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Saque e Voleio

Nadal exorciza 'capeta' australiano e reencontra Berdych nas oitavas em Melbourne

Alexandre Cossenza

18/01/2019 06h56

Alex de Minaur, 19 anos e número 29 do mundo, já é o tenista mais bem ranqueado da Austrália. Um dos mais promissores adolescentes do circuito, carrega o apelidado de "Demon" (demônio) por causa da pronúncia de seu nome no país. Pois nem a quadra lotada de fãs nem as pernas velozes do "capeta" foram capazes de evitar um massacre nesta sexta-feira, na Rod Laver Arena. Rafael Nadal foi mais uma vez implacável. Dominou a maioria dos ralis, fez o garotão correr de um lado para o outro e anotou um triunfo incontestável por 6/1, 6/2 e 6/4.

Classificado para as oitavas de final do Australian Open, Nadal vai rever um velho conhecido: Tomas Berdych, que vem de vitória sobre o argentino Diego Schwartzman por 5/7, 6/3, 7/5 e 6/4. Espanhol e tcheco já se enfrentaram 23 vezes, com dois encontros em Melbourne. Cada um venceu um.

Como aconteceu

Nadal e De Minaur jogaram três games longos no início da partida, com o australiano salvando quatro break points, e o espanhol escapando de um break point. Quando o #2 do mundo conseguiu a quebra no quarto game, jogou ainda mais à vontade e quase sempre comandando os ralis. Sem a potência necessária para desestabilizar o favorito com mais frequência, De Minaur perdeu o serviço também no sexto game, e a parcial terminou com o placar mostrando 6/1 e o relógio exibindo 40 minutos.

O segundo set teve começo parecido. Em um game inicial com nove igualdades, De Minaur salvou quatro break points, mas acabou perdendo o saque outra vez. Quando Nadal conseguiu a quebra, o jogo tinha 58 minutos de duração. O "capeta", que joga de camisa vermelha e leva o apelido escrito no calçado, também não tem um serviço dominante, por isso ganhava poucos pontos de graça e precisava de ralis para pontuar. Contra o Nadal afiado de hoje, a tarefa era difícil demais para o adolescente. O máximo que De Minaur conseguiu foram três break points no oitavo game. O espanhol salvou todos e fechou a parcial em 6/2.

A tônica do jogo seguiu inalterada no terceiro set. Nadal quebrou o saque do "capeta" logo no primeiro game e saiu de 0/30 para fazer 2/0 sem demora. O #2 do mundo não teve mais o saque ameaçado depois disso. De Minaur lutou e até salvou cinco match points no décimo game, levantando a torcida e dando um fio de esperança a seus compatriotas. Nadal, no entanto, não vacilou e, no sexto match point, selou sua vaga nas oitavas de final.

Vitória de número 250

O triunfo sobre De Minaur significou a 250ª vitória da carreira de Rafael Nadal em slams. O espanhol tem 17 títulos em torneios desse nível (11 em Roland Garros, um no Australian Open, dois em Wimbledon e três no US Open) e é o segundo maior campeão da história (Federer soma 20 troféus). O espanhol também perdeu outras sete finais de slam (três em Melbourne, três em Wimbledon e uma em Nova York).

Berdych, o retorno

O tcheco Tomas Berdych foi presença constante no top 10 na primeira metade da década. De 2010 até 2016, nunca saiu do grupo dos dez melhores do mundo. A partir de 2017, contudo, sua regularidade não foi a mesma. Berdych terminou aquele ano na 19ª posição no ranking. Na última temporada, uma lesão nas costas encurtou sua campanha. Em junho, depois de disputar o ATP de Queen's, decidiu não jogar mais até se recuperar totalmente.

O atleta de 33 anos fez seu retorno ao circuito no ATP 250 de Doha, na primeira semana de 2019, e mostrou ótimo nível de tênis. Por pouco, não saiu com o título. Perdeu a final em três sets para o espanhol Roberto Bautista Agut. Agora, no Australian Open, Berdych segue mostrando um belo tênis. Atual #57 do mundo, eliminou o britânico Kyle Edmund, o holandês Robin Haase e o argentino Diego Schwartzman, perdendo apenas um set. Encarar Nadal, em sua 11ª vez nas oitavas em Melbourne, será um teste enorme para o tcheco.

Vitória sobre Nadal na Austrália

Nadal e Berdych já duelaram 23 vezes, com ampla vantagem do espanhol, que soma 19 vitórias. O último encontro em Melbourne, porém, terminou com triunfo de Berdych, que fez 6/2, 6/0 e 7/6(5). Aconteceu em 2015, que foi o pior ano da carreira de Nadal desde que o espanhol entrou na elite do tênis.

O atual #2 do mundo também soma uma vitória sobre o tcheco em Melbourne: em 2012, por 6/7(5), 7/6(6), 6/4 e 6/3. Naquele ano, Nadal foi vice-campeão, perdendo a final em 5h53min para Novak Djokovic.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.