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O bom e velho Nadal

Alexandre Cossenza

05/06/2014 12h31

Acompanhar o desenvolvimento da chave masculina em Roland Garros foi interessante especialmente pela expectativa criada desde sempre para uma final entre Rafael Nadal e Novak Djokovic. Pela segunda vez, o sérvio chegou ao Grand Slam do saibro como o mais cotado nas casas de apostas – certamente impulsionado pela recente vitória na final do Masters 1.000 de Roma. E, uma vez em Paris, rodada após rodada, os dois deram seguidas demonstrações de força.

A mais recente delas veio nesta quarta-feira, com Rafael Nadal dominando o compatriota David Ferrer. A expectativa era de uma partida equilibrada. Ferrer vinha de duas vitórias consecutivas sobre o número 1 do mundo – uma há pouco tempo, em Monte Carlo – e conseguiu, em ambas, impôr-se ofensivamente. Junto a isso, as dores nas costas e os consequentes saques nada intimidadores de Nadal em Roland Garros pareciam dar a margem que o adversário precisava para continuar comandando os pontos desde a primeira bola.

Foi assim no primeiro set. Ferrer atacou quando pôde e defendeu-se como sempre. Conseguiu duas quebras de saque e fez 6/4. "Quando pôde" é a chave na frase acima. O atual número 5 do mundo não é um tenista defensivo por definição. Sempre que consegue, toma a iniciativa e tenta definir os pontos. Suas bolas, contudo, não são as mais potentes do circuito. Em muitas ocasiões (a maioria delas contra os adversários de melhor ranking), Ferrer é forçado a correr atrás da bola, o que lhe dá uma reputação de "devolvedor" que não é tão justa assim. Defender, para o espanhol, não é opção. É necessidade.

E foi uma senhora necessidade depois que perdeu o segundo set por 6/4 e viu Nadal agigantar-se dali em diante. Ainda que sacando a uma velocidade média de apenas 174 km/h (no primeiro serviço), o octocampeão de Roland Garros foi monstruoso desde que Ferrer abriu a terceira parcial com quatro erros não forçados. Sem cometer nenhum erro não forçado (nenhunzinho mesmo), aplicou um pneu e tomou as rédeas do confronto. Ferrer, tão agressivo no começo, já não via mais chances de dominar as trocas de bola.

Nadal completou a vitória com outro set quase perfeito (6/1, com apenas três erros cometidos), jogando seu melhor tênis de 2014 e fazendo seus fãs acreditarem mais do que nunca que o nono título é bastante possível. Antes da final, porém, será preciso passar por Andy Murray. O britânico certamente tem uma devolução capaz de incomodar mais o número 1, mas não vem demonstrando a consistência necessária para superar Nadal no saibro.

Na outra semi, Novak Djokovic deve ter seu maior teste do torneio. O sérvio vem de vitórias maiúsculas sobre Cilic, Tsonga e Raonic, nomes que poderiam lhe causar trabalho em quadra dura, mas não no saibro. Muito menos em melhor de cinco. Ernests Gulbis, vindo de triunfos sobre Roger Federer e Tomas Berdych, chega cheio de moral e com um arsenal que pode, sim, causar problemas ao número 2 do mundo. Resta saber se será o bastante para vencer três sets.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.


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