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US Open, dia 7: furto, Gran Willy, concussão de Bouchard e o #1 em apuros

Alexandre Cossenza

07/09/2015 04h27

Se dentro de quadra as coisas só foram esquentar na sessão noturna, nos vestiários o domingo começou quente. As partidas do dia mal haviam começado quando Donald Young já reclamava do sumiço de todos seus pares de tênis. Mais tarde, veio o anúncio da desistência de Eugenie Bouchard. Mais tarde, Novak Djokovic encontrou inesperados problemas com Robert Bautista Agut e, por fim, quem ficou acordado foi recompensado com um gran willy de Kristina Mladenovic na partida que acabou na madrugada nova-iorquina. Não viu? Então role a página e comece agora a ler o resumaço do dia!

A noite nova-iorquina

Novak Djokovic abriu a sessão noturna e, é bom que se diga, teve bastante trabalho contra Robert Bautista Agut (#23). O espanhol entrou em quadra disposto a soltar o braço e até venceu o segundo set contra o sérvio. Só que enquanto as redes sociais comparavam a atuação do espanhol com a de Fabio Fognini duas noites atrás, o número 1 do mundo mantinha a compostura e esperava sua chance para dar o bote. Ela apareceu no quinto game do terceiro set, e Djokovic não bobeou. Tomou a dianteira de vez e arrancou para vencer: 6/3, 4/6, 6/4 e 6/3.

O jogo menos esperado da noite (há quem diga que esse jogo só foi parar na sessão noturna por causa de Eugenie Bouchard) acabou sendo uma surpresa agradável e que terminou tarde, além da 1h da manhã no horário de Nova York. Kristina Mladenovic, #40 do mundo, que nunca tinha derrotado Ekaterina Makarova nem ido tão longe nas simples em um Slam, acabou derrotando a russa número 13 do ranking; 7/6(2), 4/6 e 6/1.

Mais do que derrubar uma cabeça de chave, a francesa deu um passo importante em uma seção da chave que nunca foi forte e, para piorar (ou melhorar, no caso de Mladenovic), ficou sem as duas principais cabeças de chave logo na primeira rodada. Assim, Kiki vai encarar Roberta Vinci (#43) valendo vaga nas semifinais contra Serena ou Venus Williams. A jogada do dia Quem ficou acordado viu o Gran Willy de Kristina Mladenovic, que ainda ganhou o ponto de Ekaterina Makarova. Olhaí!


As candidatas

A sessão diurna não foi lá muito emocionante, o que, sejamos sinceros, já era de se esperar. A começar com a vitória nada complicada de Venus Williams (#23) sobre a estoniana Annet Kontaveir (#152): 6/2 e 6/1 em 50 minutos. O resultado coloca uma Williams na semifinal, já que Venus enfrentará a irmã nas quartas.

Serena ficou a três vitórias do Grand Slam de fato (os quatro títulos de Slam na mesma temporada) ao superar a compatriota Madison Keys, que até fez uma boa apresentação. O problema da #19 do mundo é que a líder do ranking também fez seu melhor jogo no torneio e não cedeu um break point sequer.

Aliás, os números da WTA mostram um pouco sobre como é difícil devolver o saque da #1 do mundo. Nas três primeiras rodadas, Madison Keys conseguiu colocar em jogo 79% (Koukalova), 69% (Smitkova) e 82% (Aga Radwanska) das devoluções de saque. Contra Serena, o mesmo número ficou em apenas 50%.

E vale lembrar: de 2008 para cá, Serena e Venus se enfrentaram 12 vezes, com oito vitórias de Serena. Ao todo, são 26 encontros, com 15 triunfos da caçula.

A desistência

Quando Eugenie Bouchard desistiu das duplas e duplas mistas no sábado, ficou a dúvida no ar. O comunicado oficial do US Open falava em um tombo no vestiário, mas não dava detalhes. Hoje ficou tudo claro. Genie caiu quando saía do banho de gelo e sofreu uma concussão. A canadense tinha um treino agendado para 15h15min, adiou para 16h e depois cancelou de vez. Então foi ao complexo, chegou caminhando cuidadosamente (vídeo abaixo) e anunciou sua desistência por causa de uma concussão.

Sem Bouchard, Roberta Vinci, #43, ganha um lugar nas quartas de final. Até agora, a italiana venceu Vania King (#414), Denisa Allertova (#77) e Mariana Duque-Mariño (#96). E ainda escapou de Makarova (#13)! Quanta sorte, não?

Os candidatos

Marin Cilic, número 9 do mundo e atual campeão, segue avançando no torneio. A vítima do domingão foi Jeremy Chardy (#27) que, convenhamos, já tinha ido longe demais. É obrigatório dizer, contudo, que o francês deu um bom trabalho ao croata aqui nas oitavas. Não fosse um péssimo tie-break no segundo set, Chardy poderia ter se colocado em uma posição bem interessante para triunfar. Mas não aconteceu. Depois de vencer o game de desempate, Cilic deslanchou: 6/3, 2/6, 7/6(2) e 6/1. O campeão agora encara Jo-Wilfried Tsonga (#18), que vem vencendo meio que fora do radar, mas sem perder nenhum set até agora. Neste domingo, bateu o compatriota Benoit Paire (#41) por 6/4, 6/3 e 6/4.

A maldição Nadal

Fabio Fognini derrotou Rafael Nadal três vezes em 2015. Na primeira vez, perdeu em seguida para o espanhol David Ferrer no Rio de Janeiro (6/2 e 6/3). Na segunda vez, em Barcelona, perdeu na sequência para o também espanhol Pablo Andújar por 6/1 e 6/3. Agora, em Nova York, encarou outro compatriota de Rafa Nadal e… O que aconteceu? Derrota diante de Feliciano López por 6/3, 7/6(5) e 6/1. Agora são sete sete seguidos perdidos por Fognini nos jogos imediatamente após bater Rafael Nadal.

O furto

A rodada mal tinha começado quando Donald Young já estava no Twitter afogando as mágoas. O #68 do mundo, que na noite anterior completou uma inesperada virada que valeu uma inesperada vaga nas oitavas de final, chegou no Estádio Arthur Ashe neste domingo, abriu seu armário no vestiário e não encontrou nenhum de seus pares de tênis. Precisou correr atrás de outros…

Young entra em quadra nesta segunda-feira contra Stan Wawrinka, número 5 do mundo. O suíço, que ainda não teve atuações espetaculares, também não perdeu sets e já venceu cinco tie-breaks (em nove sets jogados).

A brasileira

A única participação brasileira do dia foi de Luisa Stefani, cabeça de chave 12 na chave juvenil. Ela enfrentou a bielorrussa Iryna Shymanovich na estreia e perdeu por 7/5, 1/6 e 6/1.

O vídeo

Foi publicado no site da ATP uns dias atrás, mas vale o registro aqui no blog também. Novak Djokovic, que foi tão criticado alguns anos atrás por fazer imitações de seus colegas, encontrou no US Open o tenista espanhol Andres Carrasco, conhecido como um dos melhores imitadores do mundo. E vejam que aula de bom humor e espírito esportivo o sérvio dá ao se divertir com Carrasco.

Para quem não lembra, Carrasco ficou conhecido em 2007, quando este vídeo viralizou entre o povo que curte tênis. Lembro bem porque foi um dos primeiros vídeos que postei no Saque e Voleio. E para quem clicar, recomendo a ótima imitação de Guga, lá pela marca de 3'00''.

O que vem por aí no dia 8

O segundo dia das oitavas de final é certamente mais interessante que o primeiro. Na chave masculina, todos jogos são interessantes. Desde Stan Wawrinka contra o novo rei das viradas, Donald Young, até Roger Federer x John Isner, partida que fecha a sessão noturna do Estádio Arthur Ashe. Mas também tem Kevin Anderson x Andy Murray e Tomas Berdych x Richard Gasquet no Estádio Louis Armstrong.

Na chave feminina, a grande atração deve ficar pele encontro de Petra Kvitova, número 4 do mundo invicta há sete jogos (foi campeã do WTA de New Haven), com a britânica Johanna Konta (#97), que saiu do quali e não perde há 16 jogos – a sequência inclui dois títulos de ITFs (US$ 50 e 100 mil) e, entre outras, vitórias sobre Garbiñe Muguruza (#9) e Andrea Petkovic (#18).

A programação completa está neste link.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.