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Saque e Voleio

Thiem volta a ser a maior ameaça a Nadal (e o que falta para Djokovic)

Alexandre Cossenza

19/04/2018 13h01

Dominic Thiem já deu a resposta para uma das perguntas mais importantes da temporada de saibro. Ele tem tudo para ser, mais uma vez, a principal ameaça para Rafael Nadal na terra batida. E o austríaco de 24 anos, atual #7 do mundo, deixou isso muito claro não apenas saindo de um buraco e salvando match point contra Andrey Rublev, na estreia em Monte Carlo, mas também ao derrotar Novak Djokovic de virada nesta quinta-feira: 6/7(2), 6/2 e 6/3.

Embora dono de um jogo bem diferente visualmente e mais agressivo do que o de Nadal, Thiem faz tanto estrago no saibro justamente porque seu tênis tem semelhanças com o do espanhol. Ambos devolvem o serviço muito atrás da linha de base, apostam em altas doses de top spin para empurrarem os adversários para trás e possuem excelente capacidade defensiva. Matar pontos contra Nadal e Thiem exige um bocado de quem quer que seja.

Se a lesão no tornozelo despejava alguma incerteza antes da temporada europeia de saibro, Thiem rapidamente mostrou ter tantos problemas em sua movimentação quanto em sua capacidade de encontrar maneiras de vencer no piso: zero. E Djokovic sofreu demais com isso nesta quinta, vendo Thiem disparar winners de todas direções em todos ângulos possíveis.

E não foi só isso. O austríaco foi impecável toda vez que enfrentou problemas no segundo e no terceiro sets. Salvou os dois break points que cedeu na segunda parcial, saiu de um desconfortável 0/30 no primeiro game do set decisivo, e também fechou rapidinho a porta quando sacou em 30/30 no 4/3.

É claro que Thiem ainda tem flashes de inconsistência. Foi num desses cinco minutos de apagão que Djokovic virou e venceu o primeiro set, que até então era dominado pelo austríaco. Foram momentos assim que lhe custaram resultados melhores contra Nadal no ano passado. O espanhol, lembremos, bateu Thiem em Barcelona, Madri e Roland Garros em 2017. O austríaco, que eliminou Nadal em Roma, terá sua primeira chance de 2018 contra o número 1 do mundo já nesta sexta, nas quartas de final de Monte Carlo. Será que vem algo diferente por aí?

Djokovic ainda melhor, mas não o bastante

Escrevi ontem que Novak Djokovic foi muito superior nas duas primeiras partidas em Mônaco do que nos jogos que fez em Indian Wells e Miami. Pois nesta quinta Nole esteve ainda melhor. Defendeu-se mais, contragolpeou melhor, buscou mais as linhas e teve relativo sucesso contra um Thiem que vivia uma grande tarde. Não foi uma atuação ruim. Longe disso. Para mim, foi, disparada, sua melhor apresentação em 2018.

Isso não quer dizer, contudo, que estejamos vendo o melhor Djokovic. De novo: longe disso. Ainda falta precisão, que vem com a confiança, que virá com mais vitórias. Ainda falta condicionamento, algo que também deve vir com o tempo. Hoje, no terceiro set, era claro como Thiem estava inteiro, enquanto Djokovic já tentava encurtar pontos. Ainda assim, colocando tudo na balança, Nole e seus fãs devem ver Monte Carlo como um belo sinal, não só de uma evolução que já aconteceu, mas que pode continuar e trazer coisas boas num futuro não tão distante assim.

Coisas que eu acho que acho:

– Não há muito a dizer sobre Rafael Nadal por enquanto. Fez quatro jogos no saibro (Kohlschreiber, Zverev, Bedene e Khachanov) e dominou todos. Tudo leva a crer que Thiem será mesmo seu maior rival até Roland Garros. O jogo desta sexta contra o austríaco será seu primeiro teste de verdade em 2018. E não custa lembrar que o posto de #1 do mundo estará em jogo.

– Se deu bem quem ficou na chave de baixo em Monte Carlo. Os quadrifinalistas ali são Gasquet, Alexander Zverev, Cilic e Seppi ou Nishikori (japonês e italiano se enfrentam enquanto escrevo este post). Na metade de cima, Dimitrov ou Goffin vai encarar o vencedor de Nadal x Thiem.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.