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US Open, dia 9: o abraço das irmãs, um Djokovic ameaçado e o campeão vivo

Alexandre Cossenza

09/09/2015 02h34

A terça-feira começou meio morna com o primeiro jogo das quartas de final femininas, melhorou um pouco com o jogo de cinco sets de Marin Cilic e Jo-Wilfried Tsonga e ficou animada mesmo à noite, com o duelo das irmãs Williams e um belo confronto entre Novak Djokovic e às excelentes subidas à rede de Feliciano López. O resumaço deste nono dia do US Open fala sobre as quatro partidas, mas também lembra de Orlando Luz na chave juvenil, da aposentadoria de Michael Russell e até de um momento Masterchef na TV brasileira. É só rolar a tela!

A noite nova-iorquina

Venus e Serena, dois maiores nomes do tênis americano nos últimos 20 anos, se enfrentando nas quartas de final de um Slam em Nova York. O badalado jogo trouxe todo tipo de "celebridade" ao Estádio Arthur Ashe. Oprah Winfrey, Kim Kardashian, Aziz Ansari e até o pré-candidato republicano à presidência Donald Trump estavam lá para o jogão (entre muitos outros nomes mais e menos famosos).

Só que a partida deixou a desejar, como a maioria dos encontros entre as irmãs. Do começo ao fim, o jogo jamais esquentou de verdade. Serena venceu o primeiro set com facilidade, e Venus disparou na frente no segundo. O terceiro, que poderia ter mais emoção com o risco de derrota de Serena, foi decidido já no segundo game, quando Venus perdeu o serviço. Depois disso, a número 1 só encarou um break point – e se salvou. No fim, o placar mostrou 6/2, 1/6 e 6/3.

O momento mais legal da noite foi o caloroso abraço entre as irmãs junto à rede, ao fim da partida. "Ela é a adversária mais dura que já enfrentei, minha melhor amiga e maior competidora do tênis feminino", disse a caçula, que agora está a duas vitórias do Grand Slam de fato – aquele em que o tenista vence os quatro Slams na mesma temporada.

Em seguida, foi a vez de Novak Djokovic encarar Feliciano López. Se o vencedor foi quem a maioria imaginava, o jogo foi muito mais interessante do que o esperado – e certamente melhor do que os primeiros 25 minutos sugeriram. O sérvio aplicou 6/1 e parecia rumando para um triunfo rápido, mas perdeu um break point no primeiro game do segundo set e foi quebrado na sequência. Feliciano aproveitou e elevou seu nível. O #19 do mundo até salvou um break point subindo à rede no segundo serviço quando tinha 5/3. Pouco depois, fechou o set e equilibrou as coisas. Djokovic não estava nada animado na virada de lado…

O problema (para o espanhol, claro) é que Feliciano deu uma quebra de presente no game inicial do terceiro set – e com uma dupla falta no break point. Era tudo que o #1 precisava para assentar novamente em quadra e aproveitar a vantagem até o fim da parcial. O equilíbrio finalmente apareceu no quarto set, com os dois lutando e mantendo seus serviços com lances espetaculares. O espanhol, aliás, brilhou nas subidas à rede e no saque-e-voleio. Não fosse assim, o número 1 teria triunfado mais rápido. E não foi assim no tie-break final. Djokovic disparou no placar e fechou sem problemas. O placar final foi 6/1, 3/6, 6/3 e 7/6(2).

A outra semifinalista

O primeiro jogo do dia, entre duas estreantes em quartas de final, terminou com vitória de Roberta Vinci (#43) sobre Kristina Mladenovic (#40) por 6/3, 5/7 e 6/4. A italiana teve o jogo sob controle desde os primeiros games até o momento em que teve uma quebra de vantagem no segundo set. Até ali, aliás, o maior aplauso para a francesa veio por causa de seu talento nas embaixadinhas.

Só que Vinci perdeu o serviço em quatro pontos rápidos, e Mladenovic cresceu na partida, alongando o jogo e mantendo tudo equilibrado até a metade do terceiro set. No fim, a italiana, com a experiência de vários títulos de Grand Slam em duplas (ela mesma falou que não ficou mais tensa na briga por sua primeira semifinal em simples por já ter passado por momentos tensos e "grandes" ao lado de Sara Errani), acabou sendo mais consistente e conseguindo a quebra decisiva em um looooongo sétimo game, que teve dez igualdades.

A veterana de 32 anos, que se beneficiou fisicamente por não ter jogado nas oitavas (Bouchard abandonou), agora avança para fazer sua primeira semifinal de Slam na carreira. Vencer mais um jogo não será tarefa das mais fáceis, mas ela pouco parece se incomodar: "Não importa. Tô na semifinal (risos)"

O outro semifinalista

Marin Cilic, atual campeão do US Open, entrou em quadra logo depois de Vinci x Mladenovic e precisou de cinco sets para avançar. Fez 6/4, 6/4, 3/6, 6/7(3) e 6/4 em 4h11min sobre Jo-Wilfried Tsonga (#18). O curioso é que o jogo foi bem menos emocionante do que o placar sugere e a vitória pareceu estar nas mãos de Cilic o tempo inteiro. O único momento de tensão aconteceu quando o croata perdeu três match points no quarto set e acabou sucumbindo no tie-break. No entanto, uma quebra no quinto game lhe colocou na frente outra vez e foi o suficiente.

O #9 do mundo agora tem 12 vitórias consecutivas em Flushing Meadows, mas a parte fácil da chave ficou para trás (bateu Pella, Donskoy, Kukishkin, Chardy e Tsonga). O próximo adversário é um pouquinho mais difícil…

O brasileiro

Último representante do Brasil no US Open, Orlando Luz, cabeça de chave 7 do torneio juvenil, foi eliminado na segunda rodada. Ele perdeu para o americano Alex Rybakov por 6/3 e 6/0. Orlandinho foi o único juvenil do país a ganhar pelo menos uma partida em Flushing Meadows.

Na chave principal feminina, Luisa Stefani perdeu na primeira rodada. No qualifying, Igor Marcondes, Gabriel Sidney, Sophia Chow e Thaisa Pedretti também foram eliminados já na estreia.

A aposentadoria

Aconteceu na segunda-feira, mas o registro é necessário. Michael Russell, aquele Michael Russell, encerrou a carreira quando foi eliminado na chave de duplas. Ao fim, o veterano de 37 anos beijou o chão da Grandstand e deixou a quadra pela última vez como profissional.

Russell apareceu para o mundo quando saiu do qualifying e esteve a um ponto (dois centímetros, na verdade) de eliminar Gustavo Kuerten nas oitavas de final de Roland Garros/2001 – ano do tri do brasileiro em Paris. O melhor momento do americano, contudo, aconteceu só 12 anos depois, quando alcançou o 60º posto do ranking em 2013, já com 35 anos.

Conheci Russell em 2012, quando fiz a cobertura da entrada de Guga no Hall da Fama, em Newport. O americano estava lá para jogar o ATP local e topou conversar comigo sobre a partida de Roland Garros – aquela partida. Foi bacana ver que ele guardou boas lembranças de uma derrota tão doída e pôde dar algumas risadas daquilo. A entrevista ainda está no ar, se alguém quiser ler.

Momento Masterchef

Essa foi durante Djokovic x López. Enquanto o antenado narrador Fernando Nardini comentava a saída de Jiang do Masterchef (o anúncio da saída aconteceu durante o game decisivo do segundo set) e provocava Fernando Meligeni por não conhecer o programa, Fino leu um tweet achando que era sobre ele, mas era sobre o outro Fernando (aquele, o mais "querido" do reality show gastronômico). O resultado foi o diálogo abaixo:

O que vem por aí no dia 10

Na sessão diurna do Ashe, Kvitova x Pennetta, Azarenka x Halep e Wawrinka x Anderson, com a rodada marcada para começar às 12h (horários de Brasília). A noite começa com uma exibição de duplas às 20h: Courier / Fish x Chang / John McEnroe. Depois, não antes das 21h, Roger Federer encara Richard Gasquet.

A programação completa desta quarta-feira, com todos jogos de duplas e dos torneios juvenis, está neste link.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.