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Alexandre Cossenza

20/04/2014 14h12

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Não é um ano de velhas tendências para o tênis masculino, e Stanislas Wawrinka ofereceu ao mundo mais uma prova neste domingo, ao conquistar o título do Masters 1.000 de Monte Carlo. Um pouco pelo fato de ser sua primeira conquista em um torneio deste porte, mas mais, muito mais, porque o triunfo por 4/6, 7/6(5) e 6/2 veio em cima do compatriota e algoz habitual Roger Federer.

O resultado significa que Wawrinka não apenas jogou um patronus em outro dementador, mas assumiu a liderança da Corrida da ATP. Traduzindo: Stan, campeão do Australian Open, de Chennai e, agora, de Monte Carlo, é o tenista que mais somou pontos em 2014. São 3.535, contra 3.050 de Novak Djokovic, 2.920 de Roger Federer e 2.780 de Rafael Nadal. Uma temporada que, com lesões aqui e ali, certamente está mais equilibrada do que se imaginava.

A final deste domingo demorou a esquentar. Até porque o início foi, tecnicamente falando, bem abaixo das expectativas. Wawrinka começou atacando demais – e errando demais. Federer, inteligentemente, adotou uma postura mais cautelosa. Também cometeu erros, mas levou vantagem e fez 6/4, mesmo disparando apenas cinco winners e cometendo 12 erros não forçados.

O segundo set começou com uma quebra de Wawrinka, mas três erros não forçados deram a Federer a chance de quebrar de volta. Uma linda passada de backhand na paralela, então, igualou o placar. Parecia aquela velha tendência. Stan joga bem, cria chances e acaba sucumbindo antes do fim. Só que é um ano diferente para Wawrinka. Antes do fim da parcial, o número 3 do mundo encontrou um balanço na sua agressividade. Não parou de atacar, mas correu menos riscos desnecessários. Deu certo. No tie-break, não cometeu nenhum erro não forçado e fez 7/6(5), estendendo a partida.

Quando o terceiro set começou, a confiança de Stan era outra. Sem errar, forçou falhas de Federer, ganhou pontos em ralis do fundo de quadra, em subidas à rede, em belos saques… Abriu 4/0 e transformou os quatro games seguintes em protocolo. Firme até o fim, manteve a dianteira até levantar o troféu.

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Sem ir na toalha (para ler em até 25 segundos):

– A última partida em Monte Carlo foi a primeira final entre suíços desde Marselha/2000, quando Federer encarou Marc Rosset e perdeu. O ex-número 1 do mundo jamais derrotou um compatriota em uma decisão.

– O histórico em confronto diretos agora aponta 13 vitórias de Federer contra apenas duas de Wawrinka. Os outro triunfo de Stan, curiosamente, aconteceu justamente em Monte Carlo, nas oitavas, em 2009. Federer, após quatro finais, jamais foi campeão no Principado. Em 2006, 2007 e 2008 caiu diante de Rafael Nadal.

– Com o título, Wawrinka continua como número 3 do mundo, deixando Federer em quarto. As posições se inverteriam caso o resultado da final fosse outro.

– É o primeiro título de Wawrinka em um Masters 1.000. O atual campeão do Australian Open já havia disputado duas finais em torneios deste porte, mas foi superado por Djokovic em Roma/2008 e por Nadal em Madri/2013.

– Vale a curiosidade: o torneio de Monte Carlo agora é o único Masters 1.000 cujo título não está nas mãos de Rafael Nadal ou Novak Djokovic.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.