Topo

Saque e Voleio

Calibrando Rafael Nadal

Alexandre Cossenza

09/05/2014 12h50

Nadal_Madri_QF_get_blog

As derrotas para David Ferrer, em Monte Carlo, e Nicolás Almagro, em Barcelona, causaram um alvoroço no circuito. E com certa razão. O mundo não está acostumado a ver Rafael Nadal ser derrotado no saibro. Desde o título de Roland Garros, em 2005, foram raríssimos seus reveses. São, afinal de contas, 92% de vitórias na terra batida em toda carreira.

A atenção era justificada, claro. Ainda mais porque Ferrer e Almagro são dos habituais "fregueses" do número 1 do mundo. E se é verdade que Nadal começou a temporada europeia de saibro abaixo de seu nível normal, também é inegável que sua eliminação em Barcelona veio justamente em sua melhor atuação no torneio. Nadal teve aquele jogo na mão, mas um vacilo aqui e outro ali, aliados à ótima apresentação de Almagro (sempre subestimado!), resultaram na derrota.

Faltava um pouco de confiança. Faltava consistência. Veio, então, Madri. E, no torneio de saibro com condições de jogo mais rápidas (por causa dos cerca de 670 metros de altitude), Rafael Nadal vem se encontrando. Começou com uma boa vitória contra Juan Mónaco na estreia, na qual o 6/1 e 6/0 até sugerem uma atuação fantástica que não aconteceu – o argentino se perdeu em discussões com o árbitro brasileiro Carlos Bernardes e saiu do jogo.

Nadal_Madri_QF_get2_blog

Em seguida, aí sim, um belo jogo contra Jarkko Nieminen. Um 6/1 e 6/4 cheio de jogadas bonitas dos dois tenistas. Nadal fez um excelente primeiro set, uma segunda parcial muito boa, e saiu de quadra feliz com o nível que apresentou até o décimo game. Admitiu, contudo, que faltava regularidade.

Pois não faltou nesta sexta-feira, diante de Tomas Berdych. Do começo ao fim, Nadal fez seu melhor jogo de 2014 no saibro e frustrou o tcheco com uma série de paralelas de forehand improváveis. O resultado, 6/4 e 6/2, com 24 winners (16 de forehand) contra 11 do agressivo Berdych, coloca o número 1 nas semifinais do Masters de Madri. Mais importante do que isso, dá a Nadal uma pitada a mais da confiança que faltou em Mônaco e Barcelona.

Em uma chave desfalcada de Novak Djokovic, o espanhol será favoritíssimo contra Bautista Agut na próxima rodada e enfrentará na final Kei Nishikori, Feliciano López, David Ferrer ou Ernests Gulbis. Difícil, mesmo com a altitude, imaginar um cenário melhor para que Nadal adquira ritmo, confiança e, claro, os mil pontos que o torneio dá ao campeão. E um Nadal com ritmo, confiante e campeão será dificílimo de parar em Roma e Roland Garros.

Sharapova_Madri_QF_get_blog

Sem ir na toalha (para ler em até 20 ou 25 segundos, dependendo do circuito):

– No WTA de Madri, Serena Williams nem entrou em quadra para a primeira das quartas de final. Alegando uma lesão na coxa esquerda, a número 1 do mundo cedeu o WO a Petra Kvitova. A tcheca enfrentará Simona Halep nas semifinais. A romena avançou ao aplicar 6/2 e 6/2 em cima da sérvia Ana Ivanovic.

– A outra semi terá a russa Maria Sharapova, que venceu Na Li de virada. Foi um jogo instável de ambas, o que costuma acontecer quando duas tenistas agressivas se encontram. A russa errou um bocado no primeiro set, que a chinesa venceu sem disparar um winner sequer. Sharapova, contudo, encontrou uma maneira de se recuperar e triunfar por 2/6, 7/6(5) e 6/3. Na Li, por sua vez, precisa conviver com a memória do backhand nada difícil que teve para salvar o quarto set point e igualar o tie-break do segundo set. Custou caro.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.