sido trágico, mas que sorteio pode ser trágico com o cidadão jogando nesse nível? Entre as possíveis cascas de banana no caminho estão Lukas Rosol e Sam Querrey, que se enfrentam na primeira rodada, com o vencedor possivelmente encontrando o sérvio na terceira fase. Rosol, a gente lembra, tem potencial para aprontar essa zebra, mas precisa que tudo dê certo no dia.

Além disso, Nole pode encarar Milos Raonic, Kevin Anderson ou, quem sabe, David Goffin nas quartas. É justo dizer que Raonic, no momento atual e na grama, parece ser o adversário mais duro possível para qualquer um encarar nas quartas. E, para piorar, Djokovic ainda tem Federer na sua metade da chave. É um potencial duelo de semifinal que repetiria as duas últimas finais em Wimbledon. Resumindo: o favorito não deve estar lá muito feliz com o sorteio…

Enquanto isso, o ídolo local, Andy Murray, pode muito bem ser considerado o "vencedor" do dia. Não que sua chave seja um mar de rosas, mas escapar da semi com Federer já foi uma vitória. Além disso, as três primeiras rodadas, contra Liam Broady, Lu/Qualifier e possivelmente Benoit Paire, parecem tranquilas. Depois, sim, podem pintar no caminho Kyrgios/Feliciano (oitavas) e o vencedor do grupo com Isner, Tsonga, Gasquet e Troicki, nas quartas. Se chegar à semi, Murray vai encarar quem avançar na parte encabeçada por Wawrinka, que também tem Thiem e Berdych, mas que parece o "quarto" menos forte da chave inteira.

O britânico chega a Wimbledon em bom momento e com o reforço de Ivan Lendl, que voltou a seu box. No primeiro torneio com o ex-e-agora-atual treinador, Murray foi campeão em Queen's. Não foi uma semana de atuações espetaculares, mas de encontrar soluções para vencer jogos. O escocês fez isso muito bem e, por isso, merece iniciar o Slam da grama como o segundo mais cotado ao título.

Roger Federer é o grande ponto de interrogação aqui. Em uma temporada atípica, com cirurgia, lesões e pouco tempo em quadra, o suíço mostrou ferrugem em Stuttgart e Halle, onde foi superado por Thiem e Zverev, respectivamente. Era de se esperar, até certo ponto, que Federer ainda estivesse aquém de seu melhor nível, mas ver isso na prática deixou muita gente preocupada.

A dúvida reina no mundo do imaginário, onde os fãs sonham com um Federer de volta a seu nível costumeiro antes dos momentos decisivos de Wimbledon. Nesse sentido, é até possível dizer que o #3 do mundo deu sorte. Sua primeira semana no torneio não é das mais turbulentas, com adversários como Pella (estreia) e Berankis/Qualifier (segunda rodada). Dolgopolov, sim, pode dar trabalho na terceira fase, mas só se Federer estiver em um dia muito ruim. O suíço também seria favortíssimo nas oitavas contra possivelmente Simon ou Monfils.

Trocando em miúdos, dá para afirmar que Federer terá tempo para calibrar seus golpes e planejar a segunda semana. Nishikori é o potencial rival de quartas de final, mas o japonês só fez um jogo na grama em 2016. Não é difícil imaginar o suíço alcançando a semi sem encarar o japonês.

Os brasileiros

Thomaz Bellucci, que não vence um jogo na grama há cinco anos (a última vitória foi em Queen's, em 2011), se deu bem no sorteio e vai estrear contra um qualifier. Se vencer, encara Querrey ou Rosol em um cenário que está longe de ser ruim, considerando que o brasileiro não é cabeça de chave.

Rogerinho fará sua segunda apresentação em Wimbledon e também não teve um sorteios dos piores, não. Ele estreia contra Nicolás Almagro. É justo dizer, por outro lado, que o espanhol também deve ter gostado do sorteio. Para ambos, tenistas de fundo de quadra, seria mesmo melhor evitar encarar sacadores ou tenistas agressivos, que dariam pouco ritmo de jogo.

A grande ausência

Rafael Nadal, com uma lesão no punho esquerdo, só chegou perto de uma quadra de grama quando visitou o WTA de Mallorca, onde nasceu e mora até hoje. O atual número 4 do mundo tem pouco mais de 300 pontos de vantagem sobre Stan Wawrinka no ranking e pode ser ultrapassado até pelo atual #6, Kei Nishikori. Tudo depende de como suíço e japonês atuarão em Wimbledon.

Os melhores jogos nos primeiros dias

A chave de Wimbledon está especialmente suculenta para quem aprecia tênis e não se apega demais aos líderes do ranking. Logo na primeira rodada, há confrontos divertidíssimos como Kyrgios x Stepanek, Verdasco x Tomic, Wawrinka x Fritz e Thiem x Florian Mayer (o alemão venceu o austríaco em Halle).

Só que a lista não acaba aí. Que tal Coric x Karlovic? Ou Simon x Tipsarevic? E o que pode acontecer em Monfils x Chardy? E Gulbis x Sock? E Isner x Baghdatis?Faça sua listinha e preste atenção porque tudo isso vai acontecer já na segunda e na terça-feira (se a chuva não atrapalhar, é claro).

O que mais pode acontecer de mais legal

Uma segunda rodada entre Stepanek ou Kyrgios contra Dustin Brown, já imaginaram? Outro jogaço já no radar de todos é Wawrinka x Del Potro. Para que isso aconteça, o suíço precisa bater Taylor Fritz, e o argentino tem que passar por Stéphane Robert. Não parece nada improvável. Uma terceira rodada entre Murray e Paire promete um bocado de jogadas de efeito.

Os tenistas mais perigosos que ninguém está olhando

A chave de Wimbledon este ano tem alguns nomes meio "escondidos". Kevin Anderson, por exemplo, estaria mais bem cotado em uma seção mais fraca. O sul-africano, porém, pode muito bem eliminar Goffin numa terceira rodada e encarar Raonic com chances interessantes nas oitavas.

A situação de Tomas Berdych não é muito diferente. Cabeça 10, o tcheco está na seção de Dominic Thiem, que estreia contra Florian Mayer. Mas quem ousa dizer que Berdych não pode passar pelo jovem Zverev nas oitavas e, depois, por Thiem ou Mayer (ou Sousa, quem sabe), chegando às quartas de final contra Wawrinka? Se o suíço chegar lá, né?

Onde ver

SporTV e ESPN mostram o torneio. Ano passado, lembremos, o canal da Disney driblou o da Globosat, pagando pelos direitos e aproveitando o sinal da ESPN americana para mostrar mais quadras enquanto o SporTV ficava preso a seu pacote básico. Ninguém deu muitos detalhes ainda de como serão as transmissões deste ano, mas já se sabe que a ESPN mostrará o evento em dois canais (contra um do SporTV). Em todo caso, vale ficar com o controle remoto na mão.

Nas casas de apostas

Não há nenhuma grande surpresa nas cotações da casa virtual bet365, mas é importante notar uma diferença menor entre Djokovic e Murray e uma separação maior entre o britânico e Federer. As cotações estão assim:

Vale registrar, só a título de curiosidade, que um título de Thomaz Bellucci paga 1001 para 1. Se Rogerinho for campeão, o apostador embolsa 3001 para 1.

O guia feminino

Com sempre, não dá tempo de publicar os dois textos no mesmo dia, então o guia para a chave feminina deve aparecer aqui no amanhã (sábado), um pouco antes do podcast Quadra 18, que terá sua habitual edição especial pré-Slam, cheia de palpites e análises.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.


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