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Saque e Voleio

O típico e atípico título de Serena Williams

Alexandre Cossenza

28/10/2014 08h26

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Não foi a temporada dos sonhos de Serena Williams. Longe disso. Tudo bem que a americana conquistou seus títulos nos WTAs, que não foram poucos (Brisbane, Miami, Roma, Stanford e Cincinnati). Mas ela perdeu nas oitavas no Australian Open, na segunda rodada em Roland Garros e na terceira em Wimbledon. Para os padrões de Serena Williams, já era um ano abaixo das expectativas.

Veio, então, o US Open – o último Grand Slam do ano, em casa. Enfim, uma atuação padrão Serena. Foram 14 sets disputados e 14 vencidos. A número 1 do mundo não perdeu mais do que três games por set. E, ainda que tenha encontrado um caminho fácil (não encarou nenhuma top 10), foi absoluta na decisão contra Caroline Wozniacki, uma ex-número 1 que voltava a jogar um bom tênis, apesar de figurar no 11º posto no começo do torneio nova-iorquino.

Quando chegou a Cingapura, novo palco do recém-renomeado WTA Finals (sim, a WTA precisou copiar a ATP porque Championships, com o "s" no fim, era difícil de explicar e de fazer "pegar"), Serena ainda corria o risco de perder a liderança do ranking. O cenário se descomplicou quando Maria Sharapova perdeu seus dois primeiros jogos na fase de grupos, mas não ficou tão agradável assim quando a americana levou um doído 6/0 e 6/2 da romena Simona Halep. Uma atuação abaixo da crítica, reforçada pela solidez da adversária.

No fim das contas, o WTA não deixou de ser um reflexo do resto de 2014 para Serena Williams. Irreconhecível num dia, foi cirúrgica no outro, quando fez 6/1 e 6/1 sobre Eugenie Bouchard. Ainda assim, precisou da ajuda de Halep, que tirou um set de Ana Ivanovic e pôs a número 1 nas semifinais, armando o melhor jogo do torneio: Serena x Wozniacki. A dinamarquesa, invicta até então, fazia um belíssimo torneio e esteve perto, muito perto, de triunfar.

Primeiro, Caroline Wozniacki sacou para o jogo com 5/4 no terceiro set. Mais tarde, abriu 4/1 no tie-break. Sacou os dois pontos, mas perdeu ambos. Nos dois, Serena mandou bolas que tocaram na fita. A número 1 venceu o tie-break por 8/6 e, na final, atropelou Halep: 6/3 e 6/0. Um final típico para uma tenista que, se não foi dominante e consistente como em outros anos, ainda é, em um dia normal, a melhor tenista do mundo. Com folgas.

Coisas que eu acho que acho:

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– Doeu ver Caroline Wozniacki não conseguindo aproveitar a rara chance que teve de derrotar Serena. Esteve tão perto, faltou tão pouco… Principalmente em uma belíssima semana da dinamarquesa, que vinha de vitórias sobre Sharapova (que jogo!), Kvitova e Radwanska. Se serve de consolo, foi ótimo vê-la apresentar um nível de tênis que ela é capaz de repetir com frequência.

– Sempre repito: não é um estilo bonito, não é agressivo, não chama atenção, mas o tênis de Wozniacki, acima de tudo, é inteligente. Citei isso no Twitter no dia do jogo e reforço agora. Quem viu a partida contra Sharapova pôde constatar como a dinamarquesa, além de se defender maravilhosa e irritantemente bem, induz a adversária a sempre executar os golpes mais difíceis. A russa precisaria jogar um tênis espetacular para vencer. Não aconteceu.

 

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.