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US Open, dia 1: zebras, desistências e entrevista polêmica

Alexandre Cossenza

01/09/2015 00h43

Não dá para começar um resumo desses de outro jeito. O primeiro dia do US Open 2015 foi marcado por zebras. Ou melhor, por cabeças de chave se despedindo logo na estreia. E foram tantas que na metade de cima da chave feminina só restou Serena Williams como top 10. Mas não foi só isso que animou esta segunda-feira. O dia teve uma importante vitória de Rafael Nadal, um passeio de Novak Djokovic diante de Feijão, um lance mágico de Tommy Robredo y otras cositas mas. Que tal relembrar tudo isso agora?

As cabeças que rolaram

O maior baque do dia aconteceu na chave masculina. Kei Nishikori, número 4 do mundo e atual vice-campeão do torneio, perdeu dois match points e deu adeus em cinco sets. O francês Benoit Paire, #41, saiu com a vitória por 6/4, 3/6, 4/6, 7/6(6) e 6/4. A consequência disso é que o quadrante mais fraco do torneio ficou ainda mais fraco. Com a desistência de Gael Monfils, uma vaga nas quartas de final ficará entre Paire, Ilhan, Groth, Robredo, Tsonga, Granollers, Stakhovsky e Marchenko. Em outros tempos, Tsonga seria barbada, mas hoje em dia parece justo dizer que qualquer coisa pode acontecer nesse grupo.

Entre as mulheres, Ana Ivanovic, #7 do mundo, foi a primeira top 10 a dar adeus. Sua derrota talvez não tivesse chamado tanta atenção em outro momento, já que a algoz foi a ex-top 10 Dominika Cibulkova, atual #50 do mundo, que vem reencontrando seu melhor tênis após um bom tempo afastada. E se "zebra" não se aplica a Ivanovic, é uma expressão adequada para a tcheca Karolina Pliskova. Campeã da US Open Series (e existe "título" menos relevante no tênis?), a número 8 do mundo venceu apenas três games diante da (ex-georgiana e agora) americana Anna Tatishvili, 121ª do ranking: 6/2 e 6/1.

Outro resultado surpreendente foi a derrota de Jelena Jankovic, #21, diante da convidada francesa Oceane Dodin, #128 (2/6, 7/5 e 6/3). A lista de cabeças de chave derrubadas ainda inclui a espanhola Carla Suárez Navarro, número 10 do mundo, que vinha de seis derrotas seguidas e tombou mais uma vez. A algoz do dia foi a tcheca Denisa Allertova, #77: 6/1 e 7/6(5). Por fim, mais um placar pouco surpreendente: a francesa Kristina Mladenovic, #40, derrubou Svetlana Kuznetsova, #30, por 6/3 e 7/5.

E já que o assunto são as surpresas do dia, talvez seja justo lembrar que Eugenie Bouchard venceu. Sim, a canadense que ficou sem treinador após a separação com Sam Sumyk e aceitou trabalhar (ainda que sem assumir compromisso) com Jimmy Connors, venceu e ficou numa boa, já que não terá mais Ivanovic na terceira rodada (por outro lado, talvez encontre Cibulkova).

Os brasileiros

Sem jogar nenhum torneio de preparação em quadras duras, piso em que ainda tem muito a evoluir, Teliana Pereira tinha um obstáculo muito difícil de superar nesta segunda-feira. E não passou da estreia. A russa Ekaterina Makarova, #13 do mundo e semifinalista do US Open em 2014, fez 6/3 e 6/3 e avançou sem sustos.

Segundo o comunicado de imprensa da brasileira, ela ficará em Nova York por alguns dias, para "continuar treinando e evoluindo meu jogo na quadra rápida." Ela está inscrita na chave de duplas ao lado da romena Andreea Mitu. Depois do US Open, Teliana joga no saibro dos ITFs de Biarritz (US$ 100 mil) e St. Malo (US$ 50 mil) antes de voltar para a quadra dura e disputar os WTAs de Wuhan, Pequim e Tianjin – todos na China.

Na chave masculina, a tarefa de Feijão era ainda mais ingrata: encarar Novak Djokovic no Estádio Arthur Ashe. Vindo de seis derrotas seguidas, o número 2 do Brasil pouco pôde fazer. O sérvio aplicou 6/1, 6/1 e 6/1 em apenas 1h17min e avançou de forma tranquila à segunda rodada.

Os vencedores na noite

Se a vitória de Serena Williams frustrou o público (leia abaixo), Rafael Nadal e Borna Coric compensaram. O espanhol, atual oitavo do ranking, fez dois bons sets, mas oscilou no terceiro e viu Coric aproveitar as chances que teve para estender a partida. A partida ganhou em emoção e qualidade e, no fim, o ex-número 1 foi melhor nos momentos mais apertados. Fez 6/3, 6/2, 4/6 e 6/4 e avançou à segunda rodada para enfrentar o argentino Diego Schwartzman.

As desistências

Os abandonos foram muitos nesse primeiro dia de US Open. O mais relevante deles foi o da russa Vitalia Diatchenko, #86, que começou a sentir dores durante o aquecimento e sofreu em quadra diante de Serena Williams. O jogo, que abriu a sessão noturna do Estádio Arthur Ashe, terminou quando a tenista da casa vencia por 6/0 e 2/0.

A desistência da russa reacendeu a polêmica das desistências de primeira rodada. Diatchenko, sem condições de ser competitiva, deveria desistir antes de entrar em quadra e abrir mão de um prêmio de US$ 39 mil? Sim, foi esse o valor que ela recebeu para pisar no Ashe nesta segunda-feira.

Difícil julgar. Igualmente difícil imaginar quantos tenistas abririam mão de quase US$ 40 mil. Será questão de mudar a regra? Até porque não foram poucas as desistências desta segunda-feira. A lista ainda inclui meia dúzia de nomes da chave masculina: Pablo Andújar, Radek Stepanek, Alexandr Dolgopolov, Gael Monfils, Yen-Hsun Lu e Florian Mayer.

Os motivos foram variados. Monfils, por exemplo, foi vítima desse tombo abaixo:

A mágica Que tal esse winner de Tommy Robredo na partida contra o alemão Michael Berrer? Não encontrei vídeo melhor, mas fica o tweet para registro porque dá para entender a enormidade do golpe do espanhol.

Robredo, #26, aliás, venceu o jogo por 6/2, 6/2 e 6/4 e vai encarar o australiano Sam Groth, que avançou após a desistência do ucraniano Alexandr Dolgopolov.

A entrevista durante a partida

Um dos momentos mais curiosos do dia foi a entrevista da americana Coco Vandeweghe, #45, que aceitou falar com a ESPN americana após vencer o primeiro set na partida contra a compatriota Sloane Stephens, #29. Olha só:

Integrantes da equipe da ESPN afirmaram que se tratava de uma escolha da tenista, que poderia aceitar (ou não, claro) conversar com o canal após vencer um set. Vandeweghe topou. O momento causou certa polêmica. A ex-número 1 do mundo Caroline Wozniacki, atual #5, sugeriu que o melhor a fazer era se concentrar na partida.

Não é a primeira vez que acontece em um torneio, mas foi a primeira em um Grand Slam. E Wozniacki não foi a única a se manifestar contra as entrevistas. A iniciativa, no entanto, dividiu opiniões. Minha opinião? Se o tenista concordar e não atrasar a partida, tudo bem. A questão é saber se algum atleta terá algo relevante a dizer nesses momentos. Não foi bem o caso de Vandeweghe.

Coco, aliás, derrotou Sloane por 6/4 e 6/3 e vai enfrentar Bathanie Mattek-Sands na segunda rodada. Quem avançar provavelmente terá o direito de enfrentar Serena Williams por um lugar nas oitavas de final.

A solidariedade

Ao ver o alemão Florian Mayer sentindo dores no fundo de quadra, o eslovaco Martin Klizan atravessou a quadra e sentou-se ao lado do adversário para bater um papo amigável. Mayer, que venceu a primeira parcial por 7/6(5) e perdeu as duas seguintes, acabou abandonando quando perdia o quarto set por 3/0. Klizan, #36, vai enfrentar Jeremy Chardy, #27, na segunda fase.

O momento fashion Que tal o modelito de Feliciano López em seu primeiro jogo no US Open? Acho que se faz justa a comparação com os shorts da sorte de Stan Wawrinka (aquele de Roland Garros)…

O que importa mesmo é que López fez 7/6(5), 6/1 e 6/3 sobre o georgiano Nikoloz Basilashvili e avançou no torneio. O espanhol agora fará um jogo bastante interessante contra o americano Mardy Fish, que faz sua despedida das quadras.

Vale apontar que Fish pediu à organização para fazer seu primeiro jogo na Grandstand, que é apenas a terceira maior quadra do complexo. O americano de 33 anos queria um ambiente mais caloroso, com a torcida perto e fazendo barulho. Deu certo. Ele derrotou o italiano Marco Cecchinato por 6/7(5), 6/3, 6/1 e 6/3.

A Grandstand é, para muitos, a melhor quadra para se ver uma partida no US Open. Todos lugares ficam perto o bastante da quadra, o que deixa o ambiente excelente para todo mundo. Pena que a USTA já decidiu demolir a Grandstand atual e construir outra, maior, em outra parte do complexo. Tudo em nome de vender mais ingressos.

Não custa perguntar

Mais uma do mundo fashion: Belinda Bencic, 18 anos e número 12 do mundo, soltou no Twitter a pergunta que muita gente anda fazendo nos últimos tempos. "Os shorts de Nadal estão ficando cada vez mais curtos?"

Se é mérito/culpa da recente campanha da Tommy, não sei, mas as moças vêm prestando bastante atenção em Nadal ultimamente. Enquanto o espanhol suava contra Coric (e Bencic apagava o tweet acima!), a francesa Alizé Cornet postou o tweet abaixo:

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.


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