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Saque e Voleio

'Jogando Junto': minutos de sabedoria por Meligeni

Alexandre Cossenza

18/06/2019 05h00

Fernando Nardini foi preciso quando classificou "Jogando Junto", novo livro de Fernando Meligeni, como uma versão tenística de "Minutos de Sabedoria". Trata-se, de fato, de um livro de cabeceira, com linguagem simples e direta, para quem pratica o esporte em qualquer nível. É daquelas publicações que você pode, antes de sair para o clube, abrir em uma página qualquer e ler algo que vai te fazer alguma diferença, seja lembrando de um costume que você perdeu ou de algo que mentalmente vai te ajudar em uma partida.

Em 234 páginas, Meligeni distribui o que ele chama de "132 insights para te ajudar em quadra", que estão divididos em oito seções: preparando junto, competindo junto, sentindo medo junto, aprendendo junto, treinando junto, sendo desafiado, importante e equipe joga junta. Listo abaixo cinco dos meus insights preferidos (com seus respectivos números conforme publicados), aproveitando para fazer um lembrete importante aos leitores cariocas: Meligeni fará uma noite de lançamento do livro na Livraria Travessa do Shopping Leblon amanhã, dia 19 de junho, das 19h às 22h.

21. Padrão

Leia muitas vezes. Trabalhe muito isso. Todos os jogadores bons têm um padrão de jogo. Mais do que isso, sabem exatamente como é seu padrão e aonde eles querem chegar com sua tática. Padrão de jogo é uma forma bonita de chamar estilo e tática em conjunto.

Ter padrão é saber o que fazer e quando fazer com a bola. O Nadal é um jogador de base que joga passos atrás da linha com seu forehand, fugindo da esquerda e armando com seu drive na cruzada, esperando a bola curta.

Quando entendemos como jogamos, fica muito mais fácil pensar como vamos jogar contra cada adversário. O respeito com nosso padrão é fundamental para ser bem-sucedido no jogo.

Um dado interessante em que eu acredito é que um bom atleta joga tênis mais ou menos 80% no padrão e apenas 20% na variação. O tenista precisa ter volume de jogo. Somente os que jogam diferente, como os gigantes que sacam a 230 km/h e, por serem altos demais, se mexem mal e jogam com menos volume. Mas mesmo assim respeitam um padrão.

Quando você vê um tenista fazer muita jogada diferente, slice, curta, alta e rápida no mesmo ponto, desconfie. Se você jogar de forma firme e sólida, provavelmente vai ganhar dele. São poucos os que conseguem jogar assim. Mas esses são os chamados fora da curva, extremamente habilidosos. Se não for o seu caso, conheça o seu padrão e jogue com ele o tempo todo.

26. Ter paciência não é empurrar a bola

Tênis é um esporte de erros. Ganha normalmente quem erra menos. Nem por isso você tem que entrar em quadra só para jogar a bola do outro lado. Ter paciência, no meu vocabulário, é escolher bem suas jogadas e não empurrar a direita ou a esquerda. Temos a tendência de estourar e nos livrarmos da bola. Muitas vezes seu adversário está mais cansado ou nervoso do que você, mas você não percebe e erra antes.

No jogo é preciso entender que o normal é o ponto durar no mínimo quatro bolas. Antes disso, você tem que preparar o ponto. Atenção às primeiras duas bolas do ponto, quase tudo acontece até a terceira bola.

58. Medo de ser bom

Inacreditável, mas o tenista tem muito medo de ser bom. Quando ele começa a jogar bem, é o último a perceber, o último a acreditar.

Vejo quase sempre o jogador batendo bem na bola, bem fisicamente, entendendo o que tem que fazer, jogando claramente dentro de suas características, mas não consegue vencer. Se sentiu representado com essa descrição? Você pode ser um desses atletas que tem medo de ser bom.

Se conseguir perceber isso, já dará um grande passo para a solução. Pense menos nas consequências e ataque as saídas. Para mim, uma das melhores soluções é ter claro o que tem que fazer e focar nisso. As possibilidades, os ganhos ou perdas devem ficar em segundo plano. A cabeça do jogador tende a pensar negativo, a duvidar. Não ache que isso não vai acontecer, já busque a solução. Pense em como você vai ganhar o próximo ponto, qual será a estratégia. Se você conseguir pensar em uma tática, parará automaticamente de pensar nas consequências.

Na hora da dúvida, reforce sua estratégia. Acredite no que você se propôs a fazer desde que entrou em quadra. Tenha paciência com você e seus erros. O salto para o próximo estágio é muito mais simples e possível do que você acha. Acredite em você e não dê mais desculpas bobas.

68. Ganhou

A mesma atitude [que nas derrotas – o insight 67 do livro se chama "Perdeu"] você deve ter quando ganha, tentar ser o mais educado possível. Da mesma forma que dói quando você perde, seu adversário está triste por não ter vencido.

Não dê risadinhas, não mostre superioridade ou faça comentários bobos. Vá até ele, aperte e mão e fale algo como "bom jogo" ou "valeu". Se o relacionamento for bom, você pode falar um pouco mais.

Elogie se o jogo foi bom, mas cuidado com o que você fala. Esse é um momento em que será julgado, por isso não passe a impressão de ser um mascarado ou um babaca.

Evite dancinhas e gestos efusivos, pois quase sempre são mal interpretados. Fique feliz, respeite o adversário e vá para fora da quadra.

114. Ler ajuda

Em um dos tópicos falei sobre a importância de cuidar do corpo e não ficar o dia todo passeando no clube ou na cidade. Você precisa de muito descanso e, para isso, deve ficar mais tempo do que normalmente fica isolado no quarto do hotel.

Uma alternativa para esse tempo de ócio é a leitura. Vejo tenistas jogando cartas, mexendo no celular, mandando mensagens, postando fotos, mas quase ninguém lendo.

A leitura abre a cabeça. Te faz amadurecer e conhecer muitos outros assuntos e sair um pouco da pressão do dia a dia. Nos meus tempos de jogador, comecei a ler livros de um escritor chamado Christian Jacq sobre o Egito e os faraós (cada um tem suas preferências). Mas no começo do profissional li muitos livros de Sidney Sheldon. As histórias são simples e envolventes. Você não precisa ler exatamente esses autores, pode escolher o que te agrada mais. O que ajuda é conhecer a leitura e se envolver nela.

Não prometo que você vai jogar melhor se ler, mas com certeza terá muito mais conteúdo e inteligência.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.