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Saque e Voleio

Ainda falta

Alexandre Cossenza

21/04/2014 21h00

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A equipe brasileira da Fed Cup fez força, brigou, tentou, mas não conseguiu um lugar no Grupo Mundial II da competição. No fim das contas, o time suíço, com a promessa Belinda Bencic e a experiente Timea Bacsinszky, foi mais forte e fechou o confronto em Catanduva por 3 a 1. O primeiro dia foi ruim. Teliana Pereira abriu a série perdendo para Bacsinszky por duplo 6/3 e, em seguida, Bencic derrotou Paula Gonçalves pelo mesmo placar. No domingo, Teliana bateu Bencic por 6/3 e 6/4, mas Paula viu Bacsinszky fechar o confronto por 7/5 e 6/2.

Era, sim, um confronto ganhável, mas nem o saibro nem a torcida paulista faziam o Brasil favorito. A esperança, ou melhor, o mais provável dos cenários para uma vitória do time da casa, passava pela possibilidade de Teliana vencer seus dois jogos de simples. A número 1 do país, contudo, foi derrotada logo no começo, na mais ganhável das partidas. Atuou muito mal, tática e tecnicamente bem abaixo do que pode render, e deixou a situação bastante complicada.

Até onde é justo responsabilizá-la pela derrota no confronto? Não sei se é o caso de encontrar um único culpado. A verdade, embora dura, é que o time da capitã Carla Tiene não tem uma número 2 capaz de jogar em um nível de Grupo Mundial II de Fed Cup. Paula, 289 do mundo, soma seus pontinhos no Brasil e na América do Sul, mas não tem resultados relevantes em torneios maiores. Enfrentar Bencic e Bacsinszky, ainda que no saibro e em casa, deixou claro que há muito a evoluir em seu tênis. Logo, Teliana não pode carregar esse peso sozinha.

A número 1 do Brasil, é bom que se ressalte, fez uma ótima apresentação no domingo, derrotando a campeã juvenil de Roland Garros, mas já era tarde. As chances de Paula contra Bacsinszky não eram grandes, e a suíça, mesmo sem brilhar, triunfou. Teliana, Paula, Laura Pigossi e Gabriela Cé voltam para o Zonal das Américas em 2015 e terão de percorrer o mesmo caminho – quem sabe com Bia Haddad no time outra vez.

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Coisas que eu acho que acho:

– Foi bacana ver a equipe suíça comemorando com uns goles de vinho dentro da quadra. É sempre um tapa na cara da teoria hipócrita de que atleta não pode consumir (ou admitir que consome) álcool em momentos de festa. Problema nenhum nisso. Quando Wawrinka, lá em janeiro, disse que provavelmente ficaria bêbado na comemoração do título do Australian Open, quem o julgou? Ninguém. E tem mais: em um mundo onde o bom moço Rafael Nadal pode ser garoto-propaganda de Bacardi e pregar o "beba com responsabilidade", não tem por que atleta, homem ou mulher, se incomodar em ser visto festejando.

– De modo geral, foi um ótimo ano para o tênis brasileiro na Fed Cup. Pela primeira vez desde 2004, o país passou do Zonal e teve a chance de disputar os playoffs de um Grupo Mundial. Além disso, Teliana, a âncora do time, vem se estabelecendo como uma bela tenista de saibro, capaz de derrotar atletas de ranking acima do dela. Se tiver a chance de voltar aos playoffs e jogar em casa, em seu piso preferido, pode muito bem dar um passo a mais e levar o time ao Grupo Mundial II.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.