Thomaz Bellucci venceu seu primeiro desafio em Roland Garros. Precisou de cinco sets e desperdiçou vantagens no terceiro e no quarto, mas venceu depois de 2h55min de jogo. Aplicou 6/2, 6/4, 3/6, 4/6 e 6/2 no alemão Benjamin Becker, que nunca venceu um jogo de chave principal em Paris. Aliás, Becker sequer havia vencido um set no Grand Slam francês até que o brasileiro lhe abriu as portas do jogo com uma série de erros na terceira parcial.

Não, o alemão não elevou seu nível de jogo nem promoveu nenhuma mudança tática relevante. Becker fez apenas o que o vestiário inteiro da ATP já sabe que precisa fazer diante de Thomaz Bellucci. Becker ficou em quadra e esperou pelos aparentemente inevitáveis momentos de instabilidade do brasileiro. Eles vieram e, de repente, uma partida bem encaminhada rumava para um quinto set.

"Ufa, poderia ter sido mais fácil, Acabei deixando ele (Becker) entrar no jogo, depois de um game muito ruim no terceiro set e me restou vencer na raça mesmo. Foi muito bom mentalmente ter conseguido ficar no jogo no quinto set, principalmente depois de ter perdido o terceiro e quarto sets com um quebra de vantagem. Jogo no saibro é assim, mesmo com quebra na frente nada está decidido. Também foi muito positivo ter aguentado fisicamente bem os cinco sets", disse Bellucci.

Vale notar que não foi lá uma partida de alto nível e, do mesmo jeito que Bellucci facilitou a vida do adversário, Becker desandou a errar na parcial decisiva. O brasileiro foi, digamos, menos ruim na hora mais importante. Quanto à questão física, eu discordo levemente quando Bellucci diz que foi importante aguentar. O duelo, ao todo, durou menos de três horas e foi disputado sob temperatura bastante amena. A impressão que ficou é que a paciência e o coração da torcida foram mais testados do que o físico de Bellucci nesta segunda-feira…

Na próxima rodada, o número 1 do Brasil, que provavelmente voltará ao top 100 após Roland Garros, enfrentará o italiano Fabio Fognini. Com a quantidade de pólvora armazenada e pavios nada longos, o duelo tem potencial para ser divertidíssimo. É impossível prever. Pode ser tanto uma partida de altíssimo nível quanto um jogo de altos e baixos, reclamações e raquetes quebradas. Ou os dois ao mesmo tempo. A única certeza é que será ótimo de acompanhar.

Coisas que eu acho que acho:

– É muito, muito ruim para Bellucci que o circuito inteiro já saiba de sua fragilidade. Com dois sets abaixo, um tenista como Benjamin Becker tenderia a desistir mentalmente. Ora, tratava-se de um tenista que já havia feito cinco partidas sem vencer um set no torneio. Mas Becker sabia o que esperar de seu adversário e, por pouco, não foi recompensado com uma vitória improvável.

– Louvável o esforço do Bandsports de exibir um jogo que não estava em uma quadra com transmissão "oficial". A equipe do canal repetiu um bocado de vezes que tratava-se de uma quadra "experimental", o que soava mais como uma cancha com saibro roxo, luz baixa e Velvet Underground tocando no fundo. No fim, contudo, foi uma boa transmissão, ainda que com um delay no som em alguns momentos – bem melhor do que filmar a câmera de circuito interno, o que o SporTV fez uns anos atrás para mostrar Thiago Alves.

– Ainda sobre o Bandsports, vale lembrar que Flávio Saretta e Ricardo Mello fazem muito bem às transmissões. Eles compensam a equipe de narradores, que não consegue esconder a pouca intimidade com a modalidade.