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Saque e Voleio

Os 5 melhores jogos masculinos de 2019

Alexandre Cossenza

13/12/2019 04h00

Chegou a hora de lembrar das cinco partidas mais legais de ver em 2019. A lista não foi tão difícil assim de fazer. Afinal, na prática é uma relação de quatro jogos. A final de Wimbledon, com o 40/15, a torcida monotônica, o dedinho, os três tie-breaks e tudo que aquilo evolveu é uma escolha unânime para a primeira posição – ou, pelo menos, deveria ser.

Abaixo, listo meus cinco jogos preferidos de 2019, explicando os motivos pelos quais os encaixei nessa ordem. E, claro, vídeos para viajar e lembrar de momentos espetaculares e cruciais da temporada. Sinta-se à vontade, leitor, para discordar e deixar nos comentários os seus jogos preferidos.

1. Djokovic d. Federer 7/6(5), 1/6, 7/6(4), 4/6 e 13/12(3) – Wimbledon, Final

Não foi um duelo de ralis espetaculares. Foi, contudo, um encontro de nível altíssimo, com margens mínimas para vacilos. Roger Federer sacou magistralmente e foi espetacular até sacar em 8/7 e 40/15 no quinto set. Novak Djokovic não encontrou o serviço do rival durante a maior parte do jogo e teve de lidar com uma torcida maciçamente contra – beirando a hostilidade para os padrões de Wimbledon.

Melhor que isso, só se Wimbledon tivesse abandonado a ideia de terminar, pela primeira vez em sua história, uma final com um tie-break. Se serve de consolo, até isso serviu para mostrar a frieza de Djokovic, que venceu os três games de desempate. O sérvio, aliás, fez menos aces, teve menos break points, disparou 40 winners a menos e, no total, ganhou 14 pontos a menos. Ganhou, contudo, os mais importantes. Vale rever!

2. Nadal d. Medvedev 7/5, 6/3, 5/7, 4/6 e 6/4 – US Open, Final

Por dois sets e meio, o segundo domingo do US Open seguiu fielmente o roteiro manjado do jogo entre entre o veterano multicampeão e o jovem que alcança uma decisão pela primeira vez. Até que Daniil Medvedev salva break point, quebra Rafael Nadal no fim do terceiro set e muda radicalmente a história do jogo. O russo não só venceu também o quarto set como parecia o melhor tenista em quadra no começo do quinto.

E não foi só isso. Quando Rafa parecia ter o jogo decidido, Medvedev ainda tirou energia para devolver uma quebra e conquistar outro break point no quinto set. Foi um duelo tático de altíssimo nível, com o adicional do elemento físico e do drama criado com a hipótese de uma improvável virada crescendo a cada minuto. Em outras temporadas, teria sido o grande jogo do ano. Em 2019, porém… Wimbledon, 40/15, dedinho…

3. Wawrinka d. Tsitsipas 7/6(6), 5/7, 6/4, 3/6 e 8/6 – Roland Garros, Oitavas

Parece impossível fazer uma lista de fim de ano sem incluir uma vitória de Stan Wawrinka. Quando o jogo do suíço encaixa, é apaixonante. Neste caso, a menção vale também pela atuação de Stefanos Tsitsipas. O grego, aliás, parecia o melhor tenista em quadra durante a maior parte do quinto set.

Wawrinka, é bom que se diga, foi perfeitos nos momentos mais delicados. Salvou três break points no primeiro game, mais dois no quinto e outros três no 11º – tudo isso no quinto set. Tsitsipas só foi encarar break points no 14º game da parcial. Outro momento em que Wawrinka foi melhor.

4. Bautista Agut d. Murray 6/4, 6/4, 6/7(5), 6/7(4) e 6/2 – Australian Open, 1ª rodada

Apenas pelo mérito técnico, a partida não entraria em um top 5 de 2019, mas este duelo de primeira rodada do Australian Open tinha um elemento dramático que fez toda a diferença: poderia ser o último jogo da carreira de Andy Murray, que ainda não tinha decidido passar por outra cirurgia no quadril e tinha concedido uma coletiva carregada de emoção e lágrimas poucos dias antes. O duelo ainda ganhou em emoção quando o escocês tirou energia não se sabe de onde para esticar a partida, vencendo tie-breaks no quarto e no quinto sets. Valeu pela emoção, valeu pela luta que caracterizou toda a carreira de Murray, valeu pela homenagem em quadra e valeu pelas lágrimas.

5. Thiem d. Djokovic 6/7(5), 6/3 e 7/6(5) – ATP Finals, Fase de Grupos

O único jogo desta lista que não foi num slam (quase sempre dou preferência a partidas em que há mais em jogo) foi um dos melhores do ano por causa da atuação ofensiva espetacular de Dominic Thiem. O austríaco foi tão assustador que provocou declarações relevantes do sérvio, como "ele foi inacreditável e, em alguns momentos, era simplesmente incrível que ele estava espancando a bola com toda sua força e elas estavam entrando."

Obviamente, o duelo não seria tão bom e não teria chegado ao tie-break do terceiro set sem uma ótima atuação (não apenas) defensiva de Djokovic. O sérvio, aliás, esteve vencendo o game final por 4/1 – e Thiem conseguiu uma virada memorável. Revejam!

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.