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US Open, dia 10: calor para Pennetta, chuva para Halep e noite para Federer

Alexandre Cossenza

10/09/2015 17h52

Até que demorou, mas os "elementos" se fizeram presentes no US Open. Se o vento deixou de ser um fator no semicoberto Estádio Arthur Ashe, o calor e a chuva pesaram bastante nos resultados desta quarta-feira que definiram os últimos semifinalistas. Mas este resumaço (escrito na tarde de quinta, com atraso) não é só sobre Pennetta, Halep, Federer e Wawrinka. O texto também fala de brasileiros e de um grave equívoco envolvendo James Blake em Nova York.

As semifinalistas

Para muitos dos jornalistas e ex-tenistas que estão em NovaYork, a quarta-feira foi o dia mais úmido deste US Open. Com calor e sombra em meia quadra, as condições exigiram um bocado de Flavia Pennetta e Petra Kvitova. No primeiro set, as duas tenistas alternaram-se em altos em baixos, com break points em nove dos dez games disputados. A tcheca perdeu o serviço quando sacou para fechar, mas a italiana devolveu a cortesia na sequência, cometendo uma dupla falta com set point contra.

Com o passar do tempo, o físico se mostrou determinante para Pennetta, que viu o nível de tênis de Kvitova cair. Com a número 4 do mundo lutando até o fim, mas esgotada, o caminho ficou mais fácil para a italiana, que fechou o jogo em 4/6, 6/4 e 6/2. A diferença nas condições físicas ficou clara no número de erros não forçados: 60 a 16. Ainda que Kvitova seja mais agressiva e o normal fosse ela falhar mais do que Pennetta, a disparidade foi enorme.

Vale recordar que a tcheca, diagnosticada com mononucleose pouco antes do circuito de quadras duras na América do Norte, foi liberada pelos médicos para jogar. Após a partida, afirmou que não sabia se era um cansaço normal (ela tem treinado menos por causa da doença) ou provocado pela mono. Kvitova disse que faria alguns exames antes de voltar a competir.

Em boas condições, Kvitova seria a maior ameaça a um título de Serena Williams. A tcheca, mais do que ninguém no circuito atual, tem potência e variedade suficientes – além de um ótimo saque – para incomodar a americana. Sem ela, as melhores chances seriam de Victoria Azarenka, mas a bielorrussa precisava ainda passar por Simona Halep. E foi aí que outro elemento natural fez alguma diferença: a chuva.

Enquanto eu me distraía com as esquisitas mangas de Vika (só vi o jogo nesta quarta, e as mangas aparentemente, foram uma solução para as bolhas provocadas por seu top), a ex-número 1 do mundo e a atual vice-líder do ranking fizeram dois sets parelhos, mas Azarenka começou o terceiro na frente – e melhor fisicamente. Halep, no entanto, devolveu a quebra no terceiro game e, quando vencia por 2/1, a partida foi interrompida por causa dos primeiros pingos.

Halep vencia antes da paralisação, mas ela mesma se disse beneficiada pela pausa porque o cansaço já era considerável naquele momento. Segundo a romena, a pausa de mais de uma hora lhe permitiu descansar e voltar à quadra em condições melhores. Ela quebrou Azarenka no sétimo game e fechou o jogo de forma maiúscula: 6/3, 4/6 e 6/4, em 2h42min. Com os resultados de terça e quarta, Serena e Vinci farão uma das semifinais, enquanto Pennetta e Halep farão a outra. E, enquanto escrevo este post (repito: na tarde de quinta), os jogos foram adiados para sexta-feira por causa da previsão de chuva para toda a noite desta quinta-feira.

A noite nova-iorquina

Como a chuva atrasou tudo, a sessão diurna entrou pela noite. Para não atrasar mais, Stan Wawrinka e Kevin Anderson foram empurrados para o Estádio Louis Armstrong, enquanto Roger Federer e Richard Gasquet ficaram no Estádio Arthur Ashe.

Nenhum dos dois jogos foi lá muito emocionante. O mesmo Anderson que foi fantástico contra Andy Murray mostrou apenas flashes daquele brilho. Diante do saque de Wawrinka, o sul-africano pouco fez (teve apenas um break point), sucumbindo por 6/4, 6/4 e 6/0. Stan the Man agora vai rever o compatriota suíço, mesmo adversário das quartas de final de Roland Garros.

O jogo do Ashe teve ainda menos emoção, já que Federer voltou a sapatear na cara de Gasquet, que não tira um set do suíço desde 2011. Nos últimos sete jogos, o máximo que Richard conseguiu foi fazer quatro games no mesmo set – e isso só aconteceu três vezes nestes quatro anos. nesta quarta, Federer fez 6/3, 6/3 e 6/1 em menos de 1h30min. Parece justo dizer que o momento mais divertido da noite envolvendo os suíços aconteceu quando Federer fez o "papagaio de pirata" durante uma entrevista de Wawrinka.

Roubando o show

Para não ser tão injusto assim como o jogo noturno do Ashe, teve também o momento em que Jimmy Fallon e Justin Timberlake roubaram a cena. E as coisas estavam tão fáceis para Federer que até ele deu uma descontraída durante a partida.

O grave engano

O ex-tenista James Blake foi confundido com um criminoso no hotel em que está hospedado, em Manhattan. O ex-top 10, que se preparava para ia a Flushing Meadows, foi derrubado e algemado por policiais em trajes civis. Blake só foi solto quando um policial aposentado lhe reconheceu.

Os relatos variam. O "NY Daily News", primeiro a publicar a história, inicialmente dizia tratar-se de uma investigação sobre uma rede de roubos de identidade na cidade. Depois, escreveu que a polícia nova-iorquina busca envolvidos em fraudes com cartão de crédito. Segundo o "New York Times", uma quadrilha vinha usando cartões de crédito fraudulentos para comprar telefones celulares.

A polícia abriu inquérito para investigar o procedimento que terminou com a prisão equivocada de Blake, que não ouviu pedido de desculpas de nenhum dos policiais envolvidos diretamente no incidente. Mais tarde (na quinta-feira), o comissário de polícia afirmou publicamente que gostaria de se encontrar com o ex-tenista para pedir desculpas pessoalmente. O oficial que derrubou Blake teve seu distintivo e arma retirados e foi colocado em "trabalho modificado" – aquilo que nos filmes costuma significar trabalhar atrás de uma escrivaninha.

O comissário, aliás, foi enfático ao falar que não se tratava de racismo. Segundo ele, o suspeito era realmente muito parecido com Blake – inclusive na cor da pele.

Os brasileiros

Não sobrou brasileiro nenhum no US Open, mas Teliana Pereira e Feijão já voltaram ao circuito. A número 1 do Brasil estreou com vitória no ITF de Biarritz, torneio no saibro com premiação de US$ 100 mil. Depois de perder o primeiro set para a russa Natalia Vikhlyantseva, a pernambucana nascida em Alagoas e radicada em Curitiba triunfou por 6/7(5), 6/1 e 6/1.

Enquanto isso, no Challenger de Barranquilla, na Colômbia, Feijão foi eliminado na estreia pelo equatoriano Gonzalo Escobar, #361 do ranking: 6/3 e 6/4. O torneio era importante para Feijão ganhar ritmo e chegar em melhor momento à Copa Davis. Barranquilla fica no nível do mar e tem condições de umidade bastante parecidas com as de Florianópolis, onde o Brasil vai enfrentar a Croácia na semana que vem.

Com o resultado, Feijão agora soma oito derrotas consecutivas no circuito mundial. Desde a Copa Davis contra a Argentina, em fevereiro, o número 2 do Brasil, que sairá do top 100 na próxima semana, soma quatro vitórias e 19 derrotas.

Também em Barranquilla, o croata Borna Coric, #33 aos 18 anos, estreou com vitória sobre o brasileiro Wilson Leite: 6/1 e 6/1. Coric está escalado para jogar a Davis ao lado Marin Cilic, Ivan Dodig e Franko Skugor.

O que vem por aí no dia 11

Nada. Ou melhor, quase nada. O dia do Doubles On Us, com entrada franca para quem quisesse ver as duplas na sessão diurna, começou com chuva e atrasou, mas os jogos da modalidade aconteceram. As semifinais femininas de simples, entretanto, estavam marcadas para a noite e foram adiadas por causa da previsão de mau tempo. Tanto Halep x Pennetta quanto Serena x Vinci serão nesta sexta-feira, com a programação marcada para começar às 12h (de Brasília). Em seguida, serão realizadas as semifinais masculinas: Djokovic x Cilic e Wawrinka x Federer. Veja a programação completa aqui.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

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