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Saque e Voleio

Melo, Soares e o ponto de (des)equilíbrio

Alexandre Cossenza

07/03/2015 16h04

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Entra Copa Davis, sai Copa Davis, e o Brasil tem uma certeza: Marcelo Melo e Bruno Soares vão triunfar no sábado. É assim há oito confrontos, e até os irmãos Bob e Mike Bryan já foram vítima. Não foi diferente em Buenos Aires. Por 3 sets a 0, com parciais de 7/5, 6/3 e 6/4, os dois mineiros derrotaram Carlos Berlocq e Diego Schwartzman e colocaram o Brasil novamente à frente no confronto: 2 a 1. Agora, o time do capitão João Zwetsch está a um ponto de avançar no Grupo Mundial pela primeira vez desde 2001.

Tirando o primeiro game de saque do segundo set, que teve três duplas faltas de Bruno Soares e acabou com a primeira quebra a favor da Argentina, foi um jogo sem sustos. E nem foi uma atuação espetacular da parceria brasileira. O primeiro set foi um pouco instável, e a quebra só veio no 12º game, quando Schwartzman – serviço mais vulnerável da dupla da casa – foi quebrado com uma devolução vencedora de Soares.

O único tropeço veio no começo do segundo set, mas a liderança de Berlocq e Schwartzman não demorou muito. Três games depois, Schwartzman foi quebrado novamente. Mais dois games e, dessa vez, foi Berlocq quem perdeu o serviço. Soares ainda teve o saque ameaçado outra vez, mas o time brasileiro salvou um break point no nono game e fechou a parcial três pontos depois.

Até que o público tentou. Os argentinos se levantaram, pularam, gritaram e aplaudiram, mas o jogo já parecia em piloto automático para os brasileiros. Com Marcelo Melo mais uma vez jogando uma monstruosidade – não é o número 3 do mundo e 1 do país por acaso – foi questão de tempo para que ele e Soares fechassem a partida. E sem drama.

Assim, mais uma vez, a dupla mineira, o ponto de equilíbrio e segurança do time brasileiro, desequilibrou um confronto. Foi assim contra a Rússia em 2011, contra a Colômbia em 2012, e contra Equador e Espanha em 2014. Todos esses confrontos terminaram a sexta-feira empatados. Em todos eles, Marcelo Melo e Bruno Soares colocaram o Brasil na frente. Agora só falta um.

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Coisas que eu acho que acho:

– Em tese, o primeiro jogo deste domingo, às 11h (de Brasília), será entre Feijão e Leonardo Mayer. Mas será que Orsanic teria a ousadia de substituir o número 1 do país? No saibro, com Feijão sacando aberto e alto, o backhand de Mayer pode se mostrar um tanto vulnerável. Foi assim em São Paulo, quando o paulista levou a melhor. Por esse lado, talvez Schwartzman, mais consistente do fundo de quadra, fosse uma opção interessante para a Argentina, mas será que Orsanic, em sua estreia como capitão, ousaria tanto ao tirar o número 1 do país no domingo?

– E quanto a Berlocq, que jogou 4h57min na sexta e voltou à quadra neste sábado? Será que Orsanic insiste com ele no caso de um quinto jogo? Ou Delbonis estaria sendo guardado para a ocasião?

– Não custa lembrar. A última vez que o Brasil passou da primeira rodada no Grupo Mundial foi em 2001, quando o time do capitão Ricardo Acioly derrotou Marrocos, no Rio de Janeiro, por 4 a 1. Aquela equipe tinha Gustavo Kuerten, Fernando Meligeni, Jaime Oncins e Alexandre Simoni (os dois últimos fizeram o ponto das duplas e fecharam o confronto já no sábado).

– Não seria bacana se o Brasil fechasse o confronto em 3 a 2, com uma vitória de Bellucci? Um resultado assim seria, ao menos, simbólico de um time que, hoje em dia, pode vencer qualquer dos pontos, seja com Feijão, Bellucci ou a dupla. Equipes assim, com uma pitada de sorte na chave, podem ir bastante longe.

– A Sérvia, que já abriu 3 a 0 em cima da Croácia, vai enfrentar o vencedor de Brasil x Argentina. Djokovic e companhia jogarão em casa se o Brasil triunfar. Em caso de vitória argentina, os hermanos escolherão a sede.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.