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Sem surpresas: arrancada de Federer na grama não poderia ser melhor

Alexandre Cossenza

18/06/2018 05h00

Ele ficou três meses sem jogar, evitando desgastes físicos (e embates com Rafael Nadal) e fora dos estresses do circuito. Voltou conquistando um título no ATP 250 de Stuttgart, retomando a posição no topo do ranking e começando a readquirir o ritmo que já lhe coloca como o grande favorito ao título de Wimbledon. Resumindo? A volta não poderia ser melhor para Roger Federer.

A conquista em Stuttgart não tem nada de surpreendente, mas não seria drama se o suíço tivesse perdido para alguém como Mischa Zverev, Nick Kyrgios ou Milos Raonic. Perdeu sets para os dois primeiros, mas esteve afiado o bastante na final contra o canadense e triunfou sem perder parciais.

Ao repetir o calendário de 2017, Federer aposta numa fórmula que já teve sucesso. Ele sabe que é o melhor tenista do circuito na grama e que se chegar a Wimbledon em plenas condições físicas, será difícil perder – ainda mais com Novak Djokovic ainda aquém do seu melhor e Andy Murray sem jogar há um ano. Sem os principais rivais dos últimos anos, o caminho para o nono título na grama do All England Club parece bem desenhado.

Hoje, as principais ameaças a Federer seriam Cilic, Zverev, Raonic, Kyrgios e Djokovic – não necessariamente nesta ordem, mas Zverev ainda não se recuperou fisicamente de Roland Garros, Kyrgios e Raonic estão sempre às voltas com alguma lesão, e Djokovic ainda é, de certo modo, um ponto de interrogação. Resta Cilic, que tem boas chances, ainda que poucas pessoas apostem nele contra Federer numa melhor de cinco.

Segundo as casas de apostas, o segundo favorito ao título é Rafael Nadal, mas me parece o tipo de cotação mais preocupada em preservar a "banca" do que uma expectativa real de boa campanha do espanhol em Wimbledon. Nadal não passa das oitavas no All England Club desde 2011 e, em 2018, já avisou que não vai a Queen's para se poupar. Também faria sentido preservar o corpo de 32 anos e nem ir a Wimbledon – se for ao torneio, será porque Nadal é apaixonado pelo slam britânico. No entanto, não parece muito sensato esperar algo espetacular dele por lá.

Resta a Federer seguir afiando seus golpes esta semana, em Halle. Sua devolução já melhorou um bocado desde a estreia em Stuttgart, e os erros da linha de base diminuíram (junto com uma movimentação melhor). O suíço segue como favorito para qualquer jogo durante as próximas quatro semanas. Sem surpresas.

Coisas que eu acho que acho:

– O retorno da semana é de Andy Murray, que fará seu primeiro torneio desde Wimbledon do ano passado. Depois de uma tentativa de recuperação frustrada, decidiu passar por uma cirurgia no início deste ano. Agora, tenta fazer uma apresentação decente em Queen's.

– A decisão de jogar em Queen's foi tomada de última hora, e Murray não passou lá muita confiança nas entrevistas que deu. Que ninguém espere o escocês jogando sequer perto de um ótimo tênis. A participação em Queen's parece muito mais um teste para ver se será possível competir Wimbledon em condições de fazer uma apresentação digna de seu currículo.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

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