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Saque e Voleio

Federer toma 'choque', mas quebra novo recorde e vai à segunda rodada em Wimbledon

Alexandre Cossenza

02/07/2019 12h38

De um lado, um veterano octocampeão em grande forma, campeão do ATP de Halle há pouco mais de uma semana e participando de Wimbledon pela 21ª vez seguida – um recorde na Era Aberta. Do outro, um jovem de 22 anos, número 86 do mundo, que jamais passou da segunda rodada em um slam. Fácil dizer que Roger Federer era favoritíssimo contra o sul-africano Lloyd Harris. Na prática, porém, não foi tão fácil assim. O suíço tomou um susto no primeiro set e só avançou depois de perder um set e precisar protagonizar uma virada: 3/6, 6/1, 6/2 e 6/2.

Na segunda rodada, o suíço, cabeça de chave número 2 vai enfrentar o vencedor do jogo entre o convidado britânico Jay Clarke e o qualifier americano Noah Rubin. Em busca do nono título no All England Club, o suíço será enormemente favorito mais uma vez.

O recorde e a longevidade

Ao pisar na Quadra Central nesta terça-feira, Federer se tornou o primeiro tenista da Era Aberta a participar do Torneio de Wimbledon 21 vezes seguidas. Ele deixa para trás o americano Jimmy Connors, com quem dividia a marca. Roger agora soma 96 vitórias no evento e disputará a segunda rodada pelo 17º ano consecutivo.

Federer também ampliou outro recorde absoluto: esta edição de Wimbledon significa seu 77º slam disputado na carreira. Na história do tênis, ninguém jogou tantos torneios deste nível. O segundo colocado é o espanhol Feliciano López, também de 37 anos, que acumula 71 slams no currículo.

O relato

Se o jovem Harris sentiu o peso de estar na quadra mais importante do tênis mundial diante do maior campeão de Wimbledon, não demonstrou no primeiro set. Entrou jogando um tênis agressivo, sacando bem e dando pouquíssimos pontos de graça – cometeu apenas três erros não forçados no primeiro set. Federer, por outro lado, não fez muito com seu primeiro serviço (53% de pontos vencidos) e pagou o preço, perdendo o saque no sexto game. Harris aproveitou e, depois de salvar um break point no nono game, fechou a parcial em 6/3.

Não demorou, porém, para que o veterano começasse a impor seu jogo. Seu saque passou a funcionar melhor, e Harris não manteve a solidez do início. Já no quarto game, o sul-africano salvou dois break points, mas errou uma direita fácil e perdeu seu serviço pela primeira vez. Federer abriu 4/1 na sequência e, como quase sempre, aproveitou a vantagem para jogar ainda mais solto e tomar as rédeas da partida até fazer 6/1. Curiosamente, Roger acertou apenas 37% de primeiro serviço, mas venceu 86% dos pontos com o primeiro saque e 83% com o segundo.

Depois disso, Harris mal ameaçou. Federer anotou uma quebra logo no terceiro game do terceiro set, e o sul-africano não conseguiu encontrar soluções para equilibrar a partida. O favorito tinha mais recursos, executava melhor e não abria brechas para uma reação do azarão. Antes do quarto set, Harris pediu atendimento médico. O jovem voltou para a quadra, mas não mostrou condições de voltar a emparelhar o jogo. Federer, então, fez o seu e completou a virada.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.