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Guga revela cirurgia “secreta”

Alexandre Cossenza

26/09/2014 15h47

"Guga, um Brasileiro" não é um livro de grandes revelações. É uma bela biografia de Gustavo Kuerten que traça o perfil do tricampeão de Roland Garros desde sua infância, recheada de casos pitorescos, mas com poucas novidades sobre o período de atleta. A não ser por uma, citada quase casualmente na página 345: Guga passou por três cirurgias no quadril, e não duas, como sempre afirmou (e como sempre foi dito por sua assessoria de imprensa).

A terceira operação foi realizada em março de 2006, na cidade de Vail, no estado americano do Colorado, pelo mesmo médico que conduziu o procedimento anterior: o americano Marc Philippon. No livro, Guga conta que o pós-operatório foram "os dois meses mais agoniantes da vida". "Fazia um frio glacial no inverno americano de 2006. Mal dava para pôr o nariz para fora. Passava os dias no quarto minúsculo de um hotel de terceira categoria. Minha perna ficou inchada, parecia que tinha um elefante embaixo de mim. Por dois meses, não pude colocar o pé no chão. Dormia com a perna para cima, amarrada a uma roldana. Só saía do hotel três vezes por dia para as sessões intermináveis de fisioterapia, a primeira às sete, depois às onze, por fim às cinco da tarde, todas a peso de ouro, numa conta que chegava fácil a dez mil dólares por mês".

O catarinense conta ainda que, assim como na segunda cirurgia (realizada em 2004), os médicos disseram que o procedimento havia sido um sucesso. Logo ficou claro – e hoje todo mundo sabe disso – que Guga nunca esteve sequer perto de retomar o nível atlético de antes. Isso e a frustração por estar esgotando os recursos na tentativa de voltar a jogar o tênis de antes fizeram com que o tricampeão de Roland Garros preferisse nunca falar abertamente sobre essa terceira cirurgia. A informação, até a publicação de "Guga, um brasileiro", só era conhecida por pessoas íntimas e do meio do tênis.

A mensagem
A biografia de Guga não é bombástica como a de Agassi. Pelo contrário. O catarinense sempre evitou polêmicas e não fez diferente agora. As únicas brigas políticas relatadas no livro são as que todo mundo já conhecia, como a disputa com o Comitê Olímpico Brasileiro antas dos Jogos de Sydney, em 2000, e o boicote à Copa Davis em 2004, em protesto contra a direção de Confederação Brasileira de Tênis. Vale pelas memórias, não pelas novidades.

Se há uma comparação que pode ser feita, é que o livro de Guga segue uma direção parecida com a da biografia de Rafael Nadal, escrita pelo inglês John Carlin. Enquanto lembra da infância e relata momentos que contribuíram para formar a personalidade de Guga como atleta e pessoa, a publicação conta, pelos olhos e com as palavras do tenista, seus maiores feitos dentro de quadra.

A intenção de Guga com o livro está estampada na capa, logo abaixo de seu nome. "Um brasileiro" significa que o catarinense é produto do país que nasceu e que "com suor, sorrisos e lágrimas, aconteceu comigo o que poderia acontecer com qualquer brasileiro". Vale a leitura até para quem não é fã de tênis.

No Rio de Janeiro
Guga, que lançou seu livro em São Paulo, durante a semana que antecedeu a Copa Davis, fará uma noite de autógrafos quarta-feira, no Rio de Janeiro. O evento será na Livraria da Travessa do Shopping Leblon a partir das 18h. Recomendo que cheguem cedo. A fila de autógrafos em São Paulo era de contornar o quarteirão. A quem quiser comprar desde já, segue o link.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.


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