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Saque e Voleio

Saque de Roger Federer se mostra 'O' golpe a ser batido em Wimbledon

Alexandre Cossenza

04/07/2018 14h13

Estamos apenas na segunda rodada do Torneio de Wimbledon, mas já dá para observar quem chegou em forma ao slam da grama e quem ainda precisa evoluir para chegar competitivo na segunda semana. Enquanto Rafael Nadal fez uma estreia não tão empolgante – normal para quem ficou um ano sem jogar no piso – Roger Federer, que faz seu terceiro torneio na grama em 2018, mostra muita força. E um golpe, em especial, já faz diferença: o saque.

Não que seja novidade elogiar o serviço do suíço, que sempre foi um golpe fantástico, mas é um fundamento que se faz ainda mais importante à medida em que o tenista avança em sua quarta década de vida. E nesta quarta-feira, na vitória sobre Lukas Lacko (#73) por 6/4, 6/4 e 6/1, fez mais diferença do que nunca: do fim do primeiro set ao último game de serviço do jogo, Federer conquistou 35 pontos consecutivos com seu saque. Considerando que são quatro pontos por game, isso equivale a oito games confirmando de zero.

Como sempre escrevo, daria para gastar alguns parágrafos explicando o brilho do saque de Federer, ilustrando a mecânica perfeita e como ele sempre faz contato com a bola no mesmo lugar – o que impede que o adversário "leia" a direção da amarelinha. Mas não é só isso. Contam também a variação, a precisão e como Federer usa a direção do saque não só para somar aces, mas para facilitar o segundo golpe e tomar o comando do ponto a partir dali. É uma combinação deliciosa de ver e que se torna ainda mais eficaz na grama. Veja um bom exemplo em câmera lenta no tweet abaixo.

Grande favorito ao título, Federer agora encara o alemão Jan-Lennard Struff, que venceu um jogo dramático contra Ivo Karlovic, que disparou 61 aces. Struff venceu por 6/7(5), 3/6, 7/6(4), 7/6(4) e 13/11, em 3h54min.

A outra grande favorita a entrar em quadra hoje foi Serena Williams, que até teve algum trabalho – no segundo set – diante da qualifier búlgara Viktoriya Tomova, 23 anos, #135 do mundo. A americana triunfou por 6/1 e 6/4 e avançou para duelar com a vencedora do confronto entre a alemã Tatjana Maria – algoz de Elina Svitolina, cabeça 5 – e a francesa Kristina Mladenovic.

Outro resultado relevante nesse quadrante foi a eliminação de Caroline Wozniacki, cabeça 2 do torneio. A dinamarquesa caiu diante da russa Ekaterina Makarova por 6/4, 1/6 e 7/5. Considerando as circunstâncias – quanto mais rápido, melhor para a russa -, não chega nem perto de ser um resultado surpreendente, mas valeu pela emoção do terceiro set. Makarova teve 5/1 e desperdiçou cinco match points antes de fechar a parcial em 7/5.

Makarova, que também despachou Wozniacki na segunda rodada do US Open no ano passado, vai enfrentar Lucie Safarova na terceira rodada. A tcheca também vem de um resultado importante: superou Agnieszka Radwanska por 7/5 e 6/4 nesta quarta-feira. É promessa de jogão.

E o que mais?

Karolina Pliskova teve uma atuação muito, muito boa e derrubou Victoria Azarenka por duplo 6/3. Curiosamente, é a primeira vez na carreira que a tcheca ex-número 1 do mundo vai à terceira rodada em Wimbledon. E se repetir o nível de tênis que mostrou nesta quarta, quem sabe até onde ela pode ir? A chave não é das piores e, na próxima rodada, coloca Pliskova diante de Mihaela Buzarnescu, cabeça 29.

É bem possível que a gente veja um confronto entre Pliskova e Venus Williams nas oitavas. A irmã mais velha de Serena venceu novamente hoje (4/6, 6/0 e 6/1 sobre Alexandra Dulgheru) e vai enfrentar Kiki Bertens na sequência.

A chuva apareceu no fim da tarde londrina e estragou boa parte da rodada. Seis jogos da chave masculina ficaram para amanhã, inclusive o de Stan Wawrinka, que tentava uma reação contra Thomas Fabbiano. O italiano vencia por 7/6(7), 6/3 e 5/6, mas chegou a estar com uma quebra de vantagem no terceiro set. Também ficou para amanhã o fim do jogo entre Marin Cilic e Guido Pella. O croata venceu os dois primeiros sets (6/3 e 6/1), mas Pella tem 4/3 e saque na terceira parcial.

O mau tempo também afetou as chaves de duplas, que tiveram dez partidas interrompidas. Marcelo Melo e Lukasz estavam nessa lista. os dois venciam Luke Bambridge e Jony O'Mara por 6/4, 6/3 e 3/4.

Coisas que eu acho que acho:

– Quando Lukas Pouille caiu, ainda no começo desta quarta-feira, Wimbledon chegou à marca de 22 cabeças de chave eliminados. Olhando um número assim, ainda no início da segunda rodada, fica difícil questionar o critério do torneio de usar uma fórmula diferente para distribuir os 32 cabeças de chave. Dá até para argumentar que Wimbledon poderia dar ainda mais peso para os resultados na grama – ou passar a incluir na fórmula tenistas fora dos 32 primeiros do ranking mundial.

– Não sou muito fã de vídeos do tipo "jogue como um profissional em 15 segundos", mas no clipe acima, do Eurosport, Jamie Murray fala sobre a "I Formation" (que muita gente no Brasil chama de "formação australiana) das duplas, mostra os códigos que os tenistas usam e dá algumas dicas básicas. É interessante e tem bom conteúdo sem ser pretensioso.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.