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Saque e Voleio

Zverev e Dimitrov afastam zebras com preparo físico

Alexandre Cossenza

30/05/2018 15h29

Grigor Dimitrov precisou de 4h19min para derrotar o americano Jared Donaldson por 6/7(2), 6/4, 4/6, 6/4 e 10/8 nesta quarta-feira, na segunda rodada de Roland Garros, na Quadra 18. Quando o duelo terminou, Donaldson, esgotado, mal conseguia andar. Dimitrov, número 5 do mundo e quarto cabeça de chave em Paris, beijou seus joelhos.

Ao mesmo tempo, na Quadra 1, Alexander Zverev, também mergulhado em um quinto set graças à competência de seu adversário, Dusan Lajovic, também testava seu preparo físico. O jogo durou "só" 3h24min, mas Lajovic pregou pelo menos meia hora antes do fim. Zverev, número 3 do mundo, estava inteiro nos momentos importantes e triunfou por 2/6, 7/5, 4/6, 6/1 e 6/2.

Não é todo dia que dá para falar assim de Zverev e Dimitrov. Os dois já foram vítimas de derrotas em partidas longas, quase sempre abandonados pelo aspeto físico. Não precisa ir longe. No caso de Zverev, basta lembrar de sua derrota para Heyon Chung, em janeiro, no Australian Open. O sul-coreano fez 6/0 no quinto set. Ano passado, também em Melbourne, o alemão tombou diante de Nadal, que esteve perdendo por 2 sets a 1, mas chegou voando ao quinto set e fez 6/2.

Quanto a Dimitrov, a Sheila Vieira bem lembrou em sua nova conta no Twitter: "pra alguém que já ficou com a bunda de fora por causa de cãibras em Roland Garros, [ele] tem que beijar as pernas mesmo." E se você não lembra do episódio, aconteceu em 2012, na segunda rodada, contra Richard Gasquet. E esse jogo nem chegou a cinco sets…

Hoje, mais do que nunca, condicionamento físico é essencial para quem pretende ir longe num slam. Não adianta estar pronto para jogar três horas. É preciso contar que o corpo vai aguentar mais tempo, sob chuva ou sol, com ou sem vento, num dia seco ou úmido. Slams são torneios de duas semanas com todo tipo de variação. As quadras mudam, os oponentes mudam, a exigência mental muda.

Há quem critique os cinco sets e prefira melhor de três. Há quem seja contra os sets longos e apoie tie-breaks em todos os quintos sets, como fazem no US Open. Nem é minha intenção entrar nesse debate aqui (os leitores do Saque e Voleio sabem bem que sou a favor de cinco sets, sem tie-break no último). O ponto é que enquanto os slams forem jogados nesse sistema, tenistas de ponta como Zverev e Dimitrov (ou Nishikori ou Raonic ou Del Potro) não podem se dar ao luxo de perderem jogos por falta de condicionamento.

Coisas que eu acho que acho:

– É justo que o físico seja tão importante no resultado final de tantos jogos? O argumento a favor de mudar os slams masculinos para melhor de três passa essa questão. Meu ponto de vista é o seguinte: ganha o melhor atleta, e um atleta leva para quadra um conjunto de habilidades que incluem técnica, tática, concentração, leitura do jogo e aspectos físicos (entre outros elementos). Quando todo o resto se equilibra ao longo de cinco sets, normalmente o físico é o fator de desempate. Não acho injusto.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.