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Um raro feito inédito para Djokovic

Alexandre Cossenza

20/04/2015 09h42

Duas semanas atrás, quando escrevi sobre o título de Novak Djokovic em Miami, citei brevemente sua espetacular temporada de 2011. Naquele ano, Nole chegou invicto a Roland Garros, vencendo o Australian Open e todos os Masters que disputou. Pois sste ano, também campeão em Melbourne, Indian Wells e Miami (embora não mais invicto), o número 1 do mundo já tem uma estatística inédita: ao derrotar Tomas Berdych na final em Monte Carlo, Djokovic tornou-se o primeiro tenista da história a vencer os três primeiros Masters 1.000 do ano.

Em 2011, lembremos, Nole decidiu não ir a Monte Carlo porque sua família era dona do (hoje falecido) ATP 250 de Belgrado, disputado no saibro, na semana seguinte à do torneio do principado. Se jogasse em Mônaco, Djokovic teria que jogar quatro semanas seguidas, emendando com Madri e Roma. Agora, sem a "pressão" de jogar em seu país, já pode voltar a disputar os três Masters da terra batida sem se preocupar com a fadiga.

Não há muito a dizer sobre o sérvio por enquanto – além do que já foi escrito neste blog. Se foi campeão em Indian Wells e Miami sem ser espetacular, ganhou Monte Carlo com sobras, mesmo com boas atuações de Rafael Nadal e Tomas Berdych. O tcheco, aliás, merece destaque por ter sido o único a roubar um set do número 1. Quando conseguiu agredir nas devoluções e atacar com precisão assustadora, Berdych incomodou. No fim, como quase sempre (e como quase sempre sou forçado a escrever), Djokovic foi mais consistente e triunfou.

O contente Rafa

Para Rafael Nadal, a derrota nas semifinais no principado está abaixo da média de seu currículo, mas o tênis mostrado na semana é uma série de passos à frente em relação às atuações instáveis do início de ano. Em Monte Carlo, Nadal foi mais Nadal até quando perdeu sets para John Isner e David Ferrer.

Primeiro porque a combinação saibro pesado + bolas altas de Nadal não é tão ruim para o americano quanto parece. As bolas altas pouco incomodam um cidadão de 2,08m de altura e, se o saque perde eficiência na velocidade da quadra, Isner ganha tempo para subir à rede. Com Nadal posicionado quase em Marrocos para devolver o saque, o grandalhão podia sacar angulado e chegar bem na rede para volear curto ou longo, com a quadra aberta.

Além disso, Ferrer provavelmente é o tenista que, hoje em dia, mais exige consistência na troca de bolas de um adversário – fora Djokovic, é claro. E se é verdade que Nadal perdeu a chance de fechar a partida em dois sets, também é inegável que seu terceiro set foi competente do início ao fim.

O despreocupado Federer

Quanto a Roger Federer, a ida a Monte Carlo rendeu pouco. A derrota nas oitavas de final, diante de um eficiente Gael Monfils, lhe deixou mais longe de Novak Djokovic, que agora tem 5.460 assustadores pontos de vantagem na liderança do ranking mundial. Tampouco é possível rotular como o início ideal para uma boa preparação no saibro europeu.

O lado positivo é que Federer não parece preocupado com o resultado em um torneio que ele preferiu nem jogar em um punhado de ocasiões. Embora não admita publicamente, o atual número 2 do mundo já não parece disposto aos esforços necessários para triunfar na terra batida europeia, que eventualmente requer partidas longas e com pouco tempo de intervalo entre elas.

Coisas que eu acho que acho:

– Vale apontar a curiosidade para dar uma noção melhor do que significa a vantagem de Djokovic na liderança do ranking. Após Monte Carlo, são 5.460 pontos de diferença entre ele e o número 2, Roger Federer. E do suíço até o outro suíço, Stan Wawrinka, atual décimo do ranking, são 4.890. Não é pouco.

– Nadal volta para número 4, o que lhe coloca numa posição melhor antes de Roland Garros – evitando um possível confronto com Djokovic logo nas quartas. Não parece provável, contudo, que ele chegue a Paris como número 2. Entre o espanhol e Roger Federer há, atualmente, 2.950 pontos.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

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