Número de partidas suspeitas aumenta mais de 50% em 2016
Alexandre Cossenza
26/04/2016 08h00
Cumprindo o recém-assumido compromisso de mais transparência em suas atividades, a Unidade de Integridade do Tênis (TIU, na sigla em inglês) publicou seu primeiro relatório quadrimestral de 2016, e os números não são lá muito animadores – embora nada surpreendentes: de janeiro a março, houve 48 alertas levantados pela indústria de apostas em jogos profissionais. O número significa um aumento de mais de 50% em relação aos 31 alertas recebidos no mesmo período em 2015.
Um "alerta", segundo a TIU, é um aviso dado por casas de apostas relacionado a atividades suspeitas envolvendo um determinado jogo. Isso pode significar padrões de apostas estranhos (como, por exemplo, um aumento no número de pessoas apostando em um atleta que está prestes a perder o jogo) ou atividades suspeitas. Como o próprio relatório da TIU afirma, não há um padrão para o que é um alerta. Uma casa de apostas pode enviar um alerta, enquanto outra casa pode considerar a atividade relativamente normal em relação ao mesmo jogo.
O relatório também confirma o que sempre se disse. A maioria desses casos ocorre nos torneios de menor escalão e no circuito masculino. Dos 48 alertas, 12 foram emitidos para jogos do circuito Challenger (ATP) e 24 em Futures (ATP). Outros 10 casos ocorreram em ITFs femininos. Houve também um jogo suspeito no Australian Open (o relatório não diz se masculino ou feminino) e um no circuito WTA.
O documento da TIU lembra que esses 48 alertas ocorreram em 24.110 partidas disputadas no período. Ou seja, a porcentagem de suspeita representa apenas 0,2% do total. Não deixa de ser tranquilizante saber que os casos são raríssimos, embora um aumento de mais de 50% nunca possa ser desprezado.
Coisas que eu acho que acho:
– Ao receber um alerta, a TIU levanta informações relativas à partida em questão e faz uma avaliação para determinar a necessidade de uma investigação completa. Nunca é demais reforçar: um "alerta" está longe de determinar que houve manipulação de resultado. Por isso, nomes não são divulgados. Não há por que levantar suspeitas desnecessárias.
– Também é bom lembrar: a grande dificuldade de estabelecer manipulação de resultado está nas muitas variáveis que estão envolvidas em uma partida, como cansaço, lesões, problemas pessoais e até cotações estabelecidas de forma equivocada por uma casa de apostas. A Unidade de Integridade do Tênis cita especificamente esses quatro fatores em seu relatório.
– O relatório completo está no site da Unidade de Integridade do Tênis.
Sobre o autor
Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org
Sobre o blog
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