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Serena não precisa de Singapura. E Singapura, precisa de Serena?

Alexandre Cossenza

18/10/2016 08h00

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Serena Williams anunciou nesta segunda-feira que não estará no WTA Finals, em Singapura. Trata-se mais de uma confirmação do que de uma novidade. A ex-número 1 também não disputou o evento e nenhum torneio depois do US Open no ano passado. É um baque, óbvio, mas a ausência de Serena é bem menos sentida do que já foi no circuito feminino.

A quem quiser acreditar, Serena disse no vídeo acima estar muito chateada por não poder competir e que ainda tem que tratar uma lesão no ombro. Pode ser apenas uma mera coincidência que ela não possa jogar justamente na época em que o circuito está na Ásia, do outro lado do planeta. De qualquer modo, soa como forçação de barra quando a ex-número 1 diz que teve um ano muito duro depois de participar de apenas oito torneios.

De qualquer modo, hoje em dia Serena já pode ser vista como um agradável bônus quando aparece para jogar. É claro que a WTA sofrerá um baque no mercado americano quando as irmãs Williams deixarem de competir, mas há dois pontos importantes. Primeiro, o tênis não é mais centrado na "America" como foi na década de 80. Fora Madison Keys, o WTA Finals só terá atletas europeias. O foco do tênis está lá hoje em dia.

Além disso, a USTA vem fazendo um trabalho tão competente que eventualmente alguma outra americana – além de Keys – aparecerá para brigar pela ponta do ranking. Isso, cedo ou tarde, vai ajudar a "vender" eventos nos Estados Unidos.

É bem possível que daqui a alguns anos olhemos para 2016 como o ano da transição. Depois do quase Grand Slam de fato de Serena em 2015, a americana jogou pouco, perdeu duas finais de Slam e deixou a liderança do ranking. Ela mesma "votou" em Kerber como melhor atleta do ano (vide tweet acima)…

A impressão que fica, pelo menos para mim, é que a WTA caminha com um circuito forte e equilibrado sem Serena, mas com Kerber, Radwanska, Halep, Kvitova, Wozniacki, e outras – lembremos que Azarenka e Sharapova voltarão. Todo esporte sente falta de ídolos, e a americana foi uma das maiores da história (para alguns, a maior). O circuito feminino, porém, já tirou esse peso das costas de Serena. E vamos em frente.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.