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Roland Garros: o guia feminino

Alexandre Cossenza

24/05/2015 02h47

Serena_Azarenka_RG_afp_blog

Serena Williams pode ter um dos Grand Slams mais difíceis de sua carreira, enquanto Maria Sharapova, na outra ponta da chave de Roland Garros, têm caminho menos complicado. Simona Halep, por sua vez, caiu na seção mais apetitosa, mas será que a romena vem jogando o bastante para se colocar (ou ser colocada) como real postulante ao título do Grand Slam francês?

A grande questão, como parece ser em cada um dos grandes torneios femininos, é a forma de Serena Williams. Até a semifinal de Madri, a número 1 do mundo parecia rumar para outra bela sequência no saibro. Vieram, então, uma derrota inapelável diante de Petra Kvitova e um WO na segunda rodada em Roma por causa de uma lesão pouco explicada no cotovelo.

A americana disse, já em Paris, que os sintomas diminuíram, mas o quanto isso vai afetar seu jogo só saberemos depois da estreia. Até lá, segue o ponto de interrogação que só aumenta quando se olha a chave. Para chegar à final, Serena pode ter que enfrentar Victoria Azarenka logo na terceira rodada (já já falo mais desse jogo) e, na sequência, Venus/Stephens, Wozniacki e Kvitova. Entraria, sem sombra de dúvida, para a lista das campanhas mais duras de sua carreira.

Maria Sharapova, além de campeã de Roland Garros em 2012 e 2014, soma 25 vitórias nos últimos 27 jogos que fez no torneio (vice em 2013 e semi em 2011). Automaticamente, já seria candidata fortíssima ao título. A conquista em Roma, onde passou por Azarenka nas quartas (calma, ainda chego à Vika) só fortaleceu seu status. A questão é que sua chave tem cascas de banana por toda parte. Desde a imprevisível Sam Stosur na terceira rodada (ou não!), incluindo Lucie Safarova aparecendo nas oitavas e Angelique Kerber ou Carla Suárez Navarro nas quartas (Flavia Pennetta e Garbiñe Muguruza também estão nessa seção).

A "vencedora" do sorteio foi mesmo Simona Halep, a cabeça 3. Rival em potencial de Sharapova nas semifinais, a romena caiu numa seção em que as principais cabeças de chave são a imprevisível Ana Ivanovic, a russa Ekaterina Makarova, que jamais passou da terceira rodada em Paris, e a polonesa Agnieszka Radwanska, outra que não tem lá grande reputação no saibro. A dúvida aqui fica por conta das atuações recentes de Halep. Seu pré-Roland Garros teve uma semi em Stuttgart, uma primeira rodada em Madri e uma semi em Roma. E nenhuma das três campanhas empolgou. Halep pode tanto ir longe quanto ser a grande decepção do torneio (mas você já deve ter ouvido isso no podcast Quadra 18).

Sharapova_RG_afp_blog

A brasileira

Com seu ranking atual, Teliana Pereira teria vaga direta na chave de Roland Garros. No entanto, como estava fora do corte na data limite de inscrições, acabou precisando passar pelo quali para entrar no grupo das 128. Sua estreia é contra a convidada Fiona Ferro e está marcada para as 6h (de Brasília) logo deste domingo. Está longe de ser o pior sorteio. A francesa de 18 anos é apenas a número 325 do mundo. Caso vença, Teliana provavelmente terá Makarova pela frente. Vale repetir: no saibro, não é a pior das cabeças de chave para se enfrentar. Trocando em miúdos, a pernambucana terá chances. Resta saber se conseguirá aproveitá-las.

O que ver (ou não na TV)

Diferentemente da chave masculina, o torneio das mulheres já tem um punhado de jogos interessantes na primeira rodada. Desde Azarenka x Torro-Flor lá no alto da chave (juro que falo da Vika mais abaixo!), passando por Bouchard x Mladenovic até Sharapova x Kanepi lá na ponta de baixo. Há potencial de zebra nos três. Mas não é só isso. Outros ótimos duelos em potencial estão espalhados na chave, como Sloane Stephens x Venus Williams, Cornet x Vinci, Suárez Navarro x Niculescu, e Safarova x Pavlyuchenkova. E isso tudo é só na primeira rodada!

O que pode (ou não) acontecer de mais legal

Há algo mais interessante do que Serena x Azarenka já na terceira rodada? Desde que despencou no ranking por causa de lesões, Vika vem enfrentando chaves nada agradáveis. Enfrentou Stephens e Wozniacki nas duas primeiras rodadas em Melbourne, encarou Kerber na estreia em Doha, Sharapova na segunda fase em Indian Wells, Serena nas oitavas em Madri e Sharapova (de novo) nas quartas em Roma. "Não tá fácil", já dizem os filósofos de redes sociais. E tantas derrotas assim fizeram com que Azarenka não escalasse o ranking tão rápido como o desejado. Logo, chegou a Roland Garros como número 27 do mundo.

Jogo por jogo, Serena sempre será favorita contra a bielorrussa. As previsões aqui ficarão por conta do que a número 1 mostrar no início da semana. Se não acusar dores, será favoritíssima. Enquanto isso, Vika tentará se apegar (ou seria melhor esquecer?) às chances que teve em Madri para manter as esperanças. Lá, ela teve três match points, mas acabou saindo de quadra derrotada. Vencer esse jogo não garante nada – lá no alto, escrevi sobre o quão dura é essa parte da chave – mas injetará doses significativas de ânimo e confiança na vencedora.

A tenista mais perigosa que ninguém está olhando

Depois de derrubar quatro tenistas do top 20 em Madri (Makarova, Muguruza, Safarova e Sharapova), Svetlana Kuznetsova merece um pouco mais de atenção – até porque sua chave não é das mais turbulentas. Tem uma estreia contra Bertens, uma segunda rodada contra Schiavone/Wang e, depois, Pliskova até um confronto de oitavas contra quem avançar da seção que tem Bouchard (em péssima fase), Mladenovic e Diyas. Além disso, sua rival mais forte em potencial nas quartas seria a talentosíssima-porém-instável Petra Kvitova, número 4 do mundo. Qualquer coisa pode acontecer nessa parte da chave, e a veterana Kuznetsova, finalista em 2006 e campeã em 2009, pode muito bem aproveitar.

Minha seção preferida

Que tal prestar atenção no grupo que definirá a adversária de Petra Kvitova (potencialmente falando, claro) nas oitavas de final. Estão ali a inteligente Timea Bacsinszky, a talentosa Taylor Townsend, a experiente Daniela Hantuchova, a jovem em ascensão Belinda Bencic e a fortíssima Madison Keys. Do jeito que foi o sorteio, a segunda rodada pode ter Bacsinszky x Townsend e Bencic/Hantuchova x Keys. E as vencedoras desses dois jogos se enfrentariam na sequência. Seriam vários jogos ótimos. Duro mesmo seria escolher alguém para apostar.

Nas casas de apostas

Na australiana sportsbet, Serena Williams lidera as cotações. Quem apostar (e acertar!) num título da americana recebe 3,75 para cada "dinheiro" apostado. Sharapova (5,00) e Halep (5,50) não ficam tão atrás assim. O top 10 ainda tem Kvitova (10,00), Azarenka (13,00), Wozniacki (21,00), Suárez Navarro (21,00), Bouchard (31,00), Muguruza (34,00) e Kerber (34,00). Teliana paga 501,00.

Na britânica William Hill, a situação é quase igual. A única diferença no "top 10" é a presença de Suárez Navarro em sexto, à frente de Wozniacki. As cotações são as seguintes: Serena (11/4, ou seja, 11 "dinheiros" para cada quatro apostados), Sharapova (9/2), Halep (5/1), Kvitova (10/1), Azarenka (12/1), Suárez Navarro (20/1), Wozniacki (25/1), Bouchard (33/1), Muguruza (33/1) e Kerber (40/1). Um título de Teliana Pereira paga 500/1.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.