Masters 1.000 ameaçam processar ATP
Alexandre Cossenza
18/12/2014 07h00
O aumento no valor dos prêmios em dinheiro anunciado pela ATP (vide post de ontem) não deixou todo mundo satisfeito. Os nove torneios da série Masters 1.000, que terão de bancar um reajuste anual de 11% até 2018, estão ameaçando levar a entidade que controla o circuito masculino à justiça. Quem deu a notícia foi o Sports Business Daily, que teve acesso a uma carta enviada pelos diretores dos eventos.
Segundo a publicação, a carta endereçada a Chris Kermode, principal executivo da ATP, diz que "os Eventos não estão dispostos a colocar em risco suas atividades e concordar com as exigências insustentáveis buscadas pelos representantes do conselho de jogadores. Se a direção da ATP votar pela aprovação do aumento do prêmio em dinheiro nos Eventos sem um único voto a favor dos representantes dos torneios, então os Eventos não terão escolha a não ser examinar cuidadosamente e buscar seus direitos e medidas legais."
E aconteceu exatamente o que os representantes dos Masters 1.000 previam no documento. O reajuste foi aprovado por 4 votos a 3, com três votos a favor vindo dos representantes dos atletas e três votos contra vindo dos representantes dos torneios. Kermode deu o voto decisivo a favor dos tenistas.
Os torneios ofereceram um aumento anual de 5,8% durante as próximas quatro temporadas além de uma divisão dos lucros vindo do contrato com a ATP Media. Segundo relata o Sports Business Daily, o total disso resultaria em 11% anuais. Os jogadores, por sua vez, pediram 17%, mas aceitaram os 11% quando Kermode prometeu votar a favor do reajuste. O chefão da ATP ainda prometeu dar 3% dos cofres da ATP, o que resultou nos 14% que foram aprovados. O detalhe é que os atletas não concordaram com a inclusão da verba da ATP Media na divisão. Assim, os 11% sairão inteiramente dos torneios.
Quando o politicamente correto sai caro
Segundo a reportagem, os torneios queriam encontrar uma maneira de aumentar o prêmio em dinheiro dos homens, mas não igualar no feminino. Por isso, a sugestão de incluir uma fatia proveniente da ATP Media. Caso os Masters combinados conseguissem a aprovação dos 5,8% sugeridos, precisariam apenas igualar os 5,8% na chave feminina – o dinheiro da ATP Media iria só para a chave masculina, obviamente. Da maneira com que o reajuste foi aprovado, todos os torneios com chave feminina terão, em nome do politicamente correto, que igualar os 11% para as mulheres.
A resposta da ATP foi tão forte quanto a carta enviada pelos Masters. Assinado por seu responsável por assuntos jurídicos, Mark Young, o texto diz que "não temos a intenção de responder a nenhuma das várias declarações expressas ou implícitas em sua carta, exceto para comunicar que a ATP espera que cada torneio integrante (do circuito) cumpra regras, resoluções ou acordos da ATP, incluindo, sem limitar-se a, quaisquer regras ou resoluções da ATP relacionadas a prêmio em dinheiro (ou qualquer outro assunto) pelo conselho da ATP."
Sobre o autor
Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org
Sobre o blog
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