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Saque e Voleio

O que Roger Federer precisa fazer para finalmente bater Rafael Nadal em Roland Garros

Alexandre Cossenza

06/06/2019 04h00

Para Roger Federer, o histórico de confrontos diretos é negativo: são 15 vitórias e 23 derrotas. No saibro, pior ainda: dois triunfos, 13 reveses. Nenhum resultado positivo em sete encontros disputados em melhor de cinco sets no piso. Em Roland Garros, o placar é de 5 a 0 para Rafael Nadal. Por isso, o espanhol, campeão 11 vezes do slam parisiense, entrará em quadra nesta sexta-feira, às 8h (de Brasília), como claro favorito.

Apesar disso, o suíço chega a essa partida com alguns fatores a seu favor. O principal deles é a sequência de cinco vitórias sobre Nadal de 2015 até hoje. É bem verdade que foram cinco encontros em quadra dura, mas o aspecto mental deve ser considerado. Além disso, Federer vem encarando esse torneio de Roland Garros como se fosse um grande azarão, e foi jogando solto assim que ele virou a memorável final do Australian Open de 2017.

Só que passado e moral não ganham jogo, e há um trio de coisas nada fáceis que Federer vai precisar fazer – além do que já faz habitualmente bem – para finalmente bater Rafael Nadal em Roland Garros:

1) Backhand sólido

Comecemos pelo óbvio. A dinâmica que sempre jogou a favor de Nadal no confronto com Federer foi a troca de forehands cruzados do espanhol com a esquerda (backhand) do suíço. Com o saibro – especialmente em um dia seco – a bola de Rafa ganha altura após o quique e força Roger a bater o backhand alto com frequência, o que não é nada fácil de fazer. Federer teve muito sucesso com o backhand nas vitórias recentes, mas sua tarefa fica um pouco mais fácil em quadras duras, tanto pelo quique mais baixo quanto pela previsibilidade do quique. De qualquer modo, é essencial para o suíço conseguir não só sustentar a troca de bola com sua esquerda, mas também surpreender e agredir Nadal com bolas vencedoras saindo daquele lado.

2) Devolução agressiva

Outro elemento que frequentemente jogou a favor de Rafa nos duelos com Federer foi a devolução de backhand do suíço. Roger passou muito tempo devolvendo de slice (que não incomoda tanto Nadal quanto a maioria do circuito) ou apenas bloqueando os serviços do rival. Isso deixa Nadal em vantagem na maioria dos pontos iniciados do lado da vantagem (lado esquerdo da quadra) e explica parcialmente o péssimo aproveitamento de Federer em break points contra Rafa.

Desde aquele duelo na final do Australian Open, Federer vem sendo mais agressivo, posicionando-se sempre perto da linha de base e atacando com um backhand batido, tirando o tempo de Nadal. Obviamente, é algo muito mais fácil de fazer na quadra dura do que no saibro, onde o quique da bola varia mais – inclusive durante a partida – mas é algo que Federer provavelmente vai precisar para colocar o espanhol sob pressão com frequência.

3) Saque angulado + saque-e-voleio controlado

Porcentagem, posicionamento de bola e variação. A combinação perfeita no serviço vale para qualquer partida, obviamente, mas torna-se mais importante num piso em que Nadal costuma ter a vantagem nas trocas do fundo de quadra. Além disso, Roger pode fazer um par de coisas específicas que funcionam bem contra Rafa. Uma delas é o saque angulado do lado do "iguais". Com o espanhol devolvendo muito atrás da linha de base, deslocá-lo na diagonal e forçá-lo a retornar de backhand além da linha de duplas é uma ótima maneira de começar os pontos.

O saque-e-voleio, muito usado por Federer contra Wawrinka, não deve funcionar tão bem contra Nadal, que, além de ser um devolvedor melhor que Stan, usa muito mais spin, o que dificulta a vida de qualquer voleador. Ainda assim, é algo que precisa ser usado esporadicamente contra o espanhol. Como variação, usado nos momentos certos, o saque-e-voleio é essencial para manter Rafa desconfortável durante as devoluções.

Onde ver

O Bandsports exibe o torneio desde o começo da chave principal, mas também é possível ver todas as partidas do slam parisiense pelo pacote oferecido pelo site oficial de Roland Garros, disponível para desktops e plataformas móveis.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.