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Saque e Voleio

RG 2019: o guia da chave feminina

Alexandre Cossenza

25/05/2019 13h18

Um torneio feminino cheio de possibilidades vem por aí em menos de 24 horas. A número 1 do mundo, Naomi Osaka, venceu os dois últimos slams, mas não é a favorita aqui. Longe disso, embora as casas de apostas até coloquem a japonesa no alto de suas listas. A grande Serena Williams mal jogou no saibro antes de Roland Garros. Simona Halep, atual campeã, chega a Paris vindo de duas derrotas e uma lesão leve e vai encarar uma chave duríssima.

É este cenário cheio de incertezas que recebe o circuito feminino no segundo slam da temporada. É para destrinchar a chave e imaginar o que pode acontecer nas próximas duas semanas que este post se apresenta. O tradicional "guiazão" feminino aponta quem se deu bem no torneio, lembra quem chega embalado e quem não se preparou tão bem assim, indica onde acompanhar o torneio, as cotações das casas de apostas e muito mais. É só rolar a página e ficar por dentro!

As "campeãs" do sorteio

O páreo aqui é duro entre Simona Halep e Karolina Pliskova. A romena, cabeça 3, escapou de nomes fortes nas primeiras rodadas. A rival mais forte em seu quadrante é Petra Kvitova, cabeça 6. As duas podem se encontrar nas quartas, mas no saibro tudo leva a crer que a vantagem é de Halep. A semifinal, caso ela chegue lá, será contra quem avançar de uma seção que tem Osaka, Barty, Serena e Keys. Levando em conta o momento das quatro, não é nada impossível que todas fiquem pelo caminho. Logo, o prognóstico, pelo menos por enquanto, é bem interessante para a atual campeã.

Pliskova, campeã recentemente em Roma, também se deu bem – dadas as possibilidades. A outra cabeça do quadrante é Angelique Kerber, que teve uma virose em Stuttgart e torceu o tornozelo em Madri. Ficou fora do torneio espanhol, não foi a Roma e era dúvida para Roland Garros. A tcheca, cabeça 2, estreia contra Brengle, pega Kuznetsova ou Kucova na segunda rodada e Goerges/Wozniacki/Mertens/Sevastova. Dá para argumentar que é um grupo forte, mas Goerges venceu um de seis jogos no saibro; Wozniacki fez final em Charleston, mas caiu na estreia em Roma e Madri; Mertens somou 2v e 5d no saibro; e Sevastova também perdeu mais do que venceu.

Isso, embora aumente suas chances, não faz de Pliskova uma favorita. Longe disso. Seu jogo está longe de ser o ideal para o saibro. A tcheca usa pouco spin e sua movimentação deixa a desejar. Para triunfar na terra batida, precisará de paciência e muita precisão. Não é fácil imaginá-la fazendo isso ao longo de sete partidas consecutivas.

O quadrante mais difícil

Victoria Azarenka enfrenta Jelena Ostapenko logo na primeira rodada. Quem vencer esse duelo de duas campeãs de slam pode ter de enfrentar Naomi Osaka, número 1 do mundo, na segunda rodada. Nas quartas, a rival pode ser Serena Williams, só que a americana pode encontrar na terceira rodada a canadense Bianca Andreescu, campeã em Indian Wells. E se esse jogo acontecer, a vencedora pode fazer as oitavas contra Ashleigh Barty, campeã de Miami. Deu para entender o tamanho do buraco no primeiro quadrante?

Trata-se de uma seção que, além dos nomes citados acima, inclui Maria Sakkari, Caroline Garcia, Madison Keys, Danielle Collins, Timea Babos, Su-Wei Hsieh e Andrea Petkovic. Alguém aí arrisca um palpite? Eu, não.

O que esperar de Serena Williams

Desde a chocante virada sofrida nas quartas de final do Australian Open, Serena Williams fez quatro partidas. Venceu três e abandonou uma (Indian Wells). Além disso, deu dois WOs, nas segundas rodadas de Miami e Roma. Na capital italiana, fez uma primeira rodada decente, antes de alegar dores no joelho e desistir. Lá, também disse que vinha treinando pouco.

Agora, na França, Serena foi a Roland Garros e treinou, depois tirou um dia de folga na Eurodisney e treinou no dia seguinte. Fosse Genie Bouchard, podíamos descartar suas chances de título, só que Serena é tão acima da média que uma bela campanha não surpreenderia. Resta saber se seu corpo, que não parece estar pronto, vai resistir por duas semanas.

Quem são as favoritas?

Além de Simona Halep, que é a mais cotada nas casas de apostas não só por seu currículo no torneio, mas por ser indiscutivelmente a tenista mais consistente do circuito, o nome mais comentado este ano é o da holandesa Kiki Bertens, atual #4 do planeta. A atleta de 27 anos foi semifinalista em Stuttgart, campeã em Madri e semifinalista em Roma. Nestes três torneios, derrotou gente como Kerber, Ostapenko, Kvitova, Stephens, Osaka e, sim, até Simona Halep, na final do evento espanhol.

Além disso, não é o primeiro ano de Bertens com bons resultados no saibro. Ela fez semifinal de Roland Garros em 2016, foi campeã de Nuremberg em 2016 e 2017 e ganhou Charleston no ano passado. Em 2019, faz sua melhor campanha no piso. Parece ser sua primeira grande chance de conquistar um slam. O caminho até lá é que não parece tão simples assim – pelo menos por enquanto. Bertens pode enfrentar duas tenistas da casa nas duas primeiras rodadas – algo sempre chato em Paris – além de rever Johanna Konta, sua algoz em Roma, na terceira fase. Pode, ainda, encarar Bencic nas oitavas, Stephens/Muguruza/Svitolina/Sasnovich nas quartas e Pliskova na semi. Não é a trilha dos sonhos de ninguém.

Quem corre por fora?

No circuito feminino, a melhor resposta para essa pergunta beira "todo mundo". Antes de o torneio começar, é possível considerar duas dezenas de nome, começando por Karolina Pliksova e incluindo a campeã de 2016 Garbiñe Muguruza, Serena Williams (sempre!), Angelique Kerber, Madison Keys, Sloane Stephens, Naomi Osaka, Belinda Bencic… Qualquer uma dessas pode encontrar um ritmo avassalador durante as próximas duas semanas. Não foi assim, afinal, que Jelena Ostapenko conquistou Paris?

A briga pelo número 1

Cinco tenistas têm chance de sair de Roland Garros como líder do ranking. A atual #1, Naomi Osaka, pode ser ultrapassada por Karolina Pliskova, Petra Kvitova, Kiki Bertens e Angelique Kerber. A tabela abaixo mostra as possibilidades. Simona Halep, atual campeã, também figura na tabela, mas a romena defende os dois mil pontos do título e não tem como voltar ao topo do ranking – por enquanto.

A brasileira

Bia Haddad Maia foi a única representante do país no qualifying. A paulista de 22 anos, atual #127 do mundo, abandonou ainda na primeira rodada, quando teve cãibras nas coxas e mal conseguia andar em quadra. Ela vencia a ucraniana Katarina Zavatska (19 anos, #205) por 6/3, 5/7 e 3/0 quando começou a sentir dores e se movimentar mal em quadra. Depois de perder a quebra de saque que tinha de vantagem na parcial, Bia sequer podia dar um par de passos sem reclamar de dor. Ela abandonou quando o placar ainda mostrava 3/2 para ela no terceiro set.

Após o abandono, a assessoria de imprensa de Bia Haddad Maia informou que a lesão foi uma contratura leve e que a tenista abandonou porque ficou com "receio de continuar e complicar para uma lesão mais grave". O comunicado dá uma versão diferente do que foi visto em quadra. Bia não conseguia andar em quadra. Isso não é receio, é impossibilidade.

Os melhores jogos nos primeiros dias

Hoje em dia, parece que qualquer chave feminina tem pelo menos um par de duelos quentes já na rodada inicial. Nesta edição de Roland Garros, não é um par, mas uma dezena: Ostapenko x Azarenka, Venus x Svitolina, Sabalenka x Cibulkova, Cirstea x Kvitova, Puig x Flipkens, Strycova x Stosur, Muguruza x Townsend, Kerber x Potapova, Kanepi x Goerges e Kuzmova x Cornet.

Onde ver

Os direitos de transmissão de TV para o Brasil são do Band Sports. Recomendo o pacote oferecido por Roland Garros exclusivamente para o Brasil. Por R$ 29,99, você tem acesso a todos os jogos ao vivo (juvenis, veteranos, cadeira de rodas, tudo mesmo!) , além de vídeos de bastidores, reprise dos jogos, partidas históricas e muito mais. Expliquei como acessar o conteúdo no link do tweet abaixo.

O dinheiro

Roland Garros distribui um total de € 46.661.000 em prêmios – um aumento de 8% em relação ao dinheiro repartido em 2018. Os campeões de simples recebem € 2,3 milhões cada. Nas duplas, cada parceria campeã embolsa € 580 mil. Nas mistas, o prêmio é de € 122 mil para o time campeão.

Se você acha isso muito dinheiro, saiba que, segundo levantamento da Betway, Roland Garros arrecadou o equivalente a cerca de R$ 389 milhões só em bilheteria no ano passado. Leia mais no blog deles sobre as cifras que circulam pelo slam do saibro.

Curiosidade: embora o prêmio em dinheiro seja o mesmo para homens e mulheres, os preços dos ingressos para as finais masculina e feminina são bem diferentes. Enquanto o bilhete mais barato para a decisão delas custa € 100, o mesmo tíquete para o domingo da final masculina custa € 180.

Nas casas de apostas

Consistência pesa – pelo menos nos bolsos das casas de apostas. Por isso, Simona Halep é novamente a mais cotada ao título de Roland Garros. A surpresa aqui é Naomi Osaka em terceiro lugar. A japonesa fez quartas em Madri e perdeu por WO em Stuttgart e Roma.

Fora isso, nota-se o equilíbrio. Osaka, Pliskova, Sloane, Kvitova e Serena estão praticamente com a mesma cotação.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.