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5 motivos para acompanhar o Rio Open de 2019

Alexandre Cossenza

18/02/2019 08h51

O Rio Open começa nesta segunda-feira sem grandes novidades e sem uma chave à altura de um ATP 500 (os cabeças de chave são os mesmos do ATP 250 de Buenos Aires), mas isso não quer dizer que não há motivos para ficar de olho no que vai acontecer no Jockey Club Brasileiro. Pelo contrário. Mesmo com problemas para atrair novos nomes para a Cidade Maravilhosa, o torneio segue sendo o mais forte do país e deve ter um punhado de partidas e histórias interessantes para acompanhar nos próximos sete dias.

1. Dominic Thiem

É a quarta participação do austríaco no Rio Open e, a cada ano, ele é um tenista melhor. Ano passado, foi vice-campeão de Roland Garros e fez aquele jogo memorável contra Nadal no US Open (entre outros tantos feitos). Único top 10 do torneio, o austríaco é sempre alguém a ser observado com mais atenção. Vale a pena vê-lo treinando e, claro, nos jogos oficiais. É um atleta que gosta de jogar no calor e que faz seu spin funcionar bem no Jockey.

Nos últimos dois anos, as derrotas de Thiem vieram após chuva. Com a quadra mais pesada, seu spin não empurra tanto os adversários para trás. E como chove muito nesta época do ano no Rio, vale prestar atenção também nesse detalhe. Sua chave é bem acessível, e Thiem, que já foi campeão do evento em 2017, é o favorito no papel.

2. Jogos bons na primeira rodada

O sorteio da chave deu as fãs duas partidas bem interessantes logo nos primeiros dias. Já nesta segunda, abrindo a sessão noturna da quadra central, o italiano Fabio Fognini, cabeça 2, encara o jovem canadense Felix Auger-Aliassime, 18 anos, #104 do mundo. O garotão de 1,91m é uma das maiores promessas do circuito e um ótimo nome para ver no Jockey – ainda mais contra alguém como Fognini.

Outro duelo que promete é entre o argentino Diego Schwartzman, campeão do Rio Open no ano passado, e o uruguaio Pablo Cuevas, campeão em 2016. Peque acaba de ser vice-campeão em Buenos Aires, e Cuevas vem voltando de uma lesão e somando bons resultados. Foi semifinalista em Córdoba e parou nas quartas, derrotado por Thiem, em Buenos Aires. Não é exagero dizer que quem vencer será o favorito da chave de baixo para chegar às semifinais.

3. Os brasileiros nas simples

Uma das vantagens de um torneio mais fraco é que isso aumenta as chances dos brasileiros. Thiago Monteiro, por exemplo, joga o torneio graças a um wild card e estreia contra o português Pedro Sousa. Foi um bom sorteio para o cearense (dadas as possibilidades em um ATP 500) e, jogando em condições que lhe são boas – calor e nível do mar, na cidade onde treinou por anos – Monteiro pode ir longe. Se passar por Sousa, pega Cecchinato (que pode estar cansado da sequência de jogos) ou Bedene na sequência. Como o outro cabeça dessa seção é Jarry, que caiu na estreia em Córdoba e Buenos Aires, quem sabe o #1 do Brasil não vai longe? Uma campanha assim faria muito bem ao evento.

O outro brasileiro na chave de simples é Thiago Wild, sempre alguém a ser observado com atenção. Em Córdoba, ele quase venceu seu primeiro jogo em um torneio ATP. Agora, no Rio, o jovem de 18 anos, #445 do mundo, tem outra chance. Ele estreia contra o japonês Taro Daniel, que se não é um adversário fraco, era uma das melhores possibilidades pra Wild na chave. A partida rola já nesta segunda, fechando a sessão noturna, depois de Fognini x Auger-Aliassime. Se vencer, o brasileiro deve encarar Thiem na segunda rodada.

4. Marco Cecchinato

O italiano de 26 anos, atual #17 do planeta, ganhou fama de verdade no ano passado, quando eliminou Novak Djokovic nas quartas de final de Roland Garros. Na época, Cecchinato era o 72º do ranking. De lá para cá, ele conquistou o ATP 250 de Umag, foi semifinalista em Doha e, neste domingo, foi campeão em Buenos Aires, aplicando 6/1 e 6/2 sobre Schwartzman na final.

É seu melhor momento na carreira e, por isso, chega ao Rio como cabeça 3. Estreia contra Bedene, pega Sousa ou Monteiro na segunda rodada e, quem sabe, Jarry nas quartas. Se resistir fisicamente à sequência de partidas e se adaptar rapidamente às condições de jogo do Jockey, não é difícil imaginá-lo indo longe no Rio. Nada mal para quem penou contra Fabiano de Paula no qualifying alguns anos atrás (2015 – venceu por 7/6(5) no terceiro set).

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5. Bruno e Marcelo

É compreensível que os fãs brasileiros de tênis tenham se decepcionado com dupla na derrota da Copa Davis, quando os belgas Sander Gillé e Joran Vliegen aprontaram a grande zebra do fim de semana em Uberlândia. De todo modo, Bruno Soares e Marcelo Melo ainda são os brasileiros de mais destaque no circuito e vale a pena acompanhá-los, mesmo que eles não costumem ter tanto sucesso juntos quanto com seus parceiros habituais de circuito.

Como Jamie Murray e Lukasz Kubot não vieram ao Rio, os mineiros vão jogar juntos, e sua chave não é nada ruim. É uma boa chance para Bruno finalmente chegar à final do torneio (ele perdeu na semi em todas edições) e para Marcelo, vice-campeão com Marrero em 2014, tentar o título.

Vale lembrar que a chave de duplas ainda tem Marcelo Demoliner ao lado de Frederik Nielsen; Thomaz Bellucci e Rogerinho; e Fernando Romboli e Thiago Monteiro. Melo e Soares são os cabeças 1, e os colombianos Robert Farah e Juan Sebastian Cabal são os cabeças 2.

Coisas que eu acho que acho:

– Thomaz Bellucci, que era o oitavo alternate, mas acabou entrando direto no qualifying (até o quali foi fraco!), perdeu as chances que teve e foi eliminado na primeira rodada. O paulista sacou para fechar os dois sets contra Casper Ruud, mas acabou derrotado por 7/6(3) e 7/6(6). Os outros quatro brasileiros que disputaram o quali também foram superados: Rogerinho, Rafael Matos, Mateus Alves e Natan Rodrigues. Só Rogerinho venceu um jogo.

– Apenas pela curiosidade, vale citar que o belga Kimmer Coppejans, que na Copa Davis derrotou Rogerinho e Thiago Monteiro na altitude e na quadra indoor de Uberlândia, caiu na primeira rodada do quali no Rio. Foi derrotado pelo argentino Facundo Bagnis por 6/4 e 7/5. No nível do mar. Em uma quadra outdoor. E Bagnis, aliás, perdeu na segunda rodada do quali para Ruud.

– Além do tênis, o Rio Open sempre oferece um "pacote" de lazer interessante. Há boa comida, lojinhas e opções de entretenimento. A brincadeira não sai barato, mas quem decidir ir até o Jockey de última hora deve encontrar ingressos. Até agora, nenhuma sessão está esgotada. É a venda de bilhetes mais fraca desde a inauguração do evento.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.