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15 Anos do Boicote - Pardal lamenta momento pré-olímpico perdido: 'Faltou gestão'

Alexandre Cossenza

15/04/2019 10h46

Em 2004, Gustavo Kuerten e os melhores tenistas do país executaram um boicote e não disputaram a Copa Davis. Era uma medida contra a gestão de Nelson Nastás, então presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT). O Brasil acabou rebaixado para a terceira divisão da competição e entrou num turbilhão político que só acabou no ano seguinte, quando Jorge Lacerda assumiu a presidência da entidade.

Nesta semana, o blog publica uma série de entrevistas com pessoas ligadas ao boicote e suas consequências. A intenção é lembrar dos fatos de 2004 e analisar o tênis brasileiro nos últimos 15 anos. O quanto o esporte evoluiu no país? Que passos à frente a CBT deu no período? Houve retrocesso em algum setor? Por que Jorge Lacerda, condenado a quatro anos de prisão por peculato, não foi cobrado da mesma maneira pelos melhores tenistas do país?

A primeira entrevista da série é com Ricardo Acioly, que capitaneou a equipe da Copa Davis até 2003. Sua saída e a consequente nomeação de Jaime Oncins foram cruciais para o início do boicote. Conversamos em fevereiro, durante o Rio Open, e Pardal, que já atuou no tênis como atleta, técnico e promotor de eventos, dá detalhes do que aconteceu naqueles dias de fevereiro de 2004 e de como o tênis brasileiro foi conduzido desde então. Leiam!

Como era a sua relação com o Nelson Nastás?

A nossa relação com o Nelson era boa no sentido de que ele nunca interferiu em nada do que a gente fez na equipe. No início, muitas das demandas que a gente teve com ele foram prontamente atendidas. A gente fez várias coisas. Só que depois eles acabaram não entregando o que estava sendo combinado. E aí começou a haver um atrito enorme. Quem era incumbido de fazer isso em nome da equipe era eu. Eu conversava tudo com a equipe, conversava com o Larri, o Guga, o Fininho. Eu era a pessoa de liderança e trazia os assuntos à tona, quem ia sentar e conversar com o Nelson era eu. O desgaste sempre foi meu. Inclusive quando a gente teve a reunião no Canadá [em 2003, quando o Brasil perdeu os playoffs e foi rebaixado à segunda divisão depois de sete anos seguidos na elite], e naquela reunião desceu todo mundo… Já tinha tido até uma reunião prévia com o Guga em Cincinnati, falando várias coisas, o que estava acontecendo, que a gente precisava de um posicionamento e tal… E naquele momento o próprio Guga falou "Pô, então vamos ter uma reunião". Tivemos, não sei se você lembra. Foi uma reunião onde a equipe falou "Olha, Nelson, a sua gestão não está condizente com o que a gente busca para o tênis brasileiro." Foi meio que dizer "Pô, tá na hora de você sair." Eu imaginei "Bom, amanhã ele vai me tirar do cargo de capitão." Era óbvio que isso ia acontecer. E não aconteceu! Eu achei estranho.

Só que acabou acontecendo mais tarde…

Então a gente ficou nisso aí até chegar na Costa do Sauípe [para o Brasil Open, em fevereiro de 2004]. No dia antes do torneio, na sexta-feira, quando eu estava embarcando, ele me liga e fala "Estou substituindo você. Estou trocando você pelo Jaime Oncins." Beleza. Falei "Nelson, você é o presidente da CBT, pode fazer o que quiser. Eu sou o capitão porque eu estava naquele momento." Ele me tirou e eu falei "Você já conversou com os jogadores?" Ele falou "Não preciso conversar com os jogadores. O Jaime vai ser um cara que vai entrar…" e eu falei "Tá bom." Foi totalmente ao contrário. Ele não sabia que, na verdade, os jogadores olharam a coisa assim: "A gente está pleiteando um monte de coisa, já pedimos negócio lá atrás, e ele basicamente está dizendo 'não vou cumprir o que vocês me pediram'." Ali aconteceu uma ruptura, e o Jaime infelizmente foi posto no meio, numa situação que foi ruim para ele. Nem ele queria ter sido posto ali porque era realmente um nome – poderia acontecer numa outra situação [Pardal disse isso antes do anúncio de que Oncins seria o capitão brasileiro da Davis este ano], mas não aconteceu. Aí, quando o Jaime assumiu, nós tivemos uma reunião entre todos lá no Sauípe, inclusive com o próprio Jaime.

E tinha gente dizendo que o Nelson cometia irregularidades também…

A partir dali, a gente começou a escutar um monte de coisa por várias pessoas. E aí começaram a surgir algumas coisas do Nelson. Tem aquilo ali [supostas irregularidades na gestão financeira da CBT]. Já tinha acontecido uma ou outra coisa, mas nada que a gente achasse "Ah, o cara está fazendo não sei o quê." Não acho que foi o caso do Nelson. Talvez ele tenha se enrolado, pago contas dele ou alguma coisa assim, mas também não era tanto dinheiro que entrava para poder pegar e botar no bolso. Não foi nada disso. Já havia um movimento para se mudar a CBT. Ele já estava há mais de dez anos, eu acho. Era muito tempo. Houve uma renovação, e na renovação acabou entrando o Jorge [Lacerda]. Já vinha havendo uma pressão política por fora, onde a equipe da Davis e eu não nos metíamos muito. Mas depois do Canadá, foi uma coisa que a gente falou "Está na hora de a gente se posicionar." Quando eu saí, os jogadores falaram "não faz sentido nenhum a gente seguir nessa linha."

A sua saída foi o estopim para o boicote, então?

Ele não brigou e botou um nome [Jaime] que era para ser aceito por qualquer um, só que não era o momento de fazer a mudança daquela maneira. A gente estava esperando uma outra postura. Mesmo que ele ficasse na CBT, mas com uma coisa diferente. Na verdade, ele mostrou "Vou mudar o Pardal, colocar outro cara ali, e os ânimos vão apagar e vai ficar tudo bem." Não foi o que aconteceu. Não foi nada inteligente da parte dele. Ele me tirou justamente quando o tênis brasileiro estava todo junto na Costa do Sauípe. Então foi o assunto dos primeiros cinco dias do torneio, então houve uma over-exposição de tudo. Ali, os jogadores começaram a se posicionar. E aí houve uma cadeia de coisas que… Talvez, as pessoas que conheciam alguma coisa começaram a se posicionar também no movimento de tirar ele. Houve a intervenção [na CBT] e a coisa andou.

Você conhecia o Jorge Lacerda até ele surgir como candidato?

Não. Não conhecia. Ele veio da Federação Catarinense, que nunca foi uma federação muito atuante e relevante no cenário até ter o Guga lá. Mas como cenário tenístico nunca tinha sido nada. Mas [Lacerda] foi uma pessoa que, naquele momento, conseguiu ter o apoio de muita gente. Não há nenhuma dúvida de que naquele momento foi uma candidatura única. "É essa pessoa que a gente apoia, está a fim de fazer as coisas, vem lá de não sei quanto tempo de gestão na Catarinense e uma pessoa que estava se engajando." E aí houve a mudança e seguiu o processo.

Agora, 15 anos depois, saiu um presidente que foi acusado, mas não condenado por má gestão, e entrou um que no fim foi condenado pela Justiça Federal a 4 anos de prisão em regime aberto e provocou um gasto de meio milhão de reais por parte da CBT. Em que o tênis brasileiro andou para frente e em que andou para trás nesses 15 anos?

Olha… Mesmo antes de mudar a gestão do Nastás para a gestão seguinte, eu dei uma entrevista para "O Globo" falando que o efeito Guga tinha sido desperdiçado porque a gente tinha perdido aquele grande momento de ter o número 1. A gente não estava pronto para aquilo. Na verdade, a gente estava vivendo um momento que, dentro de algum tempo, ia parar. Era impossível, a gente não tinha estruturação. A gestão do Jorge entrou e conseguiu, no início, estruturar muito bem as coisas. Saneou a Confederação. Ela tem todo esse mérito de ter organizado bem, de ter dado uma cara diferente, até mais profissional. A partir daí, começou a galgar a sua visão. O tempo, na verdade, acabou mostrando que o direcionamento resultou nisso aí. Não quero entrar em nenhum mérito de julgar isso ou aquilo porque não cabe a mim. Houve coisas legais, mas houve outras coisas que deixaram a desejar. E o final… A CBT acaba saindo de São Paulo e vai para Florianópolis porque não tinha condição de pagar o aluguel, de manter-se em São Paulo que é o lugar onde tudo acontece, onde você tem que estar bem posicionado. E aquilo ali mostrou para mim que… "Caramba, voltamos para trás." Voltamos para o mesmo patamar de lá atrás. Ok, tiveram várias coisas legais, não há nenhuma dúvida, mas quando você olha o final do negócio, você vê que houve muita oportunidade. A gente passou por um ciclo de investimento muito forte nos esportes, em todas as confederações, mas não houve gestão boa o suficiente em âmbito esportivo para mostrar alguma coisa que se solidificou com esses investimentos. Não falando só do tênis. Olha as outras confederações. Está todo mundo onde estava lá atrás. Ninguém teve a capacidade de, com a gestão, olhar que "Tenho um período áureo, vou conseguir passar por ele e vou deixar um negócio que me sustente depois disso." Porque era normal isso acontecer. Talvez não tão grande quanto está acontecendo agora, uma evasão de patrocínios. A não ser que houvesse uma equação de sucesso como foi o vôlei lá atrás, que mudou a visão do esporte, mas isso eles construíram. A gente teve uma injeção grande de tudo: visibilidade, dinheiro, enfim. Faltou, na verdade, gestão.

Nessa época de Banana Bowl, Copa Gerdau, que são os maiores torneios juvenis no Brasil, comenta-se muito que faltam juvenis brasileiros indo longe. Isso pode ser uma coincidência ou é um reflexo?

Isso é um reflexo, óbvio. Não é coincidência. Os números estão dizendo. O Brasileirão, que era um grande evento e tinha 1.200 meninos jogando lá atrás, hoje em dia acho que tem metade disso. Isso é um reflexo de como o tênis está caminhando.

O quanto prejudicou – e aí eu preciso entrar nas brigas pessoais do Jorge – ele transformar o cenário juvenil no país, que tinha Circuito Unimed, Circuito Mastercard, Circuito Banco do Brasil e, de repente, ele desvalorizou esses torneios, os patrocinadores saíram e a gente ficou só com o Circuito Correios. O quanto isso causou de dano para o desenvolvimento do tênis?

Olha…

Quando eu falo isso, eu falo como jornalista, e a minha palavra, para alguns – inclusive dentro da CBT -, não tem tanta importância. Mas você atuou em todas as áreas do tênis nos últimos 15 anos…

Eu tenho que concordar com você. Eu não fico falando isso porque é uma coisa do passado, mas essa é uma coisa lá atrás que eu falava… Acho exatamente isso que você falou. A gente tinha circuitos atuantes, funcionando, e tinha algumas coisas regionais acontecendo. Você tinha muitos meninos e meninas engajados nessas competições. Havia também muitos treinadores e equipes engajados nessas competições. De repente, quando essas competições deixaram de existir, ficou menos espaço para esses meninos jogarem. A estratégia era "ah, vamos criar um circuito elite", que eu acho legal pra caramba. Acho que o conceito é muito bom. "Joguem nos circuitos periféricos dos estados e depois venham jogar aqui." É como se faz nos Estados Unidos. Os campeonatos nacionais são chaves de 128, não tem quali nem nada. Só entram os melhores, mas os Sectionals – que são seções lá, não são estados – são muito atuantes. Você tem torneio o tempo inteiro. E aí o tênis gira muito. Só que aqui isso não ia acontecer porque as federações nunca foram fortes o suficiente para ter esse tipo de coisa. Então foi uma decisão de departamento técnico de trazer esse formato. Isso, de pouco em pouco, a gente está vendo o resultado disso. Menos, menos, menos, menos… Hoje em dia, a gente não tem um circuito. Nós não temos um circuito! A Confederação, infelizmente, está numa situação que… Aconteceu o CBC? Foi uma mão na roda impressionante. Porque senão ia estar ainda mais complicada a situação. O que você está falando eu concordo. E é uma coisa que, com o decorrer do tempo, vem surtindo esse efeito danoso.

E por onde se começa a reconstruir o que se perdeu nesse tempo?

Eu acho que tem que olhar para a frente. A gente tem que olhar para trás no sentido de "vamos aprender o que a gente fez" e vamos olhar para a frente. Acho que o desafio do Westrupp [Rafael, atual presidente da CBT] é olhar as experiências que foram feitas. Ele tem uma proximidade muito grande e sabe como funcionou a Confederação nos últimos anos. Ele sabe muito bem as dificuldades, que devem ser inúmeras, mas acho que ele tem, digamos assim, o desafio enorme de dar a volta por cima nisso. Não deve ser fácil, até porque se você não tiver apoio financeiro, você não consegue fazer a máquina andar. Como fazê-lo? Acho que existem duas vertentes aqui. Dá para você melhorar o que está acontecendo no circuito infantojuvenil, mas dá para plantar mais para trás, começar com as categorias lá de trás mesmo. Acho que deveria haver um incentivo maior nas categorias de 8, 9 e 10 anos. Tem muita gente no Brasil querendo trabalhar com isso. É botar uma parte do foco, da estratégia, nessa parte porque é daí que a gente vai ter um maior número de jogadores com qualidade, né? Porque o que acontece é o seguinte, Cossenza: se você pegar um menino que começa a jogar tênis aos 9-10 anos de idade, é muito legal. Mas para ele ter um nível competitivo hoje em dia, se ele começar depois dos 8-9, já vai ser complicado. Tem que começar com 6-7. Pelo menos o primeiro contato. Não estou falando para treinar igual a um maluco. Existem etapas, métodos para você plantar um monte de sementinha. Depois, quando ele chegar aos 10, já dá um próximo passo. O que eu tenho visto é meninos engajados, mas começando a jogar aos 10. Muito legal, mas para chegar a jogar competitivamente e internacionalmente, é muito difícil. Tem que começar mais cedo.

Para terminar: por que você acha que não houve, nos últimos anos, uma cobrança em cima do Jorge como a que existiu com o Nastás? Sei que você não quis falar especificamente, mas você, Nelson Aerts, Danilo Marcelino… Foram uma turma perseguida por falarem [Lacerda perseguiu a promotora de Aerts e Marcelino, vetou a jornalista Diana Gabanyi de eventos e atacou pessoalmente Ricardo Acioly na última eleição presidencial da FTERJ]. O Fino falou também, o Thomaz Koch também e acabou ficando afastado da Confederação… Por que não houve tanta cobrança com o Jorge? Medo de retaliação? Ou é outra geração, que não se importa tanto?

Acho que é uma composição dos dois. As pessoas, obviamente, ficaram temerosas de se expor. Acho que hoje em dia as pessoas talvez não sejam mais tão incisivas em dar sua opinião. Da mesma maneira que eu sempre me posicionei. Eu nunca fui contra o Jorge nem fui contra a CBT. Eu me ofereci muitas vezes para ajudar e deixei a porta aberta de várias coisas que eu fiz para ajudar. Simplesmente não fui acionado, e está tudo certo. Foi uma opção. Mas, olha, chega um momento que a gente vê que o tênis… A CBT tem um papel mais de pavimentar a estrada e deixar as pessoas desenvolverem as suas coisas. Faltou, talvez, essa visão para a CBT. A CBT tentou abraçar muita coisa e centralizar muita coisa em cima dela. Em vez de focar em alguns conceitos básicos de crescimento amplo e deixar as pessoas, cada um da sua maneira, correr atrás. O que a gente está vendo é o seguinte: tem gente que vai falar – porque tem no coração de falar – e tem gente que "vou ficar na minha aqui." Algumas pessoas não falaram nada e participaram da máquina – nada contra isso, acho que faz parte também. Não estou pré-julgando ninguém nem nada, é uma opção. Mas eu acho que é importante, Cossenza, a gente ter claro que a gente perdeu, mais uma vez, uma oportunidade enorme. Não há nenhuma dúvida. A gente voltou lá para trás. Quem não falou, não falou. E quem se manifestou acabou sendo realmente posto numa lateral. Uma pena, mas tudo bem. Faz parte. A minha visão é mais do lado tenístico, do lado técnico, do lado do desenvolvimento, que é minha paixão. Continuei fazendo as minhas coisas. É uma pena porque o tênis está num momento que a gente precisa dar uma incentivada. Talvez exista no Brasil uma coisa assim: "Ninguém pode criticar. Por que você está criticando e não elogia?" Mas talvez por ficar todo mundo tanto tempo calado, a gente chegou num momento… Se houvesse mais diálogo, isso não teria acontecido.

E uma coisa leva à outra, né? Se um fala, sofre retaliação, e outros ficam com medo de falar. A coisa começa a andar num silêncio geral, numa aceitação, e a coisa anda como uma ditadura. Quem não quer ser exilado, fica na sua.

É basicamente isso mesmo. Vai se continuar nesse sistema? Acho que não. O Westrupp já deu, pelo menos para algumas pessoas, uma abertura de chegar e falar. Eu, pessoalmente, não tive nada junto com ele ainda, não conversamos sobre isso. Até já fiz uma aproximação, mas não houve um canal, e falei "está bom, respeito." Mas tudo certo, vida que segue. No fim das contas, é o seguinte: está todo mundo querendo que o tênis cresça. O tênis, para mim, é uma paixão. É a minha vida. Comecei a jogar nos 7 meses de gestação da minha mãe. O que mais quero ver é o sucesso do tênis brasileiro. Tive a felicidade e o orgulho de representar o Brasil em vários âmbitos. Fui um dos melhores do Brasil quando era juvenil, fui muito bem no tênis universitário, joguei simples e duplas, Olimpíada, Copa Davis, fui treinador, enfim… Todas áreas. Fui gestor, fiz torneio, é a minha história. O que mais acho triste é ver o potencial que o esporte tem e não ter decolado ainda. Acho que é o momento de dizer "Vamos chamar as melhores cabeças do tênis para sentar junto" e, talvez, dar um direcionamento mais amplo à coisa. Falta isso.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.