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Saque e Voleio

Brasil x Croácia, dia 1: um atípico dia previsível

Alexandre Cossenza

18/09/2015 19h26

Todo tipo de coisas estranhas pode acontecer em confrontos de Copa Davis, já diz o clichê. Pois foi tudo que não aconteceu o primeiro dia de Brasil x Croácia, duelo válido pelo playoff do Grupo Mundial, em Florianópolis. Primeiro, Thomaz Bellucci derrotou Mate Delic, #499. Em seguida, Borna Coric, #33, derrotava Feijão com folga quando a (também esperada) chuva forçou a interrupção da partida.

De inesperado mesmo, apenas o trabalho que o número 1 do Brasil encontrou quando Delic, o azarão, controlou seus erros e ofereceu alguma resistência. O croata venceu o terceiro set e esteve uma quebra à frente no quarto quando Bellucci finalmente se fez superior e definiu o jogo: 6/1, 6/4, 3/6 e 6/4. Mesmo com um pouco mais de drama do que o esperado, Brasil 1 x 0 Croácia.

Em seguida, foi a vez de Feijão, vindo de oito derrotas seguidas, tentar a sorte contra o número 1 croata. A partida foi até equilbrada, mas Coric conseguiu uma decisiva quebra no nono game do primeiro set e venceu um duro tie-break no segundo. Depois disso, o cenário mais provável seria um triunfo sem sobressaltos do jovem de 18 anos, mas o céu fechou, e o jogo foi paralisado por falta de luz natural pouco antes das 16h.

Alguns minutos depois, o árbitro decidiu que a partida continuaria, mas foi aí que a chuva, que se insinuava desde a manhã, veio com força e alagou a quadra (especialmente a metade que ficou desprotegida – sem lona – durante mais de uma hora). Sem holofotes, a continuação foi adiada para as 10h de sábado, com o placar registrando 6/4, 7/6(5) e 4/1 a favor de Coric.

Se o "previsível" continuar neste sábado, Coric completa sua vitória neste sábado e, em seguida, Marcelo Melo e Bruno Soares marcam o segundo ponto brasileiro em cima e Ivan Dodig e Franko Skugor. De qualquer maneira, o domingo promete um jogaço com o confronto ainda indefinido entre Bellucci e Coric.

Coisas que eu acho que acho

Bellucci esteve longe de seu melhor tênis e mostrou-se consciente disso na coletiva. Aos jornalistas, disse que o mais importante foi manter a cabeça no lugar e não perder-se de vez, especialmente quando esteve atrás no quarto set. Parece uma avaliação bem equilibrada do que aconteceu. Sobre Coric, vale ressaltar que o croata lidou muito bem com o barulho da torcida, que, sejamos sinceros, não foi lá tão agressiva. O adolescente até deu uma provocada a galera quando venceu o segundo set. Resta saber se ele continuará levando a torcida contra numa boa mesmo em uma partida mais equilibrada e, quem sabe, atrás no placar. Será?

A desorganização

A organização do confronto, por sua vez, deixou muito a desejar. A começar pelo funcionário do Costão do Santinho que tentava obrigar motoristas (eu inclusive) a deixarem seus carros em um estacionamento pago perto do resort. Além disso, a situação era confusa para quem precisava trocar vouchers por ingressos. Os guichês, que abririam às 8h, só começaram a funcionar às 9h45min. Com o confronto começando às 10h, não surpreende que a arena estivesse quase vazia quando Bellucci e Delic disputaram o primeiro ponto. E houve também quem reclamasse que os food trucks (boa ideia, só que mal executada) não aceitavam cartões de débito ou crédito.

Para a imprensa, a situação não foi muito melhor. Não havia área demarcada na quadra para jornalistas (bancada com tomada para laptops, então, nem em sonho). Parece bobagem, mas um copo de cerveja voou e molhou um jornalista da ITF – eu estava do lado e "ganhei" alguns pingos (imaginem se cai no computador de alguém). Também não houve transmissão da partida na sala de imprensa (até o terceiro set de Feijão x Coric), e o wifi funcionava muito mal. Ah, sim: banheiros químicos sem lixeiras ou pias eram a única opção. É, seguramente, o confronto de Davis com a pior infraestrutura que vi (este é o oitavo duelo que vejo in loco).

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.