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Saque e Voleio

Em 100ª partida na Rod Laver Arena, Federer passa por Fritz e marca duelo com Tsitsipas nas oitavas

Alexandre Cossenza

18/01/2019 01h16

Foi rápido e teve um quê de protocolar. Um treino de luxo, praticamente, e seria menos lembrado se não fosse a 100ª partida Roger Federer na Rod Laver Arena, a quadra central do Australian Open. O suíço não teve problemas para se impor diante do american Taylor Fritz, 21 anos, #50 do mundo, e passou rápido para as oitavas de final do torneio. A vitória teve parciais de 6/2, 7/5 e 6/2 e duração de 1h28min.

Em busca de um lugar nas quartas, o atual campeão do torneio e #3 do mundo vai encarar o grego Stefanos Tsitsipas, de 20 anos e #15 do planeta. Uma das sensações de 2018, o jovem vem de uma vitória difícil sobre o georgiano Nikoloz Basilashvili, por 6/3, 3/6, 7/6(7) e 6/4. Federer e Tsitsipas nunca se enfrentaram em um torneio da ATP ou em um slam, mas duelaram este mês na Copa Hopman, competição entre países que não vale pontos no ranking. Na ocasião, o suíço venceu com parciais apertadas: 7/6(5) e 7/6(4).

Como aconteceu

O primeiro set durou apenas 21 minutos. Já no terceiro game, Federer mostrava que tinha armas demais para Fritz. Primeiro, encaixou uma passada de backhand para chegar ao break point (veja no tweet abaixo). Depois, forçou Fritz a um rali e, na primeira oportunidade, atacou, matando o ponto com outra esquerda cruzada. No quinto game, outra quebra acabou com as chances do azarão de equilibrar a parcial.

O saque era a principal arma de Fritz para manter Federer na defensiva, mas nem isso era suficiente. Com o aproveitamento pouco acima dos 50%, o americano precisou salvar break point no terceiro game da segunda parcial. Fritz até conseguiu manter seu serviço por mais tempo, mas não incomodava no saque do adversário. O máximo que o americano conseguiu foi um 0/30 no oitavo game. Foi aí que Federer venceu o mais longo rali da partida até então (25 golpes) e colocou as coisas em ordem.

No 11º game, contudo, Fritz cometeu um par de erros não forçados, e Federer não perdoou. Com uma direita cruzada no contrapé, obteve a quebra. Pouco depois, completou o 7/5.

No terceiro set, Fritz mostrou pouca força e sequer esboçou uma reação, enquanto Federer começava a mostrar seu arsenal completo. Cruzadas, paralelas, curtinhas, contra-curtinhas, voleios… Teve até bate-pronto na devolução de saque. O americano, sem conseguir fazer muito, perdeu o serviço já no terceiro game e viu o suíço disparar na frente.

Coisas que eu acho que acho:

– Tudo bem, o duelo da Hopman foi equilibrado, mas o ambiente do torneio é outro. Há muito menos em jogo, e os tenistas ainda estão se testando. Não esperem ver nas oitavas do Australian Open o mesmo Federer de Perth. Tudo leva a crer que o suíço terá menos problemas desta vez.

– Tsitsipas arrancou uma vitória dura contra Basilashvili e tem muito mérito por isso. O "pacote" do jogo, porém, incluiu uma discussão com árbitros que terminou com o grego perdendo o saque e o segundo set. É o tipo de oscilação que Federer não perdoa – especialmente num slam – e é o tipo de oscilação que Tsitsipas vem mostrando com certa frequência. Contra rivais de menor potencial, ele consegue fazer valer seu talento. Contra Federer, não parece provável. O grego precisará de uma noite soberba do começo ao fim para ter chances de avançar às quartas.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.