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Novak Djokovic, o dono da década

Alexandre Cossenza

27/01/2019 12h26

Em 2011, Novak Djokovic, um jovem que até então tinha um slam no currículo e brigava por seu espaço contra Roger Federer e Rafael Nadal, alcançou um nível espetacular. Pela primeira vez na carreira, dominou o circuito. Somou 43 vitórias consecutivas, conquistou três slams e cinco Masters 1.000. Em 2015, mais números espetaculares. Venceu 27 de 28 partidas em slams, perdendo apenas a final de Roland Garros para Stan Wawrinka. Em 2016, completou o "Djoko Slam", vencendo os quatro maiores torneios do circuito em sequência.

Agora, com a dominante atuação diante de Rafael Nadal e seu sétimo (!!!) título no Australian Open, o atual número 1 do mundo escreve um novo capítulo de mais uma sequência extraordinária nesta década: 21 vitórias seguidas em slams. Três títulos consecutivos e a chance de fechar outro "Djoko Slam" em Roland Garros. Se Roger Federer e Rafael Nadal nunca detiveram os quatro grandes troféus ao mesmo tempo, Nole pode fazê-lo pela segunda vez.

O domínio de Djokovic na década fica ainda mais claro nos confrontos diretos contra os outros integrantes do Big Four. Nadal e Federer, que derrotaram Nole nove vezes cada desde 2011, somam 21 e 19 derrotas, respectivamente.

Em finais de slam, a superioridade de Djokovic também é notória. Nenhuma derrota diante de Federer e uma vantagem de 5 a 2 sobre Murray. Nadal é o único que se aproxima, com duas vitórias no seu habitat, em Roland Garros (2012 e 2014), além do título do US Open de 2013. Este jogo de Nova York, aliás, marcou o último triunfo do espanhol sobre Djokovic em quadras duras. Desde aquela partida, Nole bateu Rafa oito vezes, sem perder sets, no piso sintético.

Diante dos números acima, não surpreende que Djokovic seja quem passou mais tempo como número 1 do mundo nesta década. Ainda assim, a diferença para os rivais impressiona. Em seus quatro reinados diferentes (2011-12, 2012-13, 2014-16 e 2018-19), Nole soma 235 semanas no topo. Federer, que mantém o recorde de mais semanas como número 1 (310), liderou a lista da ATP por apenas 25 semanas nesta década.

Até quando Djokovic vai continuar seu domínio desta vez? Difícil saber. Em 2016, quando completou o "Djoko Slam", Nole sentiu-se esgotado mental e fisicamente. Teve dificuldades para reencontrar o balanço entre tênis e família, precisou passar por uma cirurgia e só voltou a brilhar no meio do ano passado. Agora, com sua equipe de volta, Djokovic mostra ter encontrado o equilíbrio entre a profissão e a vida pessoal e não dá sinais de cansaço mental. Pelo contrário. Fala até em perseguir a marca de 20 slams de Federer. É, certamente, uma empreitada das mais complicadas, mas quem ousa dizer que algo é impossível para o Djokovic de hoje?

Coisa que eu acho que acho:

– Os números desta década se fazem ainda mais relevantes se constatarmos que as melhores versões de Federer, Nadal e Murray aparecerem nos últimos anos. O renovado suíço de 2014 e 2015, com SABR e tudo mais, perdeu duas finais de Wimbledon e outra no US Open para Djokovic. O Nadal de 2018-19, ainda mais agressivo e que brilhou neste Australian Open, conseguiu pouquíssimo na final deste domingo. Andy Murray brilhou em 2013 e 2016 e também sofreu duras derrotas para o sérvio na Austrália. Não dá para dizer que Djokovic teve moleza ou viveu tempos de entressafra enquanto compilou números tão espetaculares.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

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